Aluno de Itaocara impulsiona negócio próprio com projeto de empreendedorismo implementado na Rede Estadual Fluminense

Aluno de Itaocara impulsiona negócio próprio com projeto de empreendedorismo implementado na Rede Estadual Fluminense

O projeto Trilha Empreendedora – implementado na rede estadual de ensino fluminense e realizado pela ONG JA Rio de Janeiro – tem ajudado milhares de adolescentes e jovens na organização de seu negócio e de suas finanças. É o caso do estudante do 1º ano do Ensino Médio Carlos Eduardo Senra Braga Sanches, de 18 anos, do Colégio Estadual Jaime Queiroz de Souza, em Itaocara, Noroeste Fluminense. A iniciativa, que promove o desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais por meio da metodologia “aprender fazendo”, o ajudou na organização de seu empreendimento e planejamento financeiro.

Ainda muito novo, Carlos começou a empreender. Autônomo, faz consertos mecânicos em motos e máquinas de amigos e vizinhos da região, e os recursos provenientes desse negócio são fundamentais para a composição do orçamento familiar.

Trabalho desde os meus 13 anos. Desde novinho, sempre gostei de mexer, arrumar minhas bicicletas. Assim, ao longo do tempo, meu pai me deu uma moto velhinha, que sempre precisava ser reparada. Fui aprendendo, até que comecei a pegar umas “motinhas” de amigos para consertar e, assim, apareceram mais e mais motos. E o projeto Trilha Empreendedora, da JA Rio de Janeiro, me ajudou a começar a regular tudo o que ganhava, o que eu tinha, pois costumava gastar tudo e não sobrava nada. Agora, faço tudo diferente, organizando minhas finanças”, comemora o estudante.

O caminho empreendedor trilhado por Carlos Eduardo, abrindo seu próprio negócio, pode ser uma alternativa feita em conjunto com o ingresso no Ensino Superior, transição que ajuda na ascensão socioeconômica de inúmeros jovens país afora.

Também é o caso de Carlos Eduardo, que ainda destaca um desejo breve: ingressar no curso de Engenharia, além de ter uma meta: estudar bastante e sempre. “Participar do Trilha Empreendedora vale muito a pena, o aprendizado é enorme. Pretendo fazer faculdade de Engenharia Mecânica e, nos próximos cinco anos, minha trajetória profissional terá uma trilha prioritária: estudar bastante e correr atrás dos meus objetivos”, compartilha o estudante do Colégio Estadual Jaime Queiroz de Souza.

 

Carlos Eduardo Senra Braga Sanches, de 18 anos, aluno do Colégio Estadual Jaime Queiroz de Souza
Carlos Eduardo Senra Braga Sanches, de 18 anos, aluno do Colégio Estadual Jaime Queiroz de Souza

 

Enem pouco atrativo a estudantes da rede pública e distante do mercado de trabalho

Terminar o Ensino Médio é uma conquista muito importante para milhões de jovens brasileiros, mas participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem sido uma questão pouco atrativa para estudantes da rede pública. Dado de 2024 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) corrobora com esse cenário: 53% dos concluintes do Ensino Médio em escolas públicas não prestaram o Enem em 2023.

Atualmente, o conteúdo aprendido no Ensino Superior tem como foco principal o exame. No entanto, para milhões de jovens, há um desafio ainda mais amplo: entrar no mercado de trabalho com ferramentas de conhecimento que impulsionem êxito e permanência.

Assim, qual a perspectiva de carreira de um jovem que não realiza o exame ou não tem ingresso imediato em uma universidade? Como entrar no mercado de trabalho?

Auxílio no combate à evasão escolar e ingresso no mercado de trabalho

O projeto Trilha Empreendedora tem ajudado milhares de estudantes da rede estadual de educação do Rio de Janeiro no combate à evasão escolar e em um ingresso mais consolidado no mercado de trabalho. Os alunos recebem mentoria para elaborar um currículo, fazem simulação de entrevistas de emprego, refletindo sobre o futuro do trabalho e aprendendo sobre economia pessoal e opções de investimento.

E ainda se formam com um diferencial: um certificado de Metodologias Ágeis para Gestão de Projetos, além de noções sobre Negócios Sustentáveis, pois aprenderam sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, economia circular e empreendedorismo sustentável.

