“Henrique Frauches: o homem, a família”, por Celso Frauches

Américo Fernandes Frauches e esposa Maria Christina, com os cinco filhos mais novos e a babá, em 1915.

Henrique Luiz Frauches nasceu em 22 de maio de 1910, dia de Santa Rita de Cássia, na Fazenda Panorama, distrito de Frecheiras (hoje, Funil), no município de Cambuci (RJ). É filho de Américo Fernandes Frauches e de Maria Christina Frauches, neto de Henrique Fernandes Frauches, bisneto de Jean Abram Frauche, imigrante suíço, da Colônia Nova Friburgo, patriarca da Família Frauches no Brasil; avós maternos: Francisco Pereira Braz e Christina Pereira Braz. Jean Abram Frauche era casado com Anne-Marie Lugon-Moulin, do cantão de Valais, imigrante suíça como ele, filha de Joseph-Elie Lugon-Moulin e Genevieve Lugon.

Sede da Fazenda da Serra (Criação artística do designer gráfico, Júlio César Alves Araújo, de Brasília, DF).
Sede da Fazenda da Serra (Criação artística do designer gráfico, Júlio César Alves Araújo, de Brasília, DF).

Henrique foi batizado na Igreja Católica, Apostólica, Romana, em 25 de dezembro de 1910, na Matriz de Santo Antônio de Pádua, Bispado de Campos (RJ), na cidade do mesmo nome, no Norte fluminense, pelo Pe. Domingos José de Maio, tendo como padrinhos Januário Pereira Braz e Elvira do Carmo Abreu.

A mãe de Henrique faleceu em 26 de maio de 1929, pouco tempo depois da mudança para a Fazenda da Serra, quando ele estava com dezenove anos de idade. Maria Christina deixou órfãos, além de Henrique, mais os filhos Brasilino, Guilherme, Francisco (Chiquinho), Alice, Américo Jr., Maria José (Zezé), Antônio, Antonieta, Manoel e Jarbas, o caçula.

O pai de Henrique, Américo, casou-se pela segunda vez, com Thereza Caruzo Frauches, com a qual teve três filhos. Quando faleceu, em 19 de março de 1942, deixou órfãos os filhos do segundo casamento: Vicente, Celeste e Geraldo. Todos os filhos de Américo Fernandes Frauches estão mortos.

Henrique mudou-se para Cantagalo quando seu pai se transferiu de Santo Antônio de Pádua para a Fazenda da Serra, no distrito de São Sebastião do Paraíba. Ele tinha quinze anos. Aqui ele cursou o antigo primário, de três anos, no Colégio Euclides da Cunha, do prof. Manoel Vieira Batista, no Palacete do Gavião, em regime de internato.

Casa onde nasci, de Henrique e Telva, na Fazenda da Serra, também criação do designer gráfico Júlio César Alves Araújo

A Fazenda da Serra era uma propriedade com cinquenta e seis alqueires “de terras em cultura, pastos, capoeira, matos, com benfeitorias, confrontando com as Fazendas Bem Posta, São Thomaz, Vargem Grande, com Francisco Pacheco Couto, Gastão Henrique do Carmo, Manoel Gonçalves e herdeiros de Rufina Maria da Conceição”, conforme consta da escritura do imóvel. A Fazenda da Serra tinha uma sede imponente, espaçosa, de dois andares, ficando a parte de baixo para os suprimentos e os escravos.

Na Fazenda da Serra, Henrique aprendeu todos os afazeres do campo: preparar a terra (arar), plantar, cultivar e colher, na lavoura; na pecuária, cuidar, abater e negociar gado (bois, cavalos, porcos, caprinos), tirar leite. Aprendeu, ainda, os ofícios de sapataria e marcenaria. Fazia os chamados carros de boi, para seu próprio uso ou para terceiros. Era fabricante registrado de rapadura. Mesmo quando era administrador e depois proprietário da Fazenda da Serra, Henrique consertava o sapato dos colonos e dos membros da família.

