“Guadalupe – A túnica do índio e a imagem”, por Júlio Carvalho

Guadalupe

Na semana passada, escrevi sobre a Imaculada Conceição e sobre Na. Sra. de Guadalupe. Hoje, para concluir o assunto, escreverei a respeito do manto do indígena e da imagem que nele se formou diante do bispo D. Zugárraga e de seus auxiliares.

01 – A túnica – os índios mexicanos usavam uma túnica tecida em teares primitivos, teares de cadeiras, que só produziam tecidos estreitos, com menos de um metro de largura e que, depois, eram costurados, formando tecidos mais largos.

O material usado era de fibras vegetais, de uma espécie semelhante aos nossos cactos, que duravam cerca de 15 anos quando bem cuidados.

Essa túnica era chamada de tilma, servindo para proteger o corpo contra o frio; sendo de grande importância para os indígenas que a consideram uma segunda pele, uma continuação do corpo. Durante a cerimônia de casamento, a ponta da tilma era amarrada à vestimenta da noiva, significando que o casal estava unido para sempre. Portanto, a tilma, além de proteção ao corpo, se revestia de importantes significados culturais e religiosos para os mexicanos.

02 – Em 12 de dezembro de 1531, quando o índio Juan Diego abriu sua túnica para que as rosas caíssem ao chão diante do bispo, na túnica surgiu a imagem de Na. Sra. de Guadalupe. Imagem de uma mulher com o ventre protruso, mostrando que ela se encontrava grávida. Faltavam 13 dias para o Natal.

03 – A mulher que aparece na imagem tem todas as características dos índios mexicanos: o cabelo é penteado como das mulheres virgens do povo mexicano, repartido ao meio, caindo de cada lado da cabeça sobre a parte anterior do corpo. As mulheres casadas usavam outro tipo de penteado, duas tranças presas na parte superior da cabeça.

O rosto é largo e arredondado, com os olhos amendoados, em oblíquo; e, quando se dirige ao índio, fala a língua do povo indígena.

 

O índio e a imagem
O índio e a imagem

 

04 – A imagem que aparece não foi pintada, não existindo qualquer sinal de uso de pincéis. O químico alemão Richard Kuhn, ganhador do Prêmio Nobel em 1938 e 1949, não encontrou na imagem vestígios de tintas de origem vegetal, mineral ou animal. A imagem possui tonalidades que não existam nas tintas usadas em 1531.

05 – Em 1979, o biofísico Phillip Serna Callahan, com especialistas da NASA, examinou minuciosamente a imagem, e, depois de várias fotografias infravermelhas, concluiu que não se trata de pintura nem fotografia, que a imagem se encontra 3 décimos de milímetros afastada das fibras do tecido.

06 – As fibras vegetais da túnica indígena, que deveriam durar cerca de 15 anos, estão íntegras até hoje, 492 anos depois do ocorrido, apenas com algumas manchas decorrentes do manuseio do mesmo.

07 – As estrelas existentes no manto da mulher repetem as constelações do céu mexicano na época do ocorrido.

08 – As cores do rosto, das mãos e da roupa da mulher sofrem o fenômeno da refração, alterando de cor conforme a incidência da luz, o que não seria capaz de ser feito por qualquer pintor em 1531.

09 – A tecido da túnica apresenta resistência química, já sofrendo dois acidentes com ácido nítrico e ácido muriático. Em 1785, um trabalhador acidentalmente deixou cair ácido nítrico sobre o tecido, que não foi corroído, o mesmo acontecendo, em 1791, com ácido muriático.

10 – Resistência a explosão – Em 1921, um cidadão colocou uma bomba dentro de um vaso com rosas e o depositou aos pés do quadro de Na. Sra. de Guadalupe; ao explodir, um crucifixo de metal e os castiçais do mesmo material, foram lançados à distância retorcidos, os vidros foram partidos, enquanto o vidro de proteção do quadro permaneceu íntegro, o mesmo acontecendo com a túnica indígena e a imagem nela existente.

 

Os olhos da imagem no manto
Os olhos da imagem no manto

 

11 – Exame dos olhos da mulher – A pupila dos olhos da mulher da tela tem 8 milímetros de diâmetro, todavia, com o uso do microscópio eletrônico, com aumento de 2.500 vezes, pode-se ver um conjunto de treze pessoas: o índio Juan Diego abrindo sua túnica, o bispo Zumárraga, o interprete, uma empregada ou escrava do bispo, uma família de seis pessoas e mais três indivíduos. Chegou-se à conclusão de que ninguém poderia realizar essa pintura em espaço tão exíguo.

O Papa Bento XIV, em 1754, declarou em relação à tela: “Tudo nela é milagroso; uma imagem que provém das flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… Uma imagem estampada em uma tela tão rala que, através dela, podem se ver o povo e a nave da igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outa nação”.

Depois desses acontecimentos narrados, só me resta escrever o que Jesus disse para Tomé: “Creste, porque me viste. Felizes os que creem sem ter visto. (Jo 20,29).

Que a leitura de hoje conduza todos a um FELIZ E SANTO NATAL.

 

Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo
Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo

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