Entrevista: Cláudio Castro, governador do Estado do Rio de Janeiro

Com exclusividade o governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro concedeu uma entrevista do JORNAL DA REGIÃO, sobre temas que envolvem os municípios da região.

Sobre a questão dos recursos da privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), considerado o maior leilão do país em saneamento, o governador cita o exemplo do governo do Estado para aplicações dos recursos.

A indústria brasileira do cimento é responsável por mais de 70 mil empregos e uma renda de R$ 26,4 bilhões/ano. “Cantagalo abriga o terceiro maior polo cimenteiro do país, o que representa 7% de toda a produção. É um setor de extrema importância e vital para economia, considerando o aquecimento da construção civil e as obras de infraestrutura previstas para os próximos anos“, afirmou o governador.

JORNAL DA REGIÃO – O Estado do Rio tem sofrido muito com os últimos escândalos dos ex-governadores. O senhor assumiu o cargo restabelecendo a credibilidade da máquina pública. Como encontrou o Estado quando assumiu?

Cláudio Castro: Eu fiz questão de deixar claro que a base da minha gestão seria o diálogo, o trabalho, a simplicidade, junto com responsabilidade fiscal. A partir desse conjunto, nos esforçamos para recolocar o Rio de Janeiro no caminho certo. O PactoRJ é o pilar desse novo momento. Entre as principais ações, estão a inauguração de 26 Restaurantes do Povo; a revitalização de 882 km de vias pelo estado; a construção de ao menos 5 mil unidades habitacionais; e a reforma de 50 CIEPs. Fizemos a concessão da Cedae, o maior projeto de infraestrutura do país, garantindo universalização da coleta e do tratamento de esgoto para cerca de 13 milhões de pessoas. A projeção de aumento da arrecadação em quase 20%, em relação a 2021, confirma que o Estado conseguiu reativar sua economia.

JORNAL DA REGIÃO – Quais foram as principais dificuldades encontradas no início de seu governo?

Cláudio Castro: O cenário era muito difícil e desafiador. A renovação do prazo do Regime de Recuperação Fiscal permitiu reduzir o valor que o estado deveria pagar nos próximos três anos à União de R$ 44 bilhões para R$ 9 bilhões. Com muito trabalho, garantimos o pagamento do 13º salário aos servidores, aprovamos a reforma previdenciária em parceria com a Alerj e fechamos o ano com dinheiro em caixa. Pela primeira vez em cinco anos, o Projeto de Lei Orçamentária Anual 2022 apresenta déficit zero. O esforço realizado resultará em uma expressiva melhora nos números em relação a 2021, quando o rombo nas contas estaduais chegou a R$ 23 bilhões.

JORNAL DA REGIÃO – Cantagalo possui o terceiro maior Polo Cimenteiro do país, com três indústrias de cimento, Votorantim, LafargeHolcim (CSN) e CRH (Cimento Nacional). O que isso significa para o Estado? Há muita reclamação das duas praças de pedágio entre Cordeiro e Nova Friburgo, aumentando o custo do frete para o transporte? O que pode ser feito?

Cláudio Castro: A indústria brasileira do cimento é responsável por mais de 70 mil empregos e uma renda de R$ 26,4 bilhões/ano. Os resultados reiteram o tamanho e a importância da cadeia produtiva do cimento. Cantagalo abriga o terceiro maior polo cimenteiro do país, o que representa 7% de toda a produção. É um setor de extrema importância e vital para economia, considerando o aquecimento da construção civil e as obras de infraestrutura previstas para os próximos anos, principalmente, ajudarão na melhoria das condições das estradas vicinais e estaduais em todo Rio de Janeiro.

“O Hospital Oncológico de Friburgo está em fase de projeto e orçamentação na Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras”.

JORNAL DA REGIÃO – A privatização da Cedae tem sido muito elogiada como uma grande “sacada” de seu governo, pois além de levantar recursos para os municípios, existe uma grande expectativa em melhorar a qualidade dos serviços de água e esgoto nas cidades. Poderia fazer uma avaliação deste processo?

