“Heloysio Teixeira: grutas, poesias…”, por Celso Frauches

Heloysio inicia o seu trabalho de pesquisa na Gruta Pedra Santa

Heloysio Alonso Teixeira é um amigo desde a minha juventude em Cantagalo. Essa amizade perdura até hoje. Com ele tenho conversado sobre as grutas de Cantagalo, uma de suas atividades de pesquisa mais importantes. Pesquisou e conhece as grutas Pedra Santa e Santo Antônio, em Euclidelândia, e Novos Tempos, no distrito de Boa Sorte.

Heloysio é filho de Waldemar Teixeira e Carmem Alonso Teixeira. Nasceu em 27 de novembro de 1937. O antigo curso primário foi realizado no Grupo Escolar Lameira de Andrade. Fez o curso de admissão ao ginasial com a professora Dulce Lutterbach, assim como eu. Também cursou o ginasial no Ginásio Municipal Euclides da Cunha e o Técnico de Contabilidade no Colégio do mesmo nome. Pelas mãos do nosso amigo comum, Ewandro do Valle Moreira, foi professor de Contabilidade Pública, Industrial, Bancária e Comercial no referido colégio. Obteve qualificação em Administração — Administração de Materiais, Administração por Objetivos, Administração Estratégica de RH e Administração de Salários — pela Fundação Getúlio Vargas, unidade paulista.

Exerceu cargos na administração pública estadual, com passagens nas secretarias de Agricultura e Educação. Em seguida, assumiu as funções de Assistente do Departamento de Pessoal da Fábrica Alvorada. Teve uma boa experiência no Grupo Votorantim, na Fábrica de Cimento Rio Negro, onde implantou um sistema de administração de materiais. Em virtude de seu bom desempenho nas funções exercidas, foi promovido a Chefe de RH, onde criou o Grêmio dos funcionários, além de vários projetos inovadores para essa área da administração.

 

O grupo de pesquisas das grutas de Cantagalo dá início a mais um dia de trabalho, na Gruta Pedra Santa, no distrito de Euclidelândia. Da esquerda à direita da foto, Bento Lisboa, Berê, Brás Murtinho, Marcos Lutterbach e Heloysio
O grupo de pesquisas das grutas de Cantagalo dá início a mais um dia de trabalho, na Gruta Pedra Santa, no distrito de Euclidelândia. Da esquerda à direita da foto, Bento Lisboa, Berê, Brás Murtinho, Marcos Lutterbach e Heloysio

 

Admirava os seus solos de clarinetista na tradicional banda da Sociedade Musical XV de Novembro. Uma de suas atividades mais ricas em experiências exitosas.

Heloysio é o típico ser inquieto, sempre inconformado com a rotina e, após tantas lutas, ainda espera que a vida lhe traga surpresas.

Certamente serão bem-vindos o reconhecimento e o apoio do Instituto Estadual do Ambiente — INEA e demais autoridades, para que as grutas de Cantagalo ocupem o destaque que merecem. Nunca é tarde para se ter uma esperança.

Em 1990, apresentou a Cláudio Chagas Freitas, presidente da antiga Cedae, pesquisas realizadas na gruta Pedra Santa, sob a orientação do seu amigo Bento Luiz Lisboa, um dos pesquisadores mais sérios de Cantagalo. Após aprovação do presidente da Cedae, esse acervo sobre as grutas de Cantagalo foi divulgado pelo Jornal RJ/TV e no Fantástico da TV Globo, com amplo sucesso de audiência.

Mas além das atividades profissionais e das pesquisas das grutas de nosso município, Heloysio é uma poeta reconhecido por entidades fluminenses e compositor de melodias premiadas. É vencedor do 16º Concurso Nacional de Poesia Silvestre Mônaco, com a poesia Fragmentos. Por essas e outras proezas será nosso entrevistado na próxima semana para o Museu de Imagem e Som de Cantagalo (MISC).

Para encerrar essa brevíssima biografia do amigo Heloysio, transcrevo, na íntegra, a poesia Fragmentos:

Veleiro teimoso singra o oceano banhado de sol ardente…
cansado de lutas, o casco rasgado, o mastro quebrado, já não pode aportar…
o vento que sopra, sacode seu corpo, muda seu rumo, bate na proa, visita o convés…
o sol que lhe queima não sabe a idade
do velho veleiro e sem piedade aquece bastante sua âncora parada…
a estrela-cadente, sem pena, deixa a noite chegar
e com ela a solidão é mais forte, é parente da morte e a bombordo não há coração…
não tarda, a tormenta que agita o veleiro lhe beija primeiro como um judas do mar
pra depois, com certeza, engolir sua presa que não vai voltar…
a onda que bate, o trovão que ensurdece, o raio que risca a intimidade do mundo, visitam
o chão mais profundo
e vão raivosos juntar suas forças incríveis às forças terríveis das serpentes do mar…
e voltam arrasando o que há pela frente
e, não tarda, o veleiro se arrebenta em pedaços
mas seus fragmentos permanecem no mar…
porém, se algum dia estiveres na praia e perceberes destroços,
pensa que não estás sozinho e que, de repente,
morreu a serpente e o trovão se calou
porque, na verdade, o pedaço que chega atingiu o apogeu…
é o que resta do barco, destruído no mar, que vem te beijar, meu filho — sou eu!

 

Celso Frauches
Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.

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