Empresários pedem mais mão de obra para confecção à Faetec em Bom Jardim
O envelhecimento é um fenômeno biológico: todo ser vivo, vegetal ou animal, não escapa do envelhecimento, é a terceira etapa de nossa existência, que deverá ser aceita com inteligência e sabedoria, conhecendo as limitações impostas pela natureza. O que devemos fazer é uma adaptação à terceira fase da existência.
Com os avanços da ciência e as melhores condições de vida, como habitações mais saudáveis, alimentação mais adequada e exercícios próprios para a idade, a vida média da população vem aumentando. Em 2020, a expectativa de vida do brasileiro era de 72,8 anos; em 2022, passou para 75,5 anos; no último censo, chegou a 76,4 anos para homens e 79,7 anos para mulheres. Estas cuidam melhor da saúde enquanto os homens ficam mais expostos a mecanismos violentos como acidentes de trânsito, armas de fogo e armas brancas, alcoolismo e drogas nocivas à saúde.
Certa vez, fui visitar um querido colega, mais velho do que eu, que se encontrava nos últimos dias de vida. Na viagem, fui pensando no que iria falar ao chegar diante dele. Todavia, como pessoa dotada de grande inteligência, ao me ver, ele disse: “Júlio, a vida é isso, nascer, crescer e morrer; hoje, estou nessa terceira fase”. Suas palavras facilitaram nosso diálogo médico, pois devemos viver dentro da realidade.
O idoso jamais deverá ser dominado por pensamentos negativos, procurando sempre adaptar suas atividades ao que for determinado pelos seus movimentos físicos e mentais.
Recentemente, li uma entrevista com Fernanda Montenegro, 94 anos, continua brilhando nos palcos de teatro e em filmes brasileiros. Em maio desse ano, no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, apresentava “A Cerimônia do Adeus”, falando durante 70 minutos seguidos; com o teatro sempre cheio e os ingressos disputados pelo público; na plateia, pessoas vindas até de outros estados do Brasil.
Outra entrevista interessante foi com o ex-monge budista Satish Kumar, 87 anos, residente na Inglaterra e que, em maio desse ano, visitou o Brasil. O repórter perguntou: “O senhor tem 87 anos e é saudável. Qual é a receita para chegar a essa idade?”. Resposta: “Moro no campo, então respiro um ar comparativamente limpo e saudável. Sou jardineiro, então trabalho todos os dias com meu corpo, e sou um caminhador, caminho todos os dias. Nosso corpo precisa ser trabalhado. Nosso estilo de vida no mundo é sedentário, as pessoas sentam em frente a um computador e não fazem nada. A outra coisa é psicológica: estou saudável e feliz, porque amo e acredito no amor. Se você está infeliz, sua mente está preocupada e você está sempre sob pressão, seu corpo não será saudável.”
Longevo que se encontra em plena atividade é o artista Ney Matogrosso, 82 anos; atualmente, além de estar com o espetáculo Bloco na Rua, desde 2019, participou de um filme, “A Alegria é a Prova dos Nove”. Ao mesmo tempo, está sendo preparada uma cinebiografia do artista denominada “Homem com H”. Ney Matogrosso trabalha tanto que diz esquecer até da idade.
O músico Hermeto Pascoal é outro grande exemplo de octogenário em atividade. Recentemente, lançou um disco em homenagem à esposa já falecida, “Para você, Ilza (1954-2000)”; se apresentou no SESC Vila Mariana, em São Paulo, no Rock in Rio, no Circo Voador (RJ) e no Uruguai. No SESC Bom Retiro–SP, foi realizada uma exposição em sua homenagem.
Se não bastassem esses exemplos, posso citar também o ator Othon Bastos, com 91 anos de idade e 73 de carreira como ator teatral e de cinema, com participação importante nos filmes nacionais: Deus e o diabo na terra do sol, Capitu, São Bernardo, Central do Brasil, O Paciente e Por um fio. Atuou em novelas e, agora, se apresenta com a peça “Não me entrego, não”. Othon Bastos tem como lema de vida a frase: “Eu nasço contente todas as manhãs”.
Não poderia encerrar este artigo sem citar uma mulher mineira, Adélia Prado, com a idade de 88 anos, considerada a maior poetisa viva do Brasil. Essa pessoa, autora de vários livros, recebeu, na última semana de junho de 2024, o Prêmio Machado de Assis (R$. 100.000,00) concedido pela Academia Brasileira de Letras. Cinco dias depois, a Ministra da Cultura de Portugal, Sra. Dalila Rodrigues, por telefone, comunicava que a autora mineira havia recebido o Prêmio Camões (100 mil euros), concedido aos maiores autores da língua portuguesa.
Adélia Prado é professora, autora de diversos livros e artigos; em 2013, publicou o livro de poesias “Miserere”. Agora, lançará a obra O Jardim das Oliveiras, pela editora Record.
Caríssimo leitor, se você se encontra na terceira idade e dentro de casa, após ler este artigo, não se considere arquivado pela sociedade. Você ainda será útil. Se não conseguir uma atividade remunerada, trabalhe como voluntário em uma instituição filantrópica ou em uma ONG, muitos necessitam de você. Lembre-se, nosso corpo foi construído para o movimento, se você ficar parado sem exercitar o corpo, seus músculos atrofiarão, você passará a sofrer quedas com risco de fraturas, suas articulações passarão a doer. Pior ainda, se sua mente não funcionar, você passará a ter pensamentos negativos, seu cérebro vai atrofiando, convidando o Alzheimer a tomar conta de você. Não desanime, vá à luta, lembre-se, você ainda está vivo. Permaneça bem-humorado, também!