Teatro ensina cuidados ambientais a alunos da rede pública em Cantagalo
Henrique Bon, no livro, registra os colonos suíços, da Colônia Nova Friburgo, que migraram para Cantagalo na década de 20 do século 19: Adrien Daumas, Louis Chevrand, Jean Abram Frauche, Louis Wermellinger e Henri Bon. Muitos outros colonos seguiram esse mesmo destino, como os Bapst, Bardy, Boechat, Cortat, Cosandey, Cretton, Curty, Dafflon, Folly, Gachet, Graff, Gremaud, Herdy, Jaccoud, Jeveaux, Lambert, Leimgruber, Lugon, Lugon-Moulim, Luterbach, Meyer, Monnerat, Müller, Musy, Robadey, Schuler, Stutz, Tardin, Thürler, Volluz, entre outros.
Esses imigrantes suíços abandonaram uma Suíça decadente por um Mundo Novo ‒ a América ‒ em busca de novas oportunidades de emprego e renda. Muitos se transformaram em empreendedores, nas terras de Cantagalo, em especial, São Sebastião do Paraíba, banhado pelo então caudaloso Rio Paraíba do Sul, Euclidelândia (Rio Negro) e Santa Rita da Floresta. Alguns permaneceram no povoado, fruto do desbravador Manoel Henriques, o Mão de Luva.
Os desbravadores suíços iniciaram suas atividades agropecuárias na área que hoje compreende o Município de Cantagalo. Inicialmente, a cultura do café, do arroz, às margens do Paraíba do Sul, e outras culturas voltadas para a alimentação doméstica e/ou comércio nascente. A pecuária veio mais tarde, com a queda do café, à época conhecido como “ouro negro”. Muito antes do petróleo.
Os suíços foram, ao lado dos portugueses, inicialmente, e depois dos sírios e libaneses, os reais construtores da civilização cantagalense. Nessa empreitada, aos escravos ‒ africanos e nativos ‒ coube a tarefa da captação do ouro de aluvião e, mais tarde, das culturas agropecuárias. São os anônimos do nosso crescimento.
O imigrante Joseph Hecht visitou toda a região de Cantagalo, antes de regressar à Suíça. Assinala em seu livro a importância geográfica e econômica de nossa região e os seus contrastes: “Cantagalo, de onde todo o território dos suíços tomou o nome, é uma cidade que tem importância por ser a sede do governo. […] Viajar na região de Cantagalo é ora triste, ora agradável. Às vezes encontram-se florestas densas, cobertas não de pinheiros, mas de árvores frondosas, formando muitos e variados bosques de belas árvores e arbustos, cheios de trilhas erradas, nas quais o caminhante bisonho pode facilmente se perder. Mais adiante, topava-se com magníficos cafezais e arrozais. […] Todas as plantações de café, cana de açúcar e arroz são feitas com o trabalho dos negros escravos; ainda que um branco ajude, mas isso acontece muito raramente.” (grifei).
O colono Jérôme Lugon, de Valais , fixa-se em Cantagalo, em 1822, “onde pode alimentar a família e dedicar-se ao comércio”. Cultiva milho e feijão, possui duas vacas, galinhas, porcos e um cavalo. Em seguida, Lugon está cultivando, com a ajuda de escravos, 6 mil pés de café. (grifei).
Em 1819, o Brasil contava com 3.596.132 habitantes, dos quais, 1.107.389 era negros escravos, além de 800 mil indígenas. A província do Rio de Janeiro contava com 510 mil habitantes, dos quais 23% eram escravos
Os imigrantes suíços e seus descendentes participaram significativamente para que Cantagalo fosse – como ainda é – um dos municípios mais importantes da região centro-norte fluminense. Essa contribuição deve ser celebrada condignamente, especialmente, no aniversário da criação da cidade de Cantagalo, onde Manoel Henriques, o Mão de Luva, fundou um pequeno povoado, ao lado de seus irmãos e de escravos.
A emigração de suíços para o Novo Mundo, ao longo do século 19, resultou, com o passar do tempo, em significativas contribuições ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Agricultores, artesãos, professores, eclesiásticos, empresários, médicos, cientistas e artistas chegaram ao nosso país em épocas diversas para reconstruir suas vidas nesta América de esperanças.
Celso Frauches é professor, escritor, pesquisador, ex-secretário Municipal de Cantagalo e consultor Especialista em Legislação
Fontes:
- HECHT, Joseph. A imigração suíça no Brasil 1819-1823 – descrita por um participante. Tradução de Armindo L. Müller. Nova Friburgo, RJ: Independente, 2009, p. 226.
- NICOULIN, Martin. A gênese de Nova Friburgo – Emigração e colonização suíça no Brasil – 1817-1827. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1995, p. 226.
3 Comentários
Boa tarde!
Onde posso comprar um exemplar do livro Imigrantes?
Encontrei estas informações e fiquei muito contente. Gostaria de saber se o Dr. Henrique Bon ainda vive em Cantagalo e qual é o seu endereço. Muito obrigado.
Olá! Não temos essa informação infelizmente.