Entidades programam manifestações no dia 15 de junho para protestar contra a exportação de animais vivos

Mais de cem organizações ligadas à defesa dos direitos dos animais convocam para o próximo domingo, 15 de junho, manifestações pelo fim da exportação via marítima de animais vivos para o abate na Europa e Oriente Médio. Sob o lema #NãoExporteVidas, os atos públicos serão realizados em 25 cidades de 14 estados e marcam a celebração do Dia Nacional contra a Exportação de Animais Vivos.

“A exportação de animais vivos é um triplo desastre: legal, ambiental e econômico”, afirma Patrícia Aguiar, porta-voz nacional da campanha #NãoExporteVidas encabeçada pelo Movimento Nacional pelo Fim da Exportação dos Animais Vivos. “Esse tipo de exportação vai contra a legislação por expor os animais a maus tratos intrínsecos, desde sua saída nas fazendas, na longa jornada em navios até o abate final, de forma cruel”, diz. “Além disso, não arrecada impostos, gera pouquíssimos empregos e é insalubre. De fato, serve apenas aos interesses de poucos empresários às custas do sofrimento coletivo.”

Países como Alemanha, Reino Unido, Índia e Nova Zelândia já aboliram definitivamente esse tipo de comércio. O Brasil, no entanto, caminha na contramão. Só no ano passado, mais de 1 milhão de bovinos — entre bois, vacas e bezerros — foram embarcados para países como Turquia, Egito e Iraque, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

As manifestações do dia 15 ocorrerão em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Manaus, Salvador, Vitória, Natal, São Luiz e São Sebastião, entre outras, e vão incluir vigílias, caminhadas, performances e coleta de assinaturas para petições que pedem o fim do transporte marítimo de rebanhos.

Para a médica veterinária Vânia Plaza Nunes, diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, o sofrimento infligido aos animais em longas viagens marítimas é inaceitável. “Os bois são embarcados em navios superlotados, onde vivem semanas em meio a fezes, urina, calor extremo e sem ventilação”, relata. “Muitos morrem durante a travessia, outros chegam mutilados. É uma realidade incompatível com qualquer princípio ético ou legal.”

Os protestos denunciam também os riscos sanitários e ambientais desse tipo de operação. Relatórios apontam que cerca de 13% dos animais embarcados testaram positivo para algum tipo de coronavírus à época da pandemia, aumentando o risco de surtos epidêmicos.

Um dos objetivos das manifestações é gerar pressão popular pela aprovação de projetos de lei que proíbem o tráfico de cargas vivas, entre eles o PL 2627/2025, de autoria da deputada federal Duda Salabert (PDT/MG), e o PL 3093/2021, do senador Fabiano Contarato (Rede/ES). “A exportação de animais vivos é uma prática anacrônica e cruel”, afirma Duda Salabert. “É preciso colocar fim a esse modelo de comércio que envergonha o país.”

No Senado, a proposta do senador Contarato já está em tramitação e conta com uma petição assinada por aproximadamente 600 mil pessoas. Os dois projetos são vistos como essenciais para cumprir os princípios constitucionais que vedam a crueldade contra animais.

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