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Escrevo, hoje, para aqueles que acreditam em acontecimentos transcendentais. No intervalo de quatro dias, encontramos no calendário litúrgico da Igreja Católica dois acontecimentos relacionados a Maria Santíssima, a mãe de Jesus e genitora da humanidade.
No dia 8 de dezembro é celebrado a Dogma da Imaculada Conceição, proclamado pelo Papa Pio IX, em 1854. Não foi uma ideia nascida subitamente na cabeça do Papa.
Desde o início do cristianismo, no oriente médio, já se comemorava a pureza da Mãe de Jesus; considerava-se que Maria era um ser humano totalmente puro, isento de qualquer falta, de qualquer pecado, até do pecado original. Resumindo, Maria era imaculada, pura, desde o momento em que fora fecundada por seus pais. Assim era o pensamento dos primeiros padres da Igreja Oriental: São Justino, que viveu do ano 100 ao 165 d.C., Santo Irineu, Santo Efrem, Santo Ambrósio, Santo Agostinho e outros, já declaravam que Maria era pura, inocente, perfeita e íntegra. Já no século II da era cristã.
Da igreja oriental a festa de Maria Santíssima migrou à Europa; na Irlanda, Espanha, França e Roma, em, 1476, portanto o culto a Maria Santíssima já existia desde o princípio do cristianismo, sendo que o Papa Pio IX, proclamando o Dogma da Imaculada Conceição, somente consolidou o que era comemorado pelo catolicismo desde o seu princípio.
Em 1858, no dia 11 de fevereiro, em Lourdes, na França, uma jovem camponesa, sem instrução, analfabeta, Bernadete de Soubirous, na gruta de Massabielle, viu uma jovem mulher que se identificou como a Imaculada Conceição; apenas quatro anos depois do Dogma da Imaculada Conceição, numa época em que os meios de comunicação eram bastante precários. Todavia, esse acontecimento não é para ser focalizado hoje.
No dia 14 de maio de 1962, D. Clemente Isnard, primeiro bispo da Diocese de Nova Friburgo, consagrou a Paróquia do Santíssimo Sacramento de Cantagalo à Imaculada Conceição. Guardo até hoje, 61 anos depois, um cartão comemorativo de tão importante acontecimento religioso. Na frente, vê-se a imagem de Na. Senhora da Conceição, com os dizeres: “Je suis l’Immaculle Conception”. No verso, os dizeres da consagração, com as assinaturas de D. Clemente José Carlos Isnard e do Cônego Crescêncio Lanciotti. Uma preciosidade!
Calcula-se que no Brasil existem 533 paróquias dedicadas a Na. Sa. da Conceição, herança religiosa dos portugueses. Quando o governador-geral Tomé de Souza chegou ao nosso país, trouxe uma imagem da Imaculada Conceição para a cidade de Salvador, passando a mesma a ser a padroeira do Brasil colônia e do Império do Brasil, por ato de D. Pedro I.
No dia 12 de dezembro, quatro dias depois, o calendário litúrgico assinala o dia de Na. Sa. de Guadalupe, padroeira das Américas, cuja aparição ocorreu no México, para o índio Juan Diego, em 1531.
Quando os espanhóis conquistaram o México havia várias tribos indígenas, sendo a principal a dos astecas, que possuíam uma civilização mais adiantada que as demais; estas permaneciam subjugadas, escravizadas e pagavam tributo aos astecas.
Estes possuíam uma religião própria, com oferecimento do coração e do sangue dos índios vencidos em combate ao deus natureza, ao universo. Acreditavam no domínio do sol sobre a lua e que, no ano que ocorressem quatro terremotos, o mundo terminaria.
Os espanhóis, ao conquistarem o México, escravizaram as tribos e saquearam as riquezas dos astecas, destruindo seus templos religiosos e suas tradições culturais. Diante desses acontecimentos, os índios perderam a fé em seus deuses e entraram em enorme depressão. Por outro lado, a varíola, trazida pelos espanhóis, dizimava os indígenas mexicanos. Para eles era o fim do mundo!
Em 1531, os indígenas mexicanos se encontravam arrasados, material, religiosa e psicologicamente. Para piorar o psiquismo dos nativos, naquele ano, ocorreram três terremotos, o quarto assinalaria o término do mundo. Ao mesmo tempo, um eclipse ocorreu, com a lua encobrindo o sol, era outro sinal negativo. Tudo estava perdido, era o fim, não haveria salvação!
No dia 9 de dezembro de 1531, o índio Juan Diego, descia a colina de Tepeyac, na cidade do México, rumo à catequese, quando ouviu uma voz feminina a chamá-lo: “Diego, Dieguito”. Ao se voltar viu uma jovem morena, com traços indígenas, que lhe disse: “Vá dizer ao bispo que mande construir uma pequena casa para mim, aqui”.
Diego foi ao bispo, um espanhol, Frei Juan de Zumarraga, que não deu crédito as suas palavras. Os índios não mereciam crédito!
No dia seguinte, no mesmo local e hora, os fatos se repetiram; Diego foi novamente chamado e ao dizer que o bispo não acreditara na sua história, a senhora lhe disse: “volte lá e insista, você é o meu mensageiro”.
Chegando na casa episcopal, depois de repetir a história, o bispo disse ao índio que seria necessário um sinal para poder acreditar nas aparições da mulher. Saindo da residência do bispo, Juan Diego foi direto ao local das aparições, comunicando a senhora que o bispo exigia um sinal para poder acreditar. Recebendo como resposta; “Volte aqui amanhã, para que eu possa mandar o sinal ao bispo”.
No dia seguinte, um tio idoso do índio que vivia com ele, amanheceu bem doente, o índio sai rápido por outro caminho em busca de socorro; contorna a colina por um terreno plano e mais longo, mas é novamente chamado em um local do caminho. Lá estava a senhora, entre eles ocorre o seguinte diálogo:
– Dieguito, vá ao alto do monte e colha as rosas que lá estão para levá-las ao bispo como sinal.
– Senhora, meu tio está mal e eu busco socorro para ele.
– Dieguito, não fique angustiado. Você não sabe que eu estou aqui para cuidar do seu tio e de todos que precisam de mim.
O índio sobe a colina, sem muita esperança; era inverno no polo norte e ele jamais vira rosas naquele terreno árido. Ao chegar ao cume da colina encontra rosas, que são colhida e colocadas dentro da sua túnica dobrada.
Ao chegar à casa do bispo, é recebido e ao dizer, aqui está o sinal pedido, desenrola a túnica, as rosas caem pelo chão, enquanto na túnica aparece o desenho da mulher morena, com todos traço indígenas, rosto arredondado e olhos amendoados, enquanto as rosas eram de uma espécie própria da região espanhola de onde o bispo viera.
Diante do ocorrido, o bispo manda construir uma capela, onde fica guardada a túnica de Juan Diego, com a figura de Na. Sa. de Guadalupe, e uma casa, ao lado, onde Juan Diego viveu até os 63 anos de idade.
Posteriormente, a capela foi substituída por uma grande igreja; hoje, Santuário de Na. Sa. de Guadalupe, visitada, anualmente, por milhares de católicos de todos os continentes de nosso planeta.
Quando se fala ou se escreve sobre as coisas sagradas caminhamos sobre um campo imenso que se torna difícil terminar, pois “A MESSE É GRANDE E POUCOS OS OPERÁRIOS”, todavia, como o espaço para o artigo tem limitações, o restante ficará para o próximo número do Jornal da Região. Será uma parte interessante e importantíssima desse assunto.