“Amigos para sempre – 3”, por Celso Frauches

Foto de 1993, na reunião anual do Grêmio dos Amigos de Cantagalo, em Niterói. Da esquerda à direita: Casemiro, Celso, Geraldo, uma amiga e Edinho; Atrás: Edmo Lutterbach, Widomar e Bibinho

 

Amigos. Quem são; quais são? (parte 1 e parte 2)

Amigos para sempre – nesta semana volto ao Geraldo (Dr. Geraldo Arruda Figueredo) -, um dos colegas do Ginásio Municipal Euclides da Cunha, que funcionava na rua Nilo Peçanha, a partir de 1948. São 75 anos de amizade, mesmo residindo em localidades diferentes, depois de 1987. Ele sempre em Niterói, eu em Brasília, Marília (SP), Brasília novamente e, agora, Cantagalo, de volta à minha terra natal. No início de 2022, ele visitou Cantagalo. Ficou na casa dele, na Vila Pitta, em frente à casa de Angela, especialmente para termos momentos – ele, Júlio (Dr. Júlio Marcos de Souza Carvalho) e eu – para papos intermináveis. No dia seguinte, retornou ao seu lar, para ficar ao lado da amada esposa, seu amor desde a juventude. Para a eternidade.

O Geraldo é um ser especial. Neste mesmo espaço, já registrei alguns dados do perfil dele. Nós quatro – ele, Joãozinho, Júlio e eu – sempre tivemos uma amizade que não reconhece tempo, espaço ou qualquer obstáculo. Às vezes, sem nos falar por algum período, um alô ao telefone não revelava, nem revela, o tempo sem comunicação verbal; parece que foi ontem. E o papo corria tranquilo. Com o Geraldo me encontrei, quando residia em Brasília, algumas vezes no jantar dos amigos de Cantagalo, que o querido amigo Edinho (Edmo Japor) promovia em Niterói. Outros amigos também estavam nesses eventos. Era uma confraternização sempre esperada. Infelizmente, não pude comparecer a todas, por motivos profissionais.

O Geraldo é tão querido que o Douglas, o amigo desde Porto Marinho, organizou uma biblioteca na casa dele à qual deu o nome de DR. GERALDO ARRUDA FIGUEREDO, com placa, comemoração e tudo. Momentos de felicidade plena. Inesquecível!

Geraldo nasceu em Cantagalo, em 11 de fevereiro de 1935. É filho de Elvira Arruda Figueredo e de Bertholino Cannes de Figueredo. Em nossa cidade viveu a infância e a adolescência até os dezoito anos. O local em que funcionava a “venda de seo Bertolino”, como chamávamos o comércio do pai dele, ainda está quase intacto, na Av. Rodolfo Albino, onde funcionava o Boteco do Gão. Os quitutes de dona Elvira eram bem-vindos (ah, suas balas de coco!). A residência era na mesma rua, porém mais acima, ali nas proximidades onde hoje é o barracão da GRESUC (Escola de Samba Vermelho e Branca). O Joãozinho, o Júlio e eu sempre estávamos por lá durante os estudos no antigo Euclides da Cunha, por onde se diplomou em Técnico de Contabilidade. Casou-se com o seu único amor: Neuza Bastos Figueredo e geraram três filhos: Letícia, Fernando Luiz e Geraldo.

 

Na mesma reunião anual do Grêmio dos Amigos de Cantagalo, em Niterói, da esquerda à direita: Celso, Geraldo, Edinho, Edmo, Widomar e Bibinho (1993)
Na mesma reunião anual do Grêmio dos Amigos de Cantagalo, em Niterói, da esquerda à direita: Celso, Geraldo, Edinho, Edmo, Widomar e Bibinho (1993)

 

No final de 1954, mudou-se para Niterói. Fez o vestibular para o curso de Direito na Universidade Federal Fluminense (UFF) e lá diplomou-se em bacharel em Direito. Durante os seus estudos, trabalhou no Cartório do 19º Ofício de Notas de Niterói, como Escrevente de Justiça, e por sua inegável competência, foi promovido a Substituto do Serventuário Titular.

Obtido o registro na OAB-RJ, foi admitido como advogado auxiliar da Companhia Brasileira de Energia Elétrica – CBEE, em 1961. Nessa empresa, passou a integrar o quadro de advogado “sênior”, ocupando, sucessivamente, as funções de Chefe do Departamento Legal e de Assessor Jurídico da Presidência. Foi um dos principais articuladores e organizadores da Fundação e o primeiro presidente da CERJ de Seguridade Social – BRASILEIROS, entidade de previdência privada complementar dos funcionários da CERJ que substituiu a CBEE.

Em seguida, foi admitido como Advogado da Secretaria de Segurança Pública, onde exerceu cargos de confiança de grande importância, tais como o de Consultor Jurídico e de Presidente da Comissão Permanente de Inquérito Administrativo. Passou a ocupar o cargo de Procurador do Estado, em 1974. Nessa carreira, exerceu os cargos de Procurador-Chefe da Procuradoria de Assuntos Regionais, Procurador-Chefe da Procuradoria Judicial, Assessor do Gabinete do Procurador Geral do Estado, Subprocurador-Geral do Estado e, coroando a sua exitosa carreira, Procurador-Geral do Estado. Por diversas vezes integrou o Conselho da Procuradoria Geral do Estado. Foi Presidente do Conselho, Vice-Presidente e Diretor da Associação dos Procuradores do Estado do Novo Estado do Rio de Janeiro – APERJ. Como advogado militante, é especialista nas áreas cível, comercial e família. Foi, também, advogado da Companhia Auxiliar das Empresas Elétricas Brasileiras – CAEEB, tendo prestado consultoria jurídica em assuntos ligados à concessão de serviços públicos de energia elétrica. É inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e membro integrante do Instituto dos Advogados Brasileiros.

Mas não é só. Ele tem duas naturalidades: cantagalense e niteroiense. Cantagalense pelo nascimento e niteroiense pelo Decreto Legislativo nº 119/2000, “pelos relevantes serviços prestados a nossa Cidade”.

Agora só falta o Júlio, meu amigo e colega de coluna nesta página do JR. Ele não deve gostar, alguns vão me chamar de suck ass, uma palavra de lower slang (desculpem-me pelos chamados “puxa-saco” e “baixo calão” em inglês; fiz isso para não ferir a sensibilidade dos leitores; uma linguagem considerada por alguns dicionaristas como obscena ou grosseira…).

Ao grande amigo Geraldo, o reconhecimento de sua relevância no cenário jurídico fluminense, mas, antes de tudo, por seu inestimável valor de Amigo. Em nossa idade, tem-se a impressão de que as distâncias físicas se ampliam e, entre Cantagalo e Niterói, os quilômetros parecem ter mais de 1000 m… Por isso, embora estejamos mais perto agora, nos encontramos bem pouco. Os poetas Fernando Brant e Milton Nascimento têm razão: Seja o que vier / Venha o que vier / Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar / Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar. Amém!

 

Celso Frauches
Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.

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