Conselho de Secretários Municipais do Meio Ambiente realiza encontro em São Fidélis
No último dia 19 de março a Loja Maçônica Confraternidade Beneficente de Cantagalo completou 160 anos de existência e seus membros resolveram, de modo muito correto, comemorar o acontecimento com duas solenidades.
A primeira parte constou de uma Sessão Magna no Templo da Loja Maçônica Confraternidade Beneficente de Cantagalo, às 18.00 horas, presidida pela Venerável local, Sr. Luiz Carlos Moraes André; sendo o espaço insuficiente para abrigar os 133 mações presentes, procedentes de 32 lojas diferentes do estado do Rio de Janeiro e alguns do vizinho estado de Minas Gerais. O número foi tão grande que as cadeiras fixas do Templo tiveram que ser substituídas por cadeiras móveis. Esta parte das solenidades foi reservada apenas aos membros maçônicos. Todos de ternos e gravatas pretas e camisas brancas
Entre os presentes o Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil no estado do Rio de Janeiro, Sr. André Luiz Rosa dos Santos, figura simpática e educada, e veneráveis de algumas dezenas de lojas.
A segunda etapa das solenidades ocorreu no Espaço Colonial, com todos os mações e suas esposas, algumas viúvas de antigos membros da loja cantagalense e autoridades convidadas. Nessa altura a maior parte já havia desprezado o paletó em virtude do calor.
Pude observar muita alegria e confraternização entre a irmandade maçônica; as mesas estavam enfeitadas discretamente, havendo em cada uma a simbologia maçônica, representada por um compasso e um esquadro apoiados sobre um triângulo, além de um G.
No local encontrei velhos e queridos amigos como José Neife Lins, Nilson Leão, Esdras Gil, Pedro Medeiros e outros; através deles conheci pessoas de Barra Mansa, Miracema, São Fidelis e diversas cidades fluminenses. Resumindo, fui muito bem acolhido por todos, embora não seja maçom, o mesmo acontecendo com a Prefeita Emanuela Teixeira da Silva e seu esposo.
No passado alguns primos de meu saudoso pai foram membros ativos da Confraternidade Beneficente de Cantagalo, como os irmãos Manoel e Américo Marques da Silva. Mais recentemente dois primos, Mario Marques Machado e José Américo Marques da Silva, este por um período superior a 50 anos.
Na instituição tive grandes amigos como o colega Dr. Nilo Teixeira Rodrigues, que sempre exerceu a medicina sem pensar em retribuições financeiras; não posso deixar de citar, também, Ediu da Silva Pinto, Carlos Palma (Carlinhos), Carlos Teixeira Camacho (Dinda), Wilson Assis, “Dengoso”, José Falcão (Zezito) figura extraordinária, sempre pronto a servir ao próximo; e tantos outros que deixo de citar por ser traído pela memória.
Não sendo maçom não conheço a evolução da Confraternidade Beneficente de Cantagalo nesses 160 anos de existência, sabendo apenas que se situa entre as primeiras 30 lojas maçônicas criadas no Brasil, surgindo no momento em que Cantagalo atingia o ápice da sua grandeza histórica no Brasil Imperial. Nessa época, nossa cidade chegou a ter uma segunda instituição maçônica, a Ceres.
Sei também que em 1875, estas duas instituições maçônicas, levadas por ideias altruísticas, no momento em que alguns fazendeiros desumanos abandonavam seus escravos idosos ou doentes na periferia de Cantagalo, onde passavam a viver de esmolas e da caridade pública, resolveram criar uma Casa de Caridade de Cantagalo, para acolhimento desses infelizes, que ali recebiam abrigo, alimentação e assistência médica, através do Dr. Mafra, considerado médico dos pobres, pois, segundo a tradição oral, gostava de permanecer sentado nos bancos do nosso belo jardim lendo seus livros. Quando alguém desprovido de recursos financeiros se aproximava narrando suas queixas patológicas, ali mesmo era examinado e recebia uma receita dos medicamentos necessários. Em retribuição por seus trabalhos em nosso jardim existe um busto que o povo erigiu em sua homenagem.
Com o passar do tempo, a Casa de Caridade de Cantagalo evoluiu, passando a ser o atual Hospital de Cantagalo, com cerca de 100 leitos e um CTI (terceirizado). Mantem convênio com prefeituras de alguns municípios vizinhos, além de atender nossa população. Um dia será hospital regional, como tantas vezes preconizava meu querido pai Dr. Carvalho.
A Casa de Caridade de Cantagalo viveu durante muitos anos com grande dificuldade financeira; houve períodos em que não havia dinheiro nem para comprar alimentos, alguns comerciantes vendiam fiado esperando que chegasse o momento de receber verbas estaduais ou municipais para que as dívidas fossem pagas sem juros. Assim me contava o Sr. Diavolasse de Oliveira Reis (Sr. Zinho Barbeiro), verdadeiro baluarte, que durante mais de trinta anos foi o Provedor da Casa de Caridade de Cantagalo.
Por mais de quarenta anos meu pai foi médico da instituição, num período em que só eram internados no hospital pessoas carentes, que não podiam pagar o tratamento hospitalar. Várias vezes o hospital recebia doações de sacos de cereais enviados por alguns proprietários rurais. Assim ia vivendo. Nessa época prestavam serviços, também, o Dr. Gaspar de Lima Rocha e o farmacêutico Euclydes Sant’Anna, além de outros beneméritos.
Mantenho pelo Hospital de Cantagalo enormes amor, respeito e admiração pelo seu trabalho de assistência médica à população a quase um século e meio. Nela meu pai trabalhou de 1924 a 1968 (44 anos); nele eu comecei operar em 1965 e hoje faço parte do Conselho Deliberativo; Marco Antônio, meu filho, nele presta assistência a seus pacientes desde 1900, portanto há 25 anos. Sem falar em minha neta Louise, diplomada em junho de 2024, que auxiliou seu pai em alguns atos cirúrgico. Somados formam mais de um século de atividade médica na mesma instituição. Record que dificilmente será superado. Daí meu amor pelo Hospital de Cantagalo, onde nasceram dois de m meus filhos e faleceram alguns ancestrais.
Os mações se consideram operários, pedreiros, associando a origem da Maçonaria à construção do Templo de Salomão, em Jerusalém; é uma linda história que cabe a outros contar. Em Cantagalo, a Maçonaria foi criada no dia 19 de março de 1865, data que na Igreja Católica Apostólica Romana é dedicada a São José, protetor de todos os operários. Terá sido coincidência ou ação de Deus, o Grande Arquiteto do Universo? Só Ele poderá algum dia nos explicar. É mais um mistério de nossa existência!
Júlio Carvalho