A iniciativa apresenta dados potentes de impacto: de 2017 a 2023, já proporcionou mais de 15 mil experiências educacionais a adolescentes e jovens, em 36 municípios fluminenses. Somente em 2023, a iniciativa contou com 122 escolas públicas participantes, mobilizando 334 participações voluntárias oriundas das empresas apoiadoras da iniciativa, realizada em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) e patrocinado por empresas associadas ao Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Para a diretora-executiva da JA Rio de Janeiro, Renata Guimarães, ampliar ainda mais a atuação do projeto é auxiliar com mais solidez jovens e adolescentes no combate à evasão escolar, no ingresso no mercado de trabalho e no empreendedorismo:

Queremos contribuir cada vez mais para o combate à evasão escolar. A Trilha prevê a aplicação de uma sequência de oito dos cerca de 30 programas da Junior Achievement (JA) dentro do currículo do Ensino Médio de escolas da rede pública estadual. Já estamos em quase 40 municípios fluminenses, mas precisamos alcançar mais escolas e jovens, impactando de forma positiva a vida de milhares de pessoas”, diz Renata.

IBGE: “nem-nem” e a falta de preparação para o mercado de trabalho

No fim do ano passado, o IBGE divulgou o amplo levantamento ‘Síntese de Indicadores Sociais 2023: uma análise das condições de vida da população brasileira’ sobre jovens “nem-nem” e, apesar de ser o menor valor absoluto da série histórica iniciada em 2012, reflete uma realidade preocupante. De acordo com o instituto, em 2022, 10,9 milhões de jovens com idade entre 15 e 29 anos, o correspondente a 22,3%, não estudavam, nem trabalhavam.

O estudo revela ainda que, no ano passado, 4,7 milhões de jovens não procuraram trabalho, nem gostariam de trabalhar. Nesse grupo de jovens, dois milhões eram mulheres cuidando de parentes e dos afazeres domésticos. Nos recorte etário e socioeconômico dos jovens entre 15 e 17 anos, a maioria de ambos os sexos está estudando, mas quanto menor o rendimento domiciliar, maior a taxa de jovens que não estudam e não trabalham.

Além de todos esses dados, há um ponto crucial na pesquisa, que é a falta de preparação para o mercado de trabalho:

Os jovens, grupo de pessoas de 15 a 29 anos de idade, de acordo com o Estatuto da Juventude, enfrentam maior dificuldade de ingresso e estabilidade no mercado de trabalho, tendo em vista sua inerente inexperiência laboral, representando o grupo mais vulnerável aos períodos de crise econômica, especialmente entre os menos qualificados. Em compensação, quando as condições no mercado de trabalho estão desfavoráveis, os jovens tendem a permanecer mais tempo no sistema de ensino, adquirindo qualificações que contribuirão para reduzir essa vulnerabilidade no futuro. Isso ocorre quando o investimento público em educação torna atrativa a continuidade dos estudos a ponto de contrabalançar o aumento do desemprego, da inatividade e do desalento”, diz o IBGE.

Programa premiado

Lançada em 2017, a iniciativa acaba de acumular mais uma conquista. O projeto ganhou como uma das melhores ações de voluntariado corporativo entre multiempresas, e ficou em 2º lugar no “Prêmio CMVC: Conexões que Inspiram 2023”.

A premiação foi concedida pelo Comitê Mineiro de Voluntariado Corporativo, por meio da Vibra Energia, uma das empresas associadas do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) que apoiam a iniciativa, realizada pela JA Rio de Janeiro em parceria com a Secretaria Estadual de Educação.

Recentemente, entrou para o Calendário Rio 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), e garantiu também o 1º lugar do Prêmio Aplaude 2022 para a JA Rio de Janeiro, na categoria #Inspira (Voluntariado nas Organizações da Sociedade Civil). A premiação é uma iniciativa do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial, que reconhece a atuação de diferentes instituições que compartilham, colaboram e inspiram um país melhor, produzindo impactos transformadores na sociedade, voltados para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS, das Nações Unidas, dos pressupostos da Agenda ESG, e dos Princípios da ONU para Empresas e Direitos Humanos (UNGP), seja nos âmbitos nacional, regional ou local. A JA Rio de Janeiro contempla, por meio de suas ações e programas, 10 dos 17 objetivos.

Atuação em todo o Estado do Rio

Desde 1999, a JA Rio de Janeiro, membro da JA Brasil e da rede global JA Worldwide, atua em todo o estado do Rio de Janeiro, com a missão de despertar o espírito empreendedor de adolescentes, jovens e pessoas em vulnerabilidade social, por meio de conteúdos, ações, programas e experiências educacionais realizados em parceria com empresas, secretarias de Educação e instituições de ensino do Estado e de municípios.

E conta também com a participação de pessoas doadoras, educadoras e empresas, que unem forças para impulsionar o futuro da educação, preparando pessoas para o sucesso em uma economia global. Nesses quase 25 anos, com o apoio de mais de 17 mil pessoas voluntárias, proporcionou aproximadamente 500 mil experiências educacionais a adolescentes, jovens, estudantes da rede pública de ensino e pessoas em vulnerabilidade.

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