‘Hoje, a situação da instituição é instável’

Entrevista: Lúcio Gomes Bon, presidente da Associação Pestalozzi de Cantagalo

Comemorando seus 40 anos, completados no último domingo, 21 de abril, a Associação Pestalozzi de Cantagalo presta relevantes serviços a toda a região, mas enfrenta sérias dificuldades, conforme explica, em entrevista, o presidente da entidade, Lúcio Gomes Bon, à frente da instituição há 38 anos. Segundo ele, os benefícios poderiam ser muito maiores se houvesse uma maior participação do poder público e da própria sociedade. “Mas mantemos a entidade a duras penas”, diz.

 

 

JORNAL DA REGIÃO (JR) – Como foi a criação e o que é, exatamente, a Associação Pestalozzi de Cantagalo?

LÚCIO BON – A criação da Associação Pestalozzi de Cantagalo deu-se através de entendimento entre a Associação Pestalozzi de Niterói,  por intermédio da Drª Lizair Guarino Guerreiro, com um grupo de cantagalenses formado por Dr. Nilo Teixeira Rodrigues, sua esposa Nilce Nilda Machado Rodrigues, José Nascimento Júnior, José Quererá e outros. Juntos, decidiram, então, pela criação da Associação Pestalozzi de Cantagalo, que, a 21 de abril de 1973, foi consumada a sua legítima fundação, tendo como seu primeiro presidente o Dr. Nilo Teixeira Rodrigues. A instituição foi criada com a finalidade de atender a crianças e adolescentes com deficiência mental, prestando-lhes todo tipo de assistência necessária, que, por seu desenvolvimento mental, aptidões ou caráter excepcionais, necessitam de assistência individual ou ambiente médico-pedagógico especialmente orientado. O nome Pestalozzi é oriundo da suíça, através de Johann Heinrich Pestalozzi, cujo movimento pestalozziano chegou ao Brasil há mais de 80 anos. É de suma importância ressaltar que a área pertencente à Pestalozzi, de 16.220 m², foi adquirida na gestão de Dr. Nilo Teixeira Rodrigues, por iniciativa do então secretário de Agricultura do estado do Rio de Janeiro, João Carlos Abreu.

 

JR – Desde quando está envolvido com a Pestalozzi de Cantagalo e há quantos anos é presidente da entidade?

LÚCIO BