Obras avançam em Cordeiro e Sistema Pare e Siga continua na RJ 116
O evangelho de Lucas, escrito em um grego clássico, se reveste de extraordinária beleza, procurando demonstrar o amor e a misericórdia de Deus, sendo escrito, principalmente, para os gentios.
O capítulo 2, versículos de 1 a 20, relata o nascimento de Jesus nas condições em que ocorreu. Sendo Deus, a energia criadora do universo, a causa primeira de todas as coisas, deveria se manifestar de modo diferente, milagroso, maravilhoso e extraordinário. Todavia, se manifestou do modo mais simples possível, encarnando-se no útero de uma mulher do povo, virgem, residente na pequena cidade de Nazaré, distante de Jerusalém, capital religiosa e administrativa da Palestina.
Cabe neste ponto o primeiro questionamento. Por que a escolha de Maria, quando o povo judeu esperava um messias guerreiro, que viria libertar a Palestina do domínio romano? O Messias deveria nascer de uma mulher da elite judaica.
Narra Lucas que César Augusto, imperador romano, publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra, isto é, de todo o império criado por Roma.
Todos teriam que se registrar em sua cidade natal. Sendo José descendente de Davi, teria que se apresentar na cidade de Belém, na Judéia, terra de Davi.
Maria, esposa de José, estava grávida e depois de penosa viagem, chegando à pequena Belém, que se encontrava com as habitações completamente ocupadas, teve que se abrigar em uma gruta que servia de estábulo.
Completadas as quarenta semanas da gravidez, Maria entra em trabalho de parto e dá à luz o seu filho primogênito, Jesus, o Messias.
Outro questionamento. Por que o Messias nasceria em uma gruta destinada a animais? Deveria ter nascido em um palácio!
Os primeiros a receberem a notícia do nascimento de Jesus foram os pastores, que permaneciam nos campos vigiando os seus rebanhos durante a noite.
Mais um questionamento. Por que os pastores? Eram pessoas mal vistas pela sociedade da época, homens que viviam afastados das cidades, junto aos animais, com pouca higiene, eram mal cheirosos, alguns eram considerados ladrões.
Desde o momento do nascimento, Jesus ministrava a primeira aula aos seus seguidores: a opção preferencial pelos pobres e humildes.
Vinte séculos depois, os exemplos e ensinamentos de Cristo durante suas pregações na Palestina ainda não foram colocados em prática, ou, quando o foram, deu-se parcialmente.
O exame das condições socioeconômicas mundiais demonstra que grande parte da humanidade vive na linha de pobreza, em carência de moradias dignas, sem assistência médico-odontológica, sem infraestrutura sanitária e sem escolas. Um terço da população mundial encontra-se em estado de fome qualitativa e quantitativa, principalmente na África e América Latina.
Nesse ano, em virtude da pandemia, o Natal será diferente, não devendo ocorrer a confraternização das famílias e dos amigos, com os templos com frequência limitada, sem os abraços e beijos dos entes queridos, mas será, também, o tempo de reflexões profundas sobre as lições recebidas nesses dez meses de recolhimento impostos por essa estranha e misteriosa virose que ceifou mais de 180.000 vidas de brasileiros, inicialmente distantes e, hoje, de amigos e vizinhos queridos.
Que todo o sofrimento de quase um ano venha construir um mundo melhor, menos egoísta e mais solidário. Que as vacinas, sem cores nacionais e políticas, comecem a ser usadas em benefício de todos os habitantes do Brasil, pois a ciência não tem pátria, é universal.
Que na noite de Natal, cada um, dentro de suas convicções religiosas, agradeça por estar vivo e peça que, no ano de 2021, a vida volte à normalidade. Amém!
Júlio Carvalho