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Entrevistado: Marcelo Miranda, gerente da fábrica de cimento Lafarge
Marcando o Dia da Indústria, comemorado sexta-feira passada, 25 de maio, o gerente geral da fábrica de cimento do Grupo Lafarge, em Cantagalo, Marcelo Miranda, concede entrevista ao JORNAL DA REGIÃO, onde destaca um pouco do trabalho da indústria, seu impacto social e econômico na região e, ainda, as projeções futuras do setor visando, por exemplo, uma abertura ainda maior de mercado no Rio de Janeiro, tendo em vista as obras de preparação para grandes eventos, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Jornal da Região (JR) – Quem é Marcelo Miranda?
Marcelo Miranda (MM) – Sou engenheiro eletricista, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, com MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Há 12 anos, faço parte do Grupo Lafarge.
JR – Quando assumiu a gerência da fábrica de Cantagalo?
MM – Em janeiro de 2012. Antes, gerenciava a unidade de Arcos (MG).
JR – Qual a importância de uma indústria como a Lafarge para uma pequena cidade do interior, como Cantagalo?
MM – A fábrica da Lafarge tem grande importância para o desenvolvimento socioeconômico do município. Primeiro, por ser uma indústria de grande porte, gerando impostos e oportunidades de emprego. Segundo, por se tratar de indústria de alto nível tecnológico, demandando profissionais com boa formação técnica, o que estimula o surgimento de cursos técnicos, atendendo à demanda da comunidade para suprir de bons profissionais a Lafarge e demais indústrias da região.
JR – Em nível de produção, existe alguma expectativa maior visando os grandes eventos esportivos a serem realizados no Rio de Janeiro?
MM – O mercado brasileiro está aquecido e as projeções indicam que continuará assim devido aos grandes eventos futuros. Nós já estamos trabalhando para acompanhar essa demanda. Aqui, em Cantagalo, já aumentamos a produção em mais de 15%. Para este ano, estamos prevendo um volume de mais de um milhão de toneladas.
JR – Sobre geração de emprego e renda, as indústrias cimenteiras são destaque na região, gerando dezenas de empregos diretos e indiretos e sendo responsáveis por boa parte do PIB de Cantagalo. Atualmente, qual esse peso, em números, da Lafarge?
MM – Na unidade de Cantagalo, são gerados, aproximadamente, 250 empregos diretos e 500 indiretos (considerando os empregos gerados por toda a cadeia produtiva da unidade, que inclui transportadoras, distribuidores e fornecedores locais).
JR – Outro fator de destaque da indústria cimenteira na região é o cuidado nas relações com as comunidades da área de influência. Como tem sido esse trabalho desde que assumiu a unidade?
MM – Estamos dando continuidade ao comitê comunitário já estabelecido pela Lafarge com representantes de Cantagalo, Cordeiro e Macuco, fórum no qual apresentamos, periodicamente, de forma transparente, os progressos feitos pela unidade, os eventuais impactos da nossa operação na comunidade e identificamos oportunidades de parceria para apoiar as demandas da região.
Um exemplo já consagrado, fruto desse comitê, é a iniciativa conhecida como ‘Projeto Despertar’, que visa apresentar aos jovens da região, por meio de palestras e visitas às empresas, as oportunidades de trabalho existentes nos diversos mercados, despertando, desde cedo, o desejo pela permanência desses jovens na própria região. Apenas em 2011, mais de 1,5 mil alunos foram beneficiados. Temos, também, uma parceria de longo prazo com a Secretaria Municipal de Educação de Cantagalo na realização do curso de técnico em química, que é oferecido pela Prefeitura à comunidade de forma gratuita, para a continuidade da oferta do curso.
JR – Sabe-se que um grande entrave para a expansão de toda a indústria na região é o transporte. Muito se falou sobre a possibilidade de instalação de uma linha férrea e um aeroporto no Centro-Norte Fluminense. Em que ponto acredita que o transporte é, também, um entrave para os projetos da Lafarge?
MM – De fato, a questão do transporte é um desafio para o escoamento da produção cimenteira para todas as regiões do Rio de Janeiro. Quase a totalidade da produção é escoada por transporte rodoviário e os custos envolvidos com a logística do cimento impactam, de forma significativa, os custos totais de colocação de nosso produto no mercado.
JR – Uma sugestão já oferecida pelas cimenteiras ao poder público local foi a instalação de um distrito industrial ou medida parecida, que fomente a instalação de empresas que trabalhem com agregados de concreto. A instalação desse tipo de indústria é interessante para a unidade local da Lafarge?
MM – A região já é atendida por indústrias de concretos e agregados instaladas em municípios vizinhos. Dessa forma, não podemos classificar como altamente relevante o impacto da instalação desse tipo de indústria para a Lafarge.
JR – Como funciona, na prática, o convênio da fábrica Lafarge com a Prefeitura de Cantagalo para coprocessamento dos resíduos urbanos inorgânicos?
MM – A parceria com a Prefeitura de Cantagalo se destina ao coprocessamento (destruição térmica total) de resíduos urbanos inorgânicos. Todo o lixo doméstico coletado no município passa por processo de triagem em usina da Prefeitura. Neste momento, o material reciclável é separado para destino adequado. O restante do material, não passível de reciclagem, passa, então, por um processo de compostagem, após o qual a parte fina (orgânica) resulta em um adubo natural fornecido, de forma gratuita, a agricultores da região. A fração grossa (inorgânica) do material, cujo único destino possível antes da parceria era o depósito em aterros, é, então, 100% destruída através do coprocessamento em nossa fábrica de Cantagalo.
JR – Existem alguns projetos de aquisição de novas áreas na região para expansão da fábrica de cimento da Lafarge?
MM – A Lafarge está sempre atenta às oportunidades, já que nosso objetivo é continuar crescendo e reforçando nossa posição de mercado. Sobre a unidade de Cantagalo, hoje, nosso grande projeto é torná-la um centro de excelência em saúde e segurança e em performance industrial.