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Uma verdadeira sala de aula em meio a natureza aconteceu nesta quinta-feira (24/10), para alunos do Ensino Médio da rede estadual. Eles percorreram o rio Macacu, em Cachoeiras de Macacu, que fica no limite das regiões Metropolitana e Serrana do Rio, para analisar a qualidade da água dessa que é a principal fonte para mais de 2,5 milhões de habitantes fluminenses.
Um grupo de 12 estudantes do Ciep 479 – Dr. Mário Simão Assaf, que fica em Cachoeiras, visitou três pontos importantes no curso do rio para coletar amostras hídricas e de microrganismos, a fim de notar a diferença na qualidade da água entre os pontos, mensurando assim a ação do homem na natureza. Por meio de bioindicadores como os macroinvertebrados, pequenos animais que vivem nos rios, os jovens pesquisadores começam a entender a degradação ambiental e a importância da preservação.
A aula externa faz parte do Programa de Monitoramento dos Recursos Hídricos, que é uma ferramenta de educação ambiental do projeto Guapiaçu, que desde 2017 já capacitou mais de 240 alunos de mais de 10 escolas da rede estadual para preservação e cuidado com o meio ambiente. O projeto é executado pelo Instituto de Ação Socioambiental, em parceria com a Petrobras.
Na hora de pôr a mão na massa, ou melhor, na água, equipamentos de proteção individuais são usados e o grupo se divide. Alguns alunos ficam responsáveis pela coleta nos rios, outros pelas anotações dos dados e demais pelas análises dos parâmetros, como explica a aluna do 2º ano, Gabriele Ramos (16 anos).
“A gente vê quem vai medir, quem vai coletar e quem vai analisar as espécies. Já temos um catálogo de cada uma delas para cada ponto do rio Macacu e fazemos a qualificação da água de acordo com as espécies que achamos. É uma nova perspectiva da natureza. Meu pai tem muito orgulho quando comento o quanto gosto de analisar o PH da água, o nitrito, o nitrato, a amônia e os bichinhos. O projeto me ajudou a decidir o que quero fazer, que é Direito, para me tornar uma advogada ambiental”, contou a jovem.
Para conseguir interpretar os dados, os alunos passaram por um treinamento de 40 horas e foram habilitados para analisar parâmetros físicos, químicos e biológicos na água. A partir daí eles fazem a leitura da saúde ambiental de cada ponto previamente estabelecido, sempre um distante do outro. Algo que o estudante Guilherme Ferreira (17 anos), também do 2º ano, adora fazer.
“Quando saímos da sala para ter essa prática, nós aprendemos mais sobre a região, como, por exemplo, a análise dos microrganismos. A gente classifica eles dos mais tolerantes à poluição, que habitam águas sujas, aos menos tolerantes, que são encontrados em águas limpas e eu gosto de fazer isso. O projeto Guapiaçu é muito importante porque é por meio da educação que a gente muda o mundo. Eu não esperava ter isso em uma escola pública”, disse o aluno.
O grupo também realiza atividades em sala de aula, mas é fora dela que o aprendizado dá um salto, como explica a professora de Biologia e membro do projeto Guapiaçu, Tatiana Horta.
“A atividade de campo vale por mais de 10 aulas em sala. Aqui, eles têm a chance de vivenciar aquilo que só veriam em fotos e isso é importante porque a educação ambiental vai além do conhecimento, é preciso sensibilizar os alunos e esse programa é uma estratégia muito eficiente nisso. Quando a gente faz o comparativo das amostras, é possível perceber o impacto da ação do homem. Dessa forma, eles começam a ter um papel fundamental na proteção desses recursos”, afirma a docente.
Para o biólogo, Péricles Muniz, coordenador do programa e responsável pela análise dos recursos hídricos no projeto Guapiaçu, a parceria em prol do aprendizado é fundamental.
“Neste ano, estamos atendendo 125 alunos de quatro colégios de Cachoeiras de Macacu, que estão em fase final de treinamento. O objetivo é engajar a sociedade através das ferramentas de educação, parcerias com as escolas e monitoramento ambiental, é indispensável, afinal, o rio Macacu é um dos mais importantes da nossa região. A rede estadual sempre foi nossa parceira no projeto, e agora, também ampliamos as aulas para alunos do Instituto Federal Fluminense de Maricá e de Itaboraí”, disse o biólogo.
O resultado da análise de cada ponto investigado será apresentado em um seminário, em dezembro, pelas mãos dos próprios alunos do projeto. Com essas e outras ações e parcerias, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação, amplia o conhecimento regular dos estudantes, indo além da grade comum e das salas de aulas, preparando futuros profissionais e cidadãos preocupados com o meio ambiente.
Fotos: Sandra Barros