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Iniciativa estimula a importância da conservação de espécies ameaçadas de extinção. Criação de unidades de conservação também faz parte das propostas
Cerca de 160 estudantes de cinco municípios afetados pelas fortes chuvas que atingiram a Região Serrana no mês de janeiro do ano passado participaram, dia 22 de setembro, de uma visita guiada à exposição ‘Abrace essas Dez!’, iniciativa da Secretaria do Ambiente (SEA) do estado do Rio de Janeiro, que faz parte da campanha pela preservação de dez espécies da fauna fluminense.
Moradores de Areal, Nova Friburgo, Bom Jardim, Petrópolis e Teresópolis, os alunos participam do curso Elos de Cidadania no Enfrentamento de Acidentes e Desastres Naturais, coordenado pela Superintendência de Educação Ambiental (Seam), da SEA.
Promovido no espaço de educação ambiental Encontro das Águas, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio, o evento teve longa programação – das 10h às 15h – e ofereceu aos visitantes apresentações musicais, palestras e oficinas de artesanato com material reciclável.
Presente ao evento, o secretário do Ambiente, Carlos Minc, distribuiu adesivos com fotografias das espécies ameaçadas de extinção, como o macaco muriqui, e uma cartilha com informações sobre o habitat natural desses animais, como eles vivem, o que comem e o que cada um pode fazer para evitar que eles desapareçam do ecossistema. Mas o que chamou a atenção dos estudantes e das crianças e pais que passeavam pela lagoa foram alguns bonecos de um metro de altura, espalhados em gramados, que representavam, como personagens de revista em quadrinho, os animais citados na cartilha.
– Você defende aquilo que você ama. E você só ama o que você conhece. O quadro negro é fundamental, mas não é suficiente. Os professores e alunos têm que visitar os parques e reservas da sua região. O que vocês estão aprendendo aqui e nos cursos deve ser levado para suas famílias e amigos. Temos que respeitar todas as formas de vida do planeta – disse Minc.
Ao apresentar um mapa indicando o habitat de cada espécie, Minc pediu ajuda aos estudantes e professores para defender a candidatura do macaco muriqui para mascote das Olimpíadas de 2016. “O muriqui é o maior primata das américas, com 1 metro e 30 centímetros. É muito carinhoso, adora abraçar a família e é endêmico da Região Serrana. Conto com vocês, rapaziada – afirmou Minc.
Além de campanhas em defesa da biodiversidade e cursos de educação ambiental, a SEA e o Inea estão investindo na criação e estruturação de unidades de conservação, a exemplo do Parque Estadual da Costa do Sol, criado no ano passado na Região dos Lagos, que protege áreas dos municípios de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio e Búzios.
A superintendente de Biodiversidade e Florestas da SEA, Alba Simon, responsável pela campanha ‘Abrace essas Dez!’, ressaltou a importância da conservação da flora para se preservar a fauna. “Uma depende da outra. Se você desmata uma área, entre outras consequências, você acaba com o alimento, interfere no clima, ou seja, desestrutura o ambiente natural do animal e ele morre”, disse.
Representantes das defesas civis dos municípios convidados estavam presentes na atividade, como o tenente Hamilton Thuller, morador de Nova Friburgo, que participou do salvamento de muitas pessoas soterradas pelos deslizamentos decorrentes das enchentes da Região Serrana. Hoje, Hamilton é um dos instrutores do curso Elos de Cidadania no Enfrentamento de Acidentes e Desastres Naturais, desenvolvido com as prefeituras.
Uma das alunas, Amanda Pereira, de 16 anos, conta que aprendeu nas aulas como se comportar em casos de alerta. “Todo morador de área de risco deve andar sempre com uma mochila com um kit de sobrevivência – uma muda de roupa, água, alguma comida e documentos. Saber onde é o ponto de apoio da sua cidade também é importante. Depois da capacitação, vamos passar nas casas dos moradores para dar essas dicas”, disse a jovem.
A superintendente de Educação Ambiental da SEA, Lara Moutinho da Costa, disse que o segundo passo do curso, depois de envolver as escolas na elaboração de um diagnóstico e do planejamento de ações para a comunidade do entorno, é envolver a população na execução desse plano de ação.
– A educação ambiental vem para estimular a participação do cidadão na vida pública de seu bairro e cidade. Em casos como o incidente da Região Serrana, se a população estivesse esclarecida e organizada, o número de mortes poderia ter sido menor. Junto às defesas civis, mapeamos os recursos humanos e materiais. Quem são os psicólogos? Onde pode ficar o ponto de apoio? Em diálogo com os moradores conseguimos responder a estas perguntas – afirmou Lara.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) é parceria da Superintendência de Educação Ambiental no programa Elos de Cidadania, que lista as dez espécies mais ameaçadas, devido a desmatamentos e caça, entre outras ações do homem. A maioria é originária da Mata-Atlântica, um bioma rico em biodiversidade que cobre mais de 20% do território fluminense: jacutinga, formigueiro-do-litoral, boto-cinza, cágado-do-paraíba, lagarto-branco-da-praia, mico-leão-dourado, muriqui, preguiça-de-coleira, surubim-do-paraíba e tatu-canastra.
Os investimentos na estruturação de unidades de conservação, são, para os especialistas, um grande avanço na preservação das espécies de maneira geral. O trabalho também pretende envolver a sociedade nas discussões e nas ações.