Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Depois de um julgamento sumário, com menos de doze horas, o Homem foi condenado a morte. Antes, o magistrado determinou que ele fosse flagelado, terrível castigo em que o cidadão era amarrado, de pé, de frente para uma coluna e chicoteado por dois soldados, um batendo da cintura para baixo e outro da cintura para cima. Todavia não era um chicote comum, o cabo de madeira era curto, de onde saiam duas tiras de couro que terminavam em um objeto metálico cortante.
A lei determinava cinquenta chicotadas, as feridas corto-contusas produzidas na superfície corporal determinavam a perda de sangue. O cidadão, após o castigo, perdia cerca de 1.500 ml de sangue, saindo do local profundamente debilitado e desidratado, uma posta de sangue, um bagaço humano, irreconhecível (Is. 52,14).
Sobre a cabeça do Homem colocaram uma coroa confeccionada com um vegetal possuidor de espinhos com 2 a 3 cm de comprimento, e a coroa fora fixada à cabeça com pancadas de uma cana. Mais dor e mais sangue perdido.
O local da execução era elevado, situado em uma colina, o condenado era obrigado a carregar sobre os ombros parte da cruz, que pesada cerca de 50 Kg. Estafado, sem forças, caiu três vezes, sendo um lavrador obrigado pelos executores da pena de morte, a carregar o madeiro em substituição ao condenado.
No sítio da execução, o condenado foi despido de suas roupas e fixado em uma cruz, sendo as mãos e os e os pés transfixados por pregos próprios (Sl 22,16). Quantas dores sentiu nesses momentos terríveis. Você certamente já espetou uma agulha ou algum espinho em sua mão ou pé. Sentiu bastante dor? Multiplique essa dor por milhões de vezes!
A morte em cruz era a mais humilhante, reservada aos piores crimes: homicídios, deserção, traição ao imperador romano. Ele fora acusado de ser rei! O condenado morria aos poucos, alguns levavam até três dias para morrer. Abandonados ao sol e ao frio da noite, sem água e sem alimentos, sendo o corpo muitas vezes picado por animais de rapina com a vítima ainda viva.
Onde estavam seus companheiros e aqueles que cinco dias antes o aplaudiram ao entrar na cidade? Fugiram com medo e o abandonaram nas mãos dos inimigos. É muito fácil ter amigos na vitória, difícil é na derrota! Dos companheiros, só o mais jovem permaneceu fiel e firme até o final, tudo assistindo junto à mãe do condenado e algumas mulheres. Logo as mulheres, que naquele tempo não tinham nenhum direito, mas muita coragem e dignidade, como até hoje.
No caso desse condenado, ele teve mais sorte, pois morreu cerca de seis horas após ser crucificado. No dizer do médico, psiquiatra e escritor Dr. Augusto Cury, “o Pai ficou tão penalizado e horrorizado com o sofrimento do Filho, que antecipou sua morte, provavelmente com um infarto agudo do miocárdio fulminante”.
O corpo retirado da cruz, depois da autorização do representante de Roma, foi enrolado em panos de linho e colocado em um sepulcro cavado na rocha, que nunca tinha sido usado e propriedade de um dos membros da corte máxima que o havia condenado à morte. Quanto mistério!
No terceiro dia, tudo medo e escuridão, algumas mulheres saem em direção ao túmulo, com a finalidade de limpar e preparar o corpo, sepultado às pressas sujo de sangue e de suor. Iam pensando: quem removerá a pesada pedra que fecha a boca do túmulo?
Lá chegando, grande surpresa, a pedra removida e o túmulo vazio com os panos dobrados sobre a pedra tumular. Pensam que o corpo fora roubado e passam a chorar. Uma das mulheres era Maria Madalena.
“Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestido de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles lhe perguntaram: ‘Mulher por que choras?’. Ela respondeu: ‘Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram’. Ditas essas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. Perguntou-lhe Jesus: ‘Mulher por que choras? Quem procuras?’. Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: ‘Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar’. Disse-lhe Jesus: ‘Maria!’. Voltando-se ela, exclamou em hebraico: ‘Rabôni!’ (que quer dizer mestre). Disse-lhe Jesus: ‘Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus’” (Jo 20, 11-17).
Maria Madalena parte correndo para avisar aos companheiros de Jesus, que se encontravam trancados em casa com medo dos judeus.
Dois saem correndo para verificar o ocorrido, o mais velho e o mais novo do grupo. Este chega primeiro, mas não entra, pois a hierarquia deve sempre prevalecer para que haja ordem. O mais velho chegando, entra e constata o comunicado por Madalena.
“Ressuscitado, Cristo apareceu a Pedro, e, depois, aos doze. Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos.” (1 Co 15,5-7).
O corpo de Jesus ressuscitado não era somente espiritual, pois em várias aparições pedia alimento material (pão e peixes). Era o corpo glorioso de Jesus, que venceu a morte no terceiro dia. Até hoje, Cristo vive e viverá em cada desempregado, em cada pobre, em cada sofredor, em cada doente, em todos aqueles que necessitam de auxílio humano e nos atendem aos necessitados (Mt 25,34-40).
Jesus foi acusado de ser rei, dizia que seu reino não era desse mundo. Todavia, hoje, os seus seguidores no mundo inteiro ultrapassam 1.200.000.000, graças a beleza e sabedoria dos seus ensinamentos. Que seu reino continue se expandindo em benefício da humanidade!
Júlio Marcos Carvalho é médico e já foi vereador do município de Cantagalo.