Segundo dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), cerca de 75% das riquezas produzidas no Brasil são transportadas por caminhões, através do modal rodoviário. O transporte rodoviário é o principal meio de distribuição de cargas no Brasil, e é um motor da economia, representando entre 6% e 7% do PIB do país.
José Expedito Neves Carvalho Pinto, conhecido como Ditinho, tem 41 anos, é caminhoneiro autônomo, pai e morador de Cantagalo.
Atualmente, os principais contratantes do serviço de caminhoneiros da nossa região são as fábricas cimenteiras, e ele é um, dos muitos, que trabalham levando nossa riqueza por todo Brasil.
Em entrevista concedida ao estagiário Hian Torres, Ditinho bateu um papo rápido e leve, onde ele contou um pouco da realidade dos profissionais que são um dos alicerces da nossa economia e conectam todo o Brasil.
JORNAL DA REGIÃO – Ditinho, para começar: como começou essa história de ser caminhoneiro?
José Expedito Neves Carvalho Pinto, Ditinho: Comecei desde novo, com 15 anos comecei a aprender a dirigir caminhão. Sempre tive vontade de trabalhar com caminhão, meu pai trabalhou muitos anos em cima de caminhão, meu irmão também começou a trabalhar com caminhão novo… Aí eu ficava encegueirado, né? Coisa de moleque, doido para dar as férias e poder viajar com meu pai e com meu irmão… Tinha meu primo que também era caminhoneiro. Então, com meus 15 anos, eu já ajudava a carregar para Alvorada, Votorantim… Estou aí até hoje.
JORNAL DA REGIÃO – Há quanto tempo você trabalha como caminhoneiro? Como iniciou de fato nesta carreira?
Ditinho: Trabalho como caminhoneiro há 21 anos. Comecei com meu pai e meu irmão, mas a minha primeira viagem num caminhão, sozinho de fato, foi logo assim que peguei minha habilitação. Fui para Salvador sozinho! Eu devia ter uns 20 anos… nem dormia. – contou ele se divertindo ao lembrar do passado.
JORNAL DA REGIÃO – Ditinho, sabemos que as fábricas são o motivo de tantos caminhoneiros em nosso município. Como trabalha um caminhoneiro que presta serviço para lá?
Ditinho: Sou caminhoneiro autônomo, transporto *FOB, acerto com o cliente, dono da loja. Mas têm as transportadoras que agregam a gente para transportar o cimento da fábrica. Hoje em dia não tem mais igual era antigamente, de você carregar o cimento direto para as fábricas. Atualmente, a fábrica contrata uma transportadora e a transportadora que tem que tirar a carga. Você chega aqui (na fábrica) e tem um contato (de alguém que contrata caminhoneiros para a transportadora) e carrega direto pelas transportadoras. Eu, no caso, trabalho *FOB: saiu a carga, eles me ligam, eu vou lá e carrego.
* Frete FOB é um tipo de frete no qual o comprador é responsável por todos os custos e riscos do transporte de uma mercadoria, a partir do momento em que ela é colocada no meio de transporte. A sigla FOB significa “free on board”, que em português significa “livre a bordo”.
JORNAL DA REGIÃO – Para finalizar, me conta um pouco da realidade dos caminhoneiros da nossa região, o que você acha que precisa melhorar e o que tem a dizer sobre a profissão atualmente.
Ditinho: Rapaz, é tanta coisa que tem que melhorar… Hoje em dia, nossa profissão não tem muito valor, não é muito reconhecida. Assim, é para quem gosta, né? Estou em cima porque gosto, paixão desde criança mesmo, não tem como sair. Você sai, mas sente falta. Tem um monte de gente que sai, mas quando você vê, já está de volta… Não tem jeito! Os outros falam que é uma cachaça.