Biografia de Euclides da Cunha traz novos detalhes sobre sua vida, com aventuras e tragédias

Luís Cláudio Villafañe G. Santos é o autor da obra “Euclides da Cunha – Uma biografia”.

O historiador e diplomata Luís Cláudio Villafañe G. Santos, lançou recentemente uma obra que traz novos detalhes sobre a vida do ilustre escritor Euclides da Cunha. Intitulado, “Euclides da Cunha – Uma biografia”, o novo livro traz novas interpretações para acontecimentos conhecidos e alguns inexploráveis sobre a vida do escritor. A obra destaca contradições presentes em seus discursos e fatos vivenciados em uma história que passeia entre aventuras e tragédias. A intenção com o livro é trazer à tona a humanidade do escritor.

A história de Euclides

Casa Euclides da Cunha
Casa Euclides da Cunha

Autor do livro “Os Sertões”, que evidenciou detalhes sobre a Guerra de Canudos, Euclides da Cunha nasceu em 1866, em Cantagalo, na região serrana do Rio de Janeiro. Militar, engenheiro, jornalista, cientista e grande literato, ele viveu apenas 43 anos. A sua obra mais famosa foi resultado de uma cobertura histórica entre os conflitos do exército brasileiro e o bando comandado por Antônio Conselheiro, na Bahia, Nordeste do país. O livro “Os sertões” foi publicado em 1902 e reúne mais de 600 páginas sobre sociologia, geografia e história de uma das guerras que marcou o Brasil.

Além de uma vida profissional repleta de aventuras, a vida pessoal de Euclides também foi intensa e marcada por tragédias. O escritor foi morto em 15 de agosto de 1909 em um duelo com o cadete Dilermando de Assis, marcado na história como amante de sua esposa Ana Emília Ribeiro. A morte de Euclides trouxe revolta a toda a sua família e 4 anos após a tragédia, Euclides da Cunha Filho tentou vingar a morte do pai e também acabou morto. Na época, Dilermando foi absolvido nos dois casos por legítima defesa, mas tais acontecimentos ainda perduram na história do escritor e em ambas as famílias envolvidas.

Viagem à Amazônia

Capa do Livro Euclides da Cunha Uma biografia, lançado em junho deste ano pela editora Todavia
Capa do Livro Euclides da Cunha Uma biografia, lançado em junho deste ano pela editora Todavia

Embora a vida de Euclides da Cunha também caminhe entre críticas e tragédias, a sua obra permanece atual e importante para a história do país. O autor Villafañe, ao escrever a biografia de Euclides fez questão de destacar outros acontecimentos que acabaram sendo minimizados devido ao grande sucesso da obra “Os sertões”.

Um fato marcante presente no livro foi o trabalho do escritor cantagalense no Itamaraty e de uma expedição comandada por ele na região do Alto Purus, no coração da Amazônia. A sua missão era definir a demarcação da fronteira entre Brasil e Peru e, na época, gerou inimizades na região. O livro destaca que Euclides enfrentou o ódio de indígenas, seringueiros, ataques de insetos e animais selvagens e teve sua saúde muito afetada por isso. Por fim, Villafañe salienta também que Euclides tinha o desejo de escrever sobre sua aventura na grande Amazônia, porém, não viveu para realizar o sonho.

Em entrevista à Revista Pensar, o autor destacou ainda que a vivência de Euclides pelo Norte do país não foi detalhada como merecia nas produções literárias:

Do ponto de vista biográfico, causa espanto o desconhecimento quase absoluto sobre o pouco mais de um ano que Euclides passou na Amazônia, em contraste com a grande atenção dada aos menos de três meses passados na Bahia e ao par de semanas em que esteve na frente de batalha durante a quarta expedição a Belo Monte [Canudos]. Do mesmo modo, os anos em que desempenhou diversas atividades no Itamaraty são eclipsados pela narrativa dos fatos e circunstâncias de sua morte”, destacou Villafañe.

Equívocos iniciais de Euclides sobre a Guerra de Canudos

Sem diminuir o valor da importância da obra de “Os Sertões”, o autor Luís Cláudio Villafañe também aponta em sua biografia a interpretação equivocada de Euclides sobre o verdadeiro motivo que iniciou a Guerra de Canudos. Em seu livro, o historiador destaca que o escritor cantagalense foi movido pelo movimento coletivo da época que acreditava que a batalha regional de Canudos seria apenas uma tentativa de restaurar a monarquia do país. Para o autor, as coberturas e textos iniciais de Euclides sobre a guerra, ainda estavam mergulhadas em enganos sobre o contexto do massacre no Nordeste.

A Guerra de Canudos
A Guerra de Canudos

Porém, Villafañe reconhece também que o escritor, na época jornalista do Jornal O Estado de S. Paulo, abriu os olhos para a real situação do fato, após ser levado diretamente até ele. O historiador ressalta em seu livro que foi ao cobrir diretamente a Guerra de Canudos que Euclides percebeu, de verdade, que a tragédia se tratava de um maiores massacres injustificados da história do Brasil e não possuía nenhum caráter monarquista. Era uma revolta contra a cobrança de impostos e a grande desigualdade social da época.

Por que ler sobre Euclides e conhecer sua história

Por fim, após levantar inúmeros fatos e acontecimentos antes inexploráveis da vida de Euclides da Cunha, o autor de sua biografia ressalta porque é tão importante conhecer mais sobre a vida do escritor. Para o historiador, a vida do ilustre jornalista além de ter um enredo de quedas e ápices também é um passaporte para conhecer mais sobre a história do país:

Euclides é um personagem extremamente rico e, como todos nós, muitas vezes contraditório. Foi autor de uma obra literária e jornalística excepcional e viveu uma vida interessantíssima, com grandes acertos e vitórias e também erros e quedas. Ler sobre ele e sua vida, ademais, é abrir uma grande janela para o Brasil do fim do século 19 e o início do seguinte”, destacou Villafañe em entrevista à Revista Pensar.

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