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A atual estiagem está provocando o esgotamento dos reservatórios de água da Região Centro-Norte Fluminense para patamares muito preocupantes.
Pela previsão dos institutos meteorológicos, as chuvas do próximo verão poderão amenizar esse quadro, porém, o enchimento desses reservatórios para o mesmo nível anterior demandará alguns anos. “Fomos educados para viver em abundância. Ocorre que teremos que aprender a conviver com a escassez de água. Essa não será uma tarefa fácil”, explica Adílson de Oliveira, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O município de Cordeiro, por exemplo, tem a sua gestão de águas demandada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que administra todo o interior do estado do Rio de Janeiro. Recentemente, o reservatório atingiu um nível abaixo da média, ocasionando que água chegasse aos lares dos cordeirenses no período noturno. “Aqui, em casa, somente por volta das 23 horas é que chega água”, relata a dona de casa Sônia Jardim, moradora do conjunto habitacional Retiro Poético.
Com uma área de 95% urbanizada, Cordeiro tem um custo operacional de tratamento de água maior que as cidades do Centro-Norte Fluminense. Além disso, o município ainda não possui uma proposta viável de conscientização na preservação de suas nascentes e do seu mais importante rio, o Macuco. Volta e meia, muito lixo é encontrado percorrendo as águas do Rio Macuco, que sofre há anos com a falta de um programa de saneamento básico. Suas águas ainda recebem uma quantidade inaceitável de esgoto não tratado. Cerca de 70% de carga orgânica despejada in natura no rio, tornando-o “doente”.
Infelizmente, a estiagem prolongada vem trazendo novos hábitos aos consumidores da cidade. “Já não lavo mais roupas todo dia, mas deixo tudo para o final de semana e uso a capacidade máxima da minha máquina de lavar”, afirma a funcionária pública Alice Daudt.
A estiagem está desnudando, a total inadequação da água. A população também tem a sua parcela de culpa quando não administra bem a abertura de uma torneira, passando pelo banho demorado e finalizando na lavagem prolongada de veículos. “Para evitar esse colapso, será necessária intervenções sucessivas nos hábitos dos consumidores”, garante um técnico da Cedae.