O espetáculo “Cora do Rio Vermelho” será apresentado em Friburgo

Cora do Rio Vermelho – Atriz Raquel Penner

Com vontade de montar seu primeiro monólogo, a atriz Raquel Penner começou a anotar frases, desejos e pensamentos soltos que, frequentemente, falavam sobre a força feminina e da alma da mulher brasileira. Ao reencontrar a obra de Cora Coralina, percebeu que a poesia e os contos da escritora e doceira goiana iam justamente de encontro à sua inquietação artística. Este foi o início do espetáculo “Cora do Rio Vermelho”, que, depois de bem-sucedidas temporadas virtual e presencial, inicia apresentações pelas unidades do Sesc: Nova Friburgo (05/08), Teresópolis (06/08), Duque de Caxias (13/08), Ramos (18/08), Madureira (19/08), Barra Mansa (01/09), São Gonçalo (03/09) e São João de Meriti (10/09). “Cora do Rio Vermelho” foi aprovado no EDITAL SESC RJ DE CULTURA 2022.

Com dramaturgia de Leonardo Simões e direção de Isaac Bernat, o espetáculo é forte e delicado, assim como a escrita da poeta. “Cora Coralina foi uma mulher múltipla e libertária. Removeu pedras e abriu caminhos para outras mulheres. Há 10 anos, tive meu primeiro encontro com ela, em uma exposição no CCBB RJ. Fiquei encantada por aquela senhora do interior do Brasil que falava firme e cantado, fazia doces e escrevia poesia, celebrava a vida e a simplicidade. Quando a reencontrei, a partir de um livro do Drummond, percebi que tudo o que eu queria dizer no palco estava ali”, lembra Raquel.

Pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, Cora Coralina (1889 – 1985) é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras. Nascida na cidade de Goiás, ela viveu mais de quatro décadas em São Paulo. Apesar de escrever seus versos desde a adolescência, ganhava a vida como doceira, e seu primeiro livro só foi publicado em junho de 1965, quando tinha quase 76 anos de idade. Escreveu sobre os lugares onde viveu, as pessoas com as quais se relacionou e a natureza que observava.

Quando Raquel me convidou para dirigir “Cora”, meu coração se encheu de alegria. Há anos, uma das célebres frases da poeta conduz o meu comportamento artístico e profissional: ‘Todo trabalho é digno de ser bem-feito.’ E esta mesma frase também orienta o que espero e procuro oferecer às pessoas. Como bem disse Carlos Drummond de Andrade: ‘Na estrada que é Cora Coralina passam o Brasil Velho e o atual, passam as crianças e os miseráveis de hoje. O verso é simples, mas abrange a realidade vária’”, celebra o diretor Isaac Bernat.

A dramaturgia reúne passagens de sua vida e diversos poemas retirados dos livros “Vintém de cobre – meias confissões de Aninha”; “Meu Livro de Cordel”; “Villa Boa de Goyaz”; e “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais”. “A partir de um recorte sensível de obras feito pela Raquel e com a toada poética de Cora, busquei nessa abordagem teatral uma geografia de sensibilidade e memórias, uma paisagem sonora que a atriz observa e traduz a partir do simbólico quarto de escrita, mesclada aos seus fazeres de doçura”, explica o autor Leonardo Simões.

Ao longo da encenação, aparecem algumas músicas populares, unindo vozes femininas de cantoras-atrizes do cenário teatral brasileiro: Aline Peixoto, Chiara Santoro, Clara Santhana, Cyda Moreno e Soraya Ravenle. Em “Cora do Rio Vermelho” (o título se refere ao rio que banha Goiás), a atriz se torna uma contadora de histórias atravessada pelo amor e pela entrega que Cora dedicou a sua tradição e a sua gente.

Foto: Bianca Oliveira – Estúdio da Bica

Ver anterior

Estado do Rio criou mais de 100 mil empregos formais no primeiro semestre do ano

Ver próximo

Autoridades bibarrense recebem visita da Polícia Ambiental

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Populares

error: Conteúdo protegido !!