Foto de capa: Guga de Paula quando recebeu o Prêmio de Prefeito Empreendedor
Henrique Frauches (1910/1985) foi prefeito de Cantagalo por dois mandatos – 1955/1959 e 1963/1967. No primeiro, eu não estava em Cantagalo. Trabalhava na Assembleia Legislativa, por onde me aposentei. Mas sempre que podia vinha visitar meus pais para matar saudades deles, dos amigos e de parentes da família Costa. Henrique sempre falava das conversas com o amigo Wilder de Paula, nascido em Porto Marinho, em 24 de setembro de 1927, filho de Affonsina Lima de Paula e de Augusto Bernardo de Paula. Quando meus pais mudaram para Niterói, Guga deveria ter uns oito anos de idade e eu 23.
Wilder era para Henrique um político com grande possibilidades de ser vereador e prefeito de Cantagalo. Via nele um bom administrador dos negócios. Poderia ser um bom gestor da coisa pública. Quando terminou o mandato, em 5 de fevereiro de 1959, meus pais mudaram para Niterói. Saí da pensão que residia e fui morar com meus pais. Mas Henrique me pediu para não transferir o meu domicílio eleitoral, porque o Wilder ainda seria prefeito. Dito e feito. Passados dezessete anos, foi eleito, em 1976, pelo então Partido Social Democrático (PDS), comandado pelo coronel Manoel Marcelino de Paula, para mandato de seis anos. E outros mandatos vieram em consequência de sua competência e lisura no exercício do cargo.
Em 1963, Henrique volta a ser prefeito de Cantagalo. O Wilder cedeu uma casa, das duas que ele desmembrou do casarão construído pelo pai, Augusto Bernardo de Paula, para morarmos na rua Cel. César Freijanes, hoje Wilder Sebastião de Paula, no trecho que sai da rua Euclides da Cunha até o antigo casarão. Éramos vizinhos. E os papos continuaram. Nesse ano, conheci e tive contatos com o Guga. Ele estava na adolescência. Não via nele, nesse período, vocação para a política, creio que esse era o sonho do pai. O próprio Guga afirma isso em recente entrevista a este JR.
Somente na maturidade o médico veterinário Joaquim Augusto Carvalho de Paula ingressa na política, sendo eleito prefeito em 2004. Ele estava com 52 anos de idade. Encontrou um caos na Prefeitura, totalmente endividada e sem prestígio perante o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Colocou as contas em dia e iniciou sua jornada vitoriosa à frente da Prefeitura. Foi condecorado como Prefeito Empreendedor pelo Sebrae, em uma solenidade em Brasília, à qual compareci e lá estavam o prefeito Guga de Paula, sua esposa Jussara e o saudoso amigo Joel Naegele, secretário de planejamento. O presidente do Sebrae entregou pessoalmente o prêmio ao nosso prefeito. Momentos de alegria para um cantagalense como eu.
Guga demonstrou, ao longo de seus quatro mandatos, possuir lisura em todas as suas ações. Quando falo isso, alguns retrucam: “mas honestidade é obrigatória”. Creio que as pessoas que pensam assim não conhecem a maioria dos dirigentes políticos e governamentais. Ou fingem não conhecer. A começar pela gestão dos poderes públicos. É a lisura que manteve o prefeito Guga de Paula até este quarto mandato, com as contas aprovadas pelo TCE-RJ.
O digital Serra News noticiou, quando Guga foi eleito em outubro de 2020, que voltava ao poder municipal “o melhor prefeito da história de Cantagalo, recordista em obras públicas”. Afirmativa com a qual concordo plenamente.
Sempre que vinha a Cantagalo, de Niterói ou Brasília, encontrava Guga, às vezes casualmente. Papos de amigos ocorriam, geralmente, em torno da política cantagalense e dos amigos comuns.
Quando retornei a Cantagalo, em novembro de 2020, visitei as vilas dos distritos e fiz um rolê pela nossa cidade. Em todos esses lugares encontrei obras públicas, como construção e reforma de escolas, ruas asfaltadas, construção e reforma que serviços de saúde, a restauração da estação de trem de Euclidelândia, construção do Centro Cultural Amélia Thomaz, restauração da Biblioteca Municipal Acácio Ferreira Dias, além de outras obras.
Guga não é perfeito. Tem fragilidades em alguns setores de sua administração e nas relações com terceiros. A Prefeitura tem secretarias em excesso; o setor cultural foi desprezado por muito tempo; educação e cultura devem caminhar juntas; em 2023, Guga passou praticamente a gestão para o chefe de gabinete, sinal de que a rotina de prefeito já não lhe agradava, estressava. Lembro-me do comentário de um vereador na discussão de algum tema da pauta em uma sessão plenária da Câmara Municipal: “O Guga que conhecíamos não existe mais”. Ou seja, o Guga empreendedor, gestor competente, etc, está em recesso…
A população quer muito mais e um fato recente, divulgado amplamente pelas mídias, repercutiu negativamente, como registraram as redes sociais. Li os comentários sobre esse fato. 99% ignoraram o passado produtivo, empreendedor do prefeito Guga de Paula, com comentários de pessoas que pensam que são perfeitas. Creio que nem eu poderia atirar a primeira pedra. Esqueceram do Guga empreendedor, dinâmico, correto. Talvez ele esteja sendo afetado pela rotina que conhece e cumpre desde 2004, na Prefeitura. E isso pode ser estressante.
Nenhum ser humano é perfeito. Todos, pelo menos uma vez na vida, erramos, fizemos fofocas, falamos mal da vida dos outros, não perdoamos aos que nos ofendem, etc. Esses são os menores. Mas há outros desvios de personalidade e crimes muito mais graves. Vou parar por aqui. Cada um de nós deve fazer um exame de consciência e se posicionar no lugar do outro, neste caso, do prefeito Guga de Paula. No meu e em seu lugar, o que faria Jesus, o modelo cristão do ser humano?
Ao amigo Guga de Paula, aconselho – conselho que ele não me pediu −: seja resiliente, tenha a capacidade de enfrentar e superar adversidades, como as que passa neste momento, corrija seus pontos fracos e volte a ser o melhor prefeito da história de Cantagalo.