Deputado friburguense chama Sérgio Moro de “juiz ladrão”

Pela segunda vez em menos de 30 dias, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, esteve no Congresso Nacional para explicar o conteúdo das mensagens entre ele e membros da força-tarefa da operação Lava Jato, vazadas pelo site The Intercept Brasil.

A sessão, desta vez na Câmara dos Deputados, foi um pouco mais conturbada que a realizada no Senado. Moro foi duramente criticado por parlamentares do PT, PSOL e REDE. Outros partidos de oposição, como o PSB, evitaram um confronto direto com o ex-juiz federal.

O clima na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde Moro foi ouvido, esteve quente desde os primeiros momentos. O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), irritado com a agitação dos parlamentares, comparou o colegiado à ‘Escolinha do Prof. Raimundo’, referindo-se ao programa de televisão criado pelo humorista Chico Anysio.

Um segundo tumulto ocorreu quando Paulo Pimenta (PT-RS), pediu para que Moro assinasse uma declaração abrindo mão do sigilo dos seus dados bancários e de seu celular. O petista foi interrompido por Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente da República chamou Paulo Pimenta pelo codinome ‘Montanha’, suposto apelido do deputado nas planilhas da empreiteira Odebrecht.

Mesmo se mantendo de fora da polêmica entre os parlamentares, Moro respondeu ao questionamento de Pimenta. O pedido do petista para que o ex-juiz abrisse mão de seu sigilo foi, inclusive, repetido por outros parlamentares. “Quanto à declaração, desculpe. É puro teatro. Nós já falamos aqui: o celular foi apresentado, foi entregue à Polícia Federal. Essas mensagens não existem mais na nuvem, elas desaparecem em seis meses. Então, esse teatro não faz sentido”, criticou Moro.

Entre as diversas perguntas, respondeu o porquê de ter aceitado fazer parte do governo Bolsonaro: “A minha compreensão foi que assumindo uma posição forte dentro do poder Executivo, eu estaria em melhores condições de barrar qualquer espécie de tentativa de retrocesso. E mais, eu não quero barrar o retrocesso, eu quero avançar. E nós temos avançado. Não só contra a corrupção, mas contra o crime organizado e o crime violento”, afirmou.

A sessão foi palco de situações inusitadas: o deputado Boca Aberta (PROS-PR), apoiador do ministro, levou um troféu para o ex-juiz, que prontamente entregou a homenagem para um assessor, visivelmente constrangido.

O encerramento da sessão, porém, foi marcada pela declaração acalorada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que classificou Moro como “juiz ladrão”, acusando-o de ganhar “uma recompensa para fazer com que a democracia brasileira fosse atingida”. A postura do parlamentar causou revolta em apoiadores do ministro, provocando o fim da audiência

 

Glauber Braga, Sérgio Moro, "Juiz Ladrão", Lava-Jato
(Foto: Reprodução da Internet)

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