Em Cantagalo, bairro São José ganha sistema alerta-alarme da Defesa Civil

 

Com o ocorrido em janeiro deste ano na Região Serrana, quando mais de 800 pessoas morreram, especialmente em Nova Friburgo, com mais de 500 mortos, as defesas civis dos municípios da região têm procurado se aparelhar com sistemas semelhantes de alerta-alarme. “A diferença em relação a esses municípios, como Nova Friburgo, por exemplo, é que Cantagalo está implantando o sistema com recursos próprios do município, nos antecipando a qualquer tragédia. Nas demais cidades, esses equipamentos estão sendo custeados pelo Governo do Estado”, informa Gustavo Bard, secretário de Defesa Civil de Cantagalo.

A sirene está instalada logo no início da subida para a parte mais alta do bairro. O sistema de controle do equipamento, que é acionado via frequência de rádio, está instalado no Centro de Atendimento de Assistência Social (CAAS), unidade gerida pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Gustavo Bard explicou que o equipamento representa um investimento de cerca de R$ 4 mil, incluindo a bateria, que já está sendo adquirida para que os equipamentos tenham autonomia mesmo sem energia elétrica. “Todo o equipamento foi adquirido com verba própria da Prefeitura. O mais interessante é que, acompanhando tudo on line, poderemos alertar imediatamente a população pelo simples acionamento, à distância, de um botão, lá mesmo, na secretaria, sem a necessidade de nos deslocarmos até aqui”, contou o secretário, enquanto mostrava o sistema de controle da sirene instalado no CAAS.

Dentro de algumas semanas, a população do São José receberá treinamento, através de palestras e simulados práticos para não só entender o funcionamento do sistema, mas saber o que e como fazer quando ouvir a sirene tocar, sabendo, ainda, a diferença entre um som e outro. “É necessário que cada um saiba como fazer na hora que houver perigo na comunidade”, explica Bard.

Na abertura, Gustavo Bard mostrou, em slides, as diversas situações de risco, chamando a atenção dos moradores para a importância da noção de perigo. Também destacou que o bairro São José foi totalmente mapeado num projeto que envolveu técnicos especializados, tanto em engenharia quanto em geologia e geotécnica. “Esse estudo faz parte do nosso Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), e o São José, o bairro mais crítico, foi dividido em áreas sem risco e com riscos baixo, médio, alto e muito alto. Existem áreas que vamos precisar retirar as famílias que lá estão, pois não podem ser habitadas”, explicou, mostrando o porquê de o bairro estar na lista de prioridades para a instalação do sistema alerta-alarme. Os moradores interagiram bastante, contaram suas experiências, debateram o assunto e demonstraram interesse em conhecer e participar do projeto.

A segunda parte envolveu a palestra e a experiência em Nova Friburgo do subcoordenador de Defesa Civil do município vizinho, Robson Teixeira, que utilizou uma dinâmica de grupo para simular a participação da comunidade nas horas mais críticas, principalmente quando a sirene foi disparada, anunciando risco. “Muitas vezes, pode não acontecer nada, mas é necessário que vocês sempre saiam de casa, caso estejam nas áreas apontadas pela Defesa Civil como de risco, assim que a sirene tocar, procurando o ponto de apoio indicado previamente e que será discutido, mais tarde, entre vocês e a Defesa Civil, em reuniões posteriores, quando será dado o treinamento prático também”, alertou.

 

Defesa Civil implanta sistema de alerta em dez áreas de Friburgo

Treinamentos com os moradores envolveram cerca de 200 voluntários

A Coordenadoria de Defesa Civil de Nova Friburgo (Comdec), com a Defesa Civil do Estado e com a ajuda da Defesa Civil de Duque de Caxias, realizou o treinamento prático da implantação do Sistema de Alerta e Alarme por Sirene, do Programa de Proteção e Preparação de Comunidades Contra Desastres Naturais. Cinco comunidades foram treinadas, somando dez comunidades até o momento: São Geraldo, Santa Bernadette, Cordoeira, Jardilândia e Córrego Dantas.

Apesar do dia chuvoso, a participação foi considerada boa pela Comdec. De acordo com o coordenador, João Paulo Mori, o objetivo é fazer com que as pessoas saibam onde fica o ponto de apoio e conheçam as rotas seguras para se chegar até ele, além de se familiarizarem com o toque da sirene. “Em cada comunidade são promovidas, antes, palestras sobre os procedimentos, para culminar nesse treinamento prático. Já treinamos dez comunidades e, em cada uma, cadastramos os moradores para futuro envio das mensagens SMS (os torpedos de alerta)”, informou.

A Defesa Civil do Estado do Rio compareceu com 50 pessoas e a de Duque de Caxias com 40. Outros parceiros também participaram, como a Cruz Vermelha, que levou 15 pessoas; a Adra, o Granf (radioamadores) com mais 15; o Sanatório Naval, com outras 35 pessoas; a Ordem Urbana, com a presença do coronel Hudson de Aguiar; a ARF (Associação Rio Fluminense), com 30. O número de voluntários ultrapassou 200.

O coronel Roberto Robadey, da Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, informou que esse sistema de alerta por sirenes está sendo implantado pelo estado com participação fundamental das coordenadorias. “A Defesa Civil Estadual resolveu instalar 72 sirenes em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Dez comunidades já contam com esse sistema, mas temos que superar os atrasos, pois nossa meta era de que nas 20 comunidades os sistemas estariam instalados até o dia 30 de novembro. É fundamental que a população, ao ouvir as sirenes, aja com a maior tranquilidade e se desloque para o ponto de apoio ou para algum lugar seguro, que pode ser a casa de um parente ou amigo. Estamos percebendo que a população está bastante engajada nesse plano”, afirmou.

Apesar de não ter participado das palestras, mas sua mãe sim, a adolescente Tainá participou do treinamento prático no domingo. Ela reagiu ao chamado do carro de som e se deslocou para o ponto de apoio. Outra moradora de Córrego Dantas, Ana Lúcia, também reagiu ao ouvir o aviso pelo carro. “Moro afastada da sirene, mas, ao ouvir o carro, imediatamente vim para cá. Acho importante esse treinamento para sabermos o que fazer. Acho que todos vão se retirar nos momentos do toque da sirene, disse Ana Lúcia.

Juntamente com o toque da sirene, a Defesa Civil distribuiu panfletos informativos sobre como funciona o monitoramento do sistema de alerta e alarme por sirene e uma cartilha intitulada ‘Comunidade mais Segura’, sobre mudança de hábitos e redução de riscos de movimentos de massa e inundações.

Nos treinamentos e por meio dos panfletos, a população obtém informações de como agir. Do que não se pode fazer, como tentar carregar objetos grandes e pesados e a forma certa de agir, quando a sirene for acionada, como reunir familiares, pegar somente documentos e medicamentos necessários, desligar chave de luz e gás, manter a calma e se deslocar para o ponto de apoio.

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