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Estephânia de Carvalho, uma educadora cantagalense nas terras de São Gonçalo (RJ)
São Gonçalo, cidade mui singela, Erguida nos encantos de aquarela […] Estephânia, ó que grande monumento […] Teu passado, cidade, foi honroso, Teu futuro será maravilhoso. (Trechos do Hino de São Gonçalo)
Garimpar memórias é um dos objetivos permanentes do Instituto Mão de Luva. Temos uma relação substancial de personalidades que nasceram em Cantagalo, como Euclides da Cunha, e ganharam o mundo, construindo pontes, bondes, escolas, escrevendo livros, atuando na política, na livre iniciativa, enfim, empreendedores inatos. As pesquisas pelos mais diversos arquivos públicos, na literatura, no jornalismo e, em particular, nas redes digitais, trazem-nos informações e documentos preciosos. A personagem desta semana, Maria Estephânia Mello de Carvalho, ou simplesmente Estephânia de Carvalho, nasceu em Cantagalo, em 7 de junho de 1885, filha de Modesto Alves Pereira de Mello e de Guilhermina Martins de Mello. Casou-se na década de 20 com Zeno Bellido de Carvalho, aos 35 anos, quando passou a morar em Niterói.
Tornou-se personagem histórica em São Gonçalo, no Grande Rio. Antes, passou pelo Colégio Sion, em Petrópolis, onde cursou ciências, letras, línguas e música, e pelo Colégio Pedro II. Com esse potencial, fez vestibular para medicina. Classificada, não fez o curso. Dedicou-se ao magistério.
A sua única filha faleceu aos dois anos de idade. Esse fato despertou em Estephânia a missão educacional. Iniciou ministrando o curso primário, em sua residência. Daí, partiu para novos desafios. Tornou-se diretora do curso feminino do Colégio Brasil, em Niterói. Não contente, fundou o Colégio Carvalho e tornou-se vice-diretora e diretora substituta do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, entre os anos de 1930 e 1957. Mas isso não bastava para uma educadora com a sua formação ética e profissional.
Em 1941, o então prefeito de São Gonçalo, Nelson Corrêa Monteiro, sabendo da história de Estephânia, convidou-a participar de uma concorrência pública para criação de um colégio secundário naquela cidade, na rua Coronel Moreira Cezar, de propriedade da prefeitura gonçalense. Em 10 de novembro daquele ano, teve início o funcionamento do Colégio São Gonçalo, com a primeira Escola Normal de São Gonçalo e o Curso Técnico de Contabilidade. Era uma iniciativa vitoriosa de Estephânia Carvalho, que sinaliza a sua jornada de educadora nesse município fluminense, a pouco mais de 160 km distante de sua terra natal, Cantagalo.
A sua atuação em São Gonçalo não se restringiu à educação. Participou de várias iniciativas e campanhas de caráter humanitário, cultural e social. Exemplos: foi uma das líderes da Campanha de Manutenção e Auxílio às Famílias dos Combatentes da segunda guerra mundial; atuou como presidente da Legião Brasileira de Assistência, diretamente do Educandário Vista Alegre, das Damas do Hospital de São Gonçalo e também da Caixa Escolar de São Gonçalo; uma das responsáveis pela campanha pró-busto do Dr. Luiz Palmier, médico, educador e político, além de um estudioso dos assuntos históricos e geográficos, fundador e diretor-médico do Hospital de São Gonçalo, que hoje tem seu nome; criou um dos mais significativos marcos históricos de São Gonçalo, o Cruzeiro da Pedra da Coruja, inspirado e construído por ela e seus alunos. A Pedra da Coruja tem esse nome devido ao formato visto pelos portugueses ao entrar no território de São Gonçalo pelo rio Imboassu, durante muito tempo um ponto de vigia da vila de São Gonçalo. A cruz e a pedra estão presentes no brasão do município, atestando a fundação por cristãos da sesmaria e de sua ermida (futura igreja) de São Gonçalo. Estephânia estava, realmente, integrada à vida social, econômica e política do município.
Idealizou e promoveu as comemorações dia do município com desfile cívico. Anos depois, foi incorporado pelas autoridades municipais, tornando-se tradicional na cidade. São Gonçalo foi fundado em 6 de abril de 1579, pelo colonizador Gonçalo Gonçalves, mas transformado em município somente em 22 de setembro de 1890.
Estephânia de Carvalho era uma educadora inclusiva admirável, conhecida como “A mãe do estudante pobre gonçalense”.
Estephânia de Carvalho é considerada a professora mais importante que passou por São Gonçalo. Seu comprometimento ia além da sala de aula e se desdobrava em causas que ajudavam a população mais carente.
Faleceu em 2 de março de 1958.
Justas homenagens foram prestadas à educadora cantagalense, nas terras gonçalenses: Colégio Municipal Estephânia de Carvalho, no Laranjal; dado seu nome à principal praça do município, antiga Praça Cinco de Julho, Praça Estephânia de Carvalho, onde foi erguido o seu busto. Tornou-se personagem histórica em São Gonçalo, no Grande Rio.
São Gonçalo deu a Estephânia de Carvalho o reconhecimento por sua densa obra educacional, cultural e assistencial. Era uma servidora da educação; trabalhadora incansável, culta e determinada. Pessoas assim fizeram e fazem falta em Cantagalo.
Fonte:
- Sim São Gonçalo, de Matheus Graciano. Disponível em: <https://simsaogoncalo.com.br/sao-goncalo/estephania-de-carvalho-um-exemplo-de-mulher/>.
- Histórias contadas por aí, Alex Wölbert. Disponível em: <https://historiasporai.blogspot.com/2015/03/estephania-de-carvalho-exemplo-de-mulher.html>.
- Jornal Daki. Disponível em: <https://www.jornaldaki.com.br/2015/03/22/estephania-de-carvalho-a-mãe-do-estudante-pobre>.