“Educação, um tesouro a descobrir”, por Celso Frauches

O cientista Galileo di Vincenzo Bonaulti de Galilei, Galileu Galilei (1564-1642), já afirmava, no século 16, que “não se pode ensinar nada a um homem, você pode apenas ajudá-lo a encontrar aquilo que está dentro de si mesmo”.

Em pleno século 21, as escolas e os professores, sempre com ressalvas alvissareiras, continuam com a ilusão de querer “ensinar” ao educando. De fora para dentro: catequisar, moldar, ensinar. Quando fazem…

Jan Amos Komenský, Comênius (1592-1670), aconselhava “o aprendizado contínuo, por toda a vida, e o desenvolvimento do pensamento lógico, em vez da simples memorização”.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) afirmava que “as instituições educativas corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade” e que para “a criação de um novo homem e de uma nova sociedade, seria preciso educar a criança de acordo com a Natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar”. E resumia magistralmente: a educação centrada no educando.

Johann Heinrich Pestalozzi
Johann Heinrich Pestalozzi

Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), o admirável educador suíço, ignorado na educação brasileira, exemplificava e afirmava, com a autoridade de sua missionária atividade educacional, que “se desejamos ajudar o pobre, o de mais humilde condição, isto só se pode conseguir por transformar suas escolas, tornando-as verdadeiros centros de educação, nos quais as forças morais, intelectuais e físicas, que Deus colocou em nossa natureza, possam ser despertadas e desenvolvidas, de sorte que o homem seja capacitado a viver uma vida digna, contente em si mesmo e contente com os outros”. Educação integral do ser humano.

Pestalozzi foi o precursor da monitoria, no século 18. Na segunda metade desse século afirmava: “Descobri auxiliares e colaboradores entre os próprios alunos”. Costumava dar oportunidade aos estudantes mais adiantados nos estudos a auxiliá-lo nas atividades docentes. Dizia, a partir dessa inovadora experiência, que esses estudantes “foram certamente para mim muito mais úteis do que poderia ter sido qualquer mestre já formado”.

A aprendizagem teórica unida à prática era o caminho mais seguro para formar o cidadão e o profissional. Por isso, sua experiência de educador levou-o à conclusão de que “o ideal é ligar o estudo ao trabalho manual, a escola com a oficina, fazendo dos dois uma só atividade”. Teoria e prática juntas.

No final do século 20, mais de dois séculos depois desse revolucionário da educação, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em conferência realizada em Paris, reconheceu que um dos pilares da educação para o século 21 deve ser “Aprender a fazer”, para que o educando possa adquirir não somente uma qualificação profissional, mas de uma maneira mais ampla, competências e habilidades que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Teoria e prática juntas.

Os quatro pilares da educação
Os quatro pilares da educação

Os quatro pilares da educação definem os aprendizados considerados essenciais à educação de nossos tempos, com mais de dois séculos de atraso. Mas é um caminho indispensável à formação do homem novo.

O pilar “Aprender a aprender “, ao dispor que o educando deve beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida”, está congruente com a recomendação de Comenius, no século 16: “aprendizado contínuo, por toda a vida”. Nenhum diploma dá ao diplomado, neste século, competências e habilidades para o resto da vida. Aprendizagem contínua é o caminho do progresso pessoal e profissional.

O “Aprender a viver juntos” deve desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, para que o educando esteja apto a realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos, “no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz”. Do respeito às diferenças e aos diferentes. Discordar sem gostar menos. Trabalhar em equipe.

E “Aprender a ser” para a personalidade do educando melhor desenvolver o pensamento crítico e autônomo; ser capaz de formar seu próprio juízo de valor, mediante a avaliação crítica obtida de algo a partir de valores, ideias ou conceitos individuais, a fim de habilitar-se em maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Formar o ser humano para a vida.

Para o êxito desses pilares, o educador não pode negligenciar nenhuma das potencialidades do educando. Há que ser um despertador, estimulador de talentos inatos. Saber ouvir, dialogar, propor e incentivar a reflexão sobre os problemas do dia a dia, das realidades diversas de seus discípulos. Sem militância religiosa, política, ideológica.

Celso Frauches
Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.

Não conheço a educação nos outros países, exceto por leituras e participação em eventos, ao longo desses últimos quarenta anos. Nunca fui um educador. Fui um “professor emergencial”, por um curto período, nos anos 60, em Cantagalo (RJ), de uma disciplina – Organização Social e Política – há muito banida do currículo da educação básica. Mas conheço, razoavelmente, a educação brasileira, do jardim de infância à pós-graduação. Passados séculos de teorias e experiências exitosas, como as identificadas, ligeiramente, ao longo deste texto, a educação brasileira pode ser identificada como uma das mais atrasadas de nosso planeta, com as sempre “honrosas exceções”. E todos os governos, agora sem exceção, criam escolas e universidades, fazem reformas do ensino e propagam pela mídia essas “extraordinárias realizações”. Mas a educação que deve ser exercida no lar e na escola, apesar da afirmativa em contrário dos ideólogos, teóricos e “profissionais da educação”, é ignorada em seus princípios mais elementares, “formar cidadãos e profissionais” que, para se tornarem, realmente, cidadãos e profissionais têm que fazer despertar, praticamente, sozinhos, as suas potencialidades latentes, inatas, ao longo da vida.

Há um ditado popular que diz: “Cada povo tem o governo que merece”. No caso brasileiro, essa afirmativa parece estranha. Por quê? Porque a maioria maciça do nosso povo é judaico-cristã. E as escolas e universidades públicas oferecem um triste e lamentável cenário: o conluio de uma minoria de professores e alunos que agride o cristianismo com cenas dolorosas que aviltam a imagem, a história e a missão de amor do Cristo. Os educadores citados poderiam até ser ateus na teoria, mas na prática desenvolviam o amor pela humanidade, em especial, para crianças, adolescentes e jovens. Deus e Jesus foram alijados da educação pública. Lamentavelmente.

Nota: aos que duvidam indico o acesso, no Youtube, do conteúdo “doutrinação ideológica nas escolas”:

 

Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.

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