Jornal da Região 
Nas últimas duas semanas, a crise das queimadas tem chamado a atenção no Brasil. Uma grande nuvem de fumaça gerada pelos incêndios e o desmatamento tem encoberto grandes cidades e chegado também na região serrana do estado do Rio. De acordo com o MetSul Meteorologia, esse fenômeno é resultado, principalmente, das queimadas da Amazônia, na região Norte, onde os incêndios estão mais intensos.
De acordo com o instituto de meteorologia, ventos do Norte têm trazido a fumaça para a região sudeste, atingindo cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na região, cidades como Carmo, Cordeiro, Cantagalo e Nova Friburgo vem registrando uma grande quantidade de fumaça no céu.
Na última quinta-feira, 5, a cidade do Rio de Janeiro também amanheceu encoberta com névoa misturada à fumaça. Desde domingo (1º) foram registrados 23 focos de incêndio no estado, todos nas cidades do interior.
Poluição
O avanço das queimadas causa grande preocupação entre os ambientalistas, mas também em médicos e especialistas em saúde. Isso porque a densa fumaça vem acompanhada por gases tóxicos, como monóxido de carbono (CO) e material particulado fino (PM2.5), ou seja, partículas minúsculas que são suspensas no ar.
Todos esses componentes tóxicos são muito prejudiciais à saúde, e podem agravar doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
De acordo com a médica e pneumologista, Margareth Dalcolmo (em entrevista ao G1) “a exposição prolongada a esses compostos tóxicos pode gerar uma crise de saúde pública“. A especialista também ressalta que o país já vem registrando um “aumento das hospitalizações por problemas respiratórios e cardiovasculares”.
Em geral, essa mistura tóxica inclui os seguintes compostos: material particulado (PM2.5), monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio, e metais pesados.
A seguir, conheça um pouco mais sobre esses componentes e o que cada um pode causar à saúde, segundo pesquisa feita pelo portal G1.
- Material particulado (PM2.5)
O material particulado é formado por partículas muito pequenas presentes no ar poluído, como o causado pela fumaça das queimadas. O 2.5 do nome faz referência ao diâmetro de até 2,5 micrômetros dessas partículas, algo muito menor que um fio de cabelo, por exemplo. Por causa desse tamanho reduzido, elas são capazes de ser inaladas e penetrar profundamente nos pulmões.
- Monóxido de Carbono (CO)
O monóxido de carbono é um gás liberado principalmente pela queima incompleta de materiais como madeira, carvão e combustíveis. Ele é muito tóxico porque se liga à hemoglobina nas células sanguíneas, impedindo que o oxigênio seja transportado para os tecidos do corpo.
Ou seja, isso faz com que nossos órgãos fiquem privados de oxigênio, fundamental para a vida. Não tendo oxigênio, as células do nosso corpo não produzem energia e morrem. A longo prazo, os impactos ainda são difíceis de mensurar, mas sabe-se que a exposição contínua ao gás pode levar ao agravamento de várias condições de saúde.
- Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
Esse tipo de gás é emitido por substâncias sólidas e líquidas, como gasolina, pesticidas, fumaça de tabaco e muitos outros produtos. Mas, durante uma queimada, os COVs também são liberados no ar e podem aumentar o risco de problemas respiratórios e outros problemas de saúde.
- Óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio
Os óxidos de nitrogênio (NOx) vêm de várias fontes, como vulcões, raios, queimadas, bactérias, além de carros e combustíveis. Já o ozônio se forma quando certos gases, como os de veículos e indústrias, reagem com a luz do sol. Mas queimadas também o liberam.
Segundo o médico pneumologista Frederico Fernandes, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), os óxidos de nitrogênio podem provocar crises de asma, especialmente em crianças, com sintomas como chiado e falta de ar.
- Metais pesados
Metais pesados são elementos químicos densos que podem ser tóxicos, mesmo em pequenas quantidades. A fumaça pode conter metais pesados como chumbo e mercúrio, que são prejudiciais quando inalados. Eles podem causar problemas graves, pois sua toxicidade pode reduzir a energia e danificar órgãos importantes, como o cérebro, pulmões, rins, fígado e o sangue.