Cláudio Castro: A privatização da Cedae é uma das medidas mais acertadas da nossa administração. Fizemos o maior leilão de saneamento da história do país. Além do ganho de R$ 22,6 bilhões em outorgas, o benefício coletivo é inestimável. A concessão representa o maior investimento socioambiental já feito na história do Estado. Os municípios atendidos terão água e esgoto dentro de suas casas em um prazo de cinco a nove anos, devolvendo dignidade para a população mais pobre.

JORNAL DA REGIÃO – Cinco municípios da região (Cantagalo, Cordeiro, Duas Barras, São Sebastião do Alto e Itaocara) foram beneficiados com os primeiros leilões da Cedae. O senhor tinha previsto vir à região para a solenidade de entrega dos certificados deste saneamento. Qual a sugestão que o senhor daria para os prefeitos investirem estes recursos?

Cláudio Castro: O uso dos recursos é livre, mas o Estado dará o exemplo. Nós controlamos as despesas de pessoal e mantivemos as de custeio no mesmo patamar do ano anterior, por meio do acompanhamento diário dos gastos públicos. Vamos investir em infraestrutura que faça a diferença em nosso estado, que seja capaz de gerar novas vagas de trabalho e renda para a nossa população. Como já citei, o plano de ações do PactoRJ vai impulsionar o crescimento econômico, além de gerar desenvolvimento social. Serão investidos R$ 17 bilhões nos próximos três anos em mais de 50 projetos, nos 92 municípios do estado. Com as intervenções, a estimativa é que sejam gerados 150 mil novos postos de trabalho.

JORNAL DA REGIÃO – Está previsto agora o último leilão da Cedae, que poderá beneficiar os municípios de Macuco, Trajano de Moraes, Bom Jardim e Carmo. Qual é a expectativa da realização deste leilão e quando será?

Cláudio Castro: O Governo do Estado colocou em consulta pública o edital e demais documentos para a modelagem da nova concessão de saneamento. O objetivo é que a sociedade civil colabore na construção do documento. Ainda serão realizadas duas audiências públicas, nos dias 13 e 15 de outubro. O lançamento do edital está previsto para novembro. O leilão está programado para o fim de dezembro.

JORNAL DA REGIÃO – Algumas rodovias da região estão recebendo recapeamento asfáltico realizado pelo governo do Estado, como a Rodovia RJ-144 (Carmo-Além Paraíba) e RJ 158 (Laranjais-Itaocara. Por que o senhor determinou a realização destas obras?

Cláudio Castro: Um grande pacote de recuperação das estradas estaduais também está contemplado no PactoRJ. São mais de 1.000 km em revitalização. A maioria das obras já foi iniciada com previsão de conclusão da última rodovia em dezembro de 2022. A manutenção da infraestrutura é essencial para o desenvolvimento econômico e gera impactos positivos a médio e longo prazos. A boa conservação das estradas contribui para a segurança e estimula o aumento no fluxo de veículos de passageiros e de transporte de pessoas, cargas e produção agrícola.

“O Cinema de Cordeiro está com 50% das obras concluídas e deve ser o primeiro cinema do Estado fruto do Programa Cinema da Cidade do Governo Federal”.

JORNAL DA REGIÃO – Algumas obras nos municípios da região, que tem parceria com o Governo do Estado, como o novo cinema de Cordeiro, e o Hospital do Câncer em Nova Friburgo, ainda aguardam liberação de mais recursos para serem concluídas. Existe possibilidade delas serem concluídas até o ano que vem?

Cláudio Castro: O Hospital Oncológico de Friburgo está em fase de projeto e orçamentação na Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras. Após essa fase, a Secretaria de Saúde vai fazer a avaliação da continuidade do projeto e vai definir os prazos para execução da obra. O Cinema de Cordeiro está com 50% das obras concluídas e deve ser o primeiro cinema do Estado fruto do Programa Cinema da Cidade do Governo Federal.

JORNAL DA REGIÃO – O que a população fluminense pode ainda esperar de seu governo nos próximos meses?

Cláudio Castro: Eu quero dizer à população fluminense que o processo de retomada vai levar algum tempo, mas nós construímos o alicerce para um novo momento de crescimento econômico e geração de empregos. A prioridade que defini no orçamento para a área de investimentos vai permitir a ampliação de entregas para a população, com uma garantia maior para finalizar os projetos.