No período de 1935 a 1939, Henrique trabalhou na propriedade do pai, fazendo de tudo. No entanto, em 1940, quando eu estava com quatro anos de idade, ele resolveu mudar radicalmente a sua vida. Foi ser comerciante, no município de Pirapetinga (MG), do outro lado do Rio Paraíba do Sul. A casa comercial era um verdadeiro bazar, situada dentro da fazenda de um dos mais ricos fazendeiros da região – Oto Rubach. Ali permaneceu por, mais ou menos, dois anos.

Depois, transferiu-se para o Porto do Tuta, povoado do distrito cantagalense de São Sebastião do Paraíba, às margens do Rio Paraíba do Sul, onde continuou com o negócio de “secos e molhados”. Por volta de 1943, retornou à Fazenda da Serra, em virtude do falecimento de seu pai.

Henrique e Telva, em 1935, antes do casamento
Henrique e Telva, em 1935, antes do casamento

Henrique casou-se com Etelvina (Telva) da Costa Frauches, em 28 de julho de 1935, na vila de São Sebastião do Paraíba, perante o juiz de paz Eurico de Souza Coelho e como testemunhas Joaquim Jorge Brasil, Thereza Caruso Frauches (madrasta), Cid de Souza Costa (cunhado) e Davina (Dave) Ferreira da Costa, irmã de Telva. Desse casamento tiveram um filho, eu, que nasci em 27 de outubro de 1936. Henrique e Telva foram morar numa casa na parte baixa da Fazenda da Serra, onde nasci.

Telva nasceu em 28 de abril de 1911, na fazenda de seus pais, Pedro Coelho Vaz da Costa e Etelvina Cosendey Ferreira da Costa, às margens do Rio Paraíba do Sul, entre os povoados de Porto do Tuta e Porto Marinho. Foi a companheira de todas as horas, sempre ao lado de Henrique em sua trajetória. Faleceu em 14 de dezembro de 1963, no hospital de Bom Jardim.

Henrique, após ficar viúvo, casou-se em 5 de fevereiro de 1972, com Marialva Braga Frauches, que reside em Niterói.

Exerceu, ao longo de sua vida, as seguintes funções principais: agricultor, fazendeiro, administrador e proprietário da Fazenda da Serra, marceneiro, sapateiro, comerciante, secretário da Prefeitura de Cantagalo (1947/1954), técnico de contabilidade da LBA – Legião Brasileira de Assistência – (1955/1980), por onde se aposentou, e prefeito do município de Cantagalo (RJ), por duas vezes (1955/1958 e 1963/1967).

Em 1949, casado e residindo na cidade de Cantagalo, onde era secretário da Prefeitura, Henrique retornou aos estudos, ingressando no curso ginasial do Colégio Euclides da Cunha. Concluiu o curso em 1952, com excelente aprendizagem. Em seguida, cursou e concluiu, em 1955, Técnico de Contabilidade, no mesmo colégio, quando já exercia o mandato de Prefeito de Cantagalo, pela primeira vez.

Celso Frauches
Celso Frauches

Henrique era reconhecido por todos que estavam em torno dele como um ser humano calmo, tranquilo, paciente, generoso, honrado, esposo e pai inigualáveis, um educador.

Homem politizado, assinante do diário de maior circulação da época – O Jornal -, lia livros e revistas – O Cruzeiro, por exemplo -, e, assim, mantinha-se atualizado com o que se passava no Brasil e no mundo. Era um ser político esclarecido e antenado com os cenários de sua época. Tinha uma formação integral.

Convidado, em 1947, pelo coronel Manoel Marcelino de Paula, líder e dirigente do então Partido Social Democrata (PSD), assumiu a Secretaria da Prefeitura de Cantagalo em outubro desse mesmo ano. Iniciou o exercício do cargo poucos dias antes da posse do novo prefeito, Costa Sobrinho. Mas o político e administrador público será o tema do próximo artigo.

Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.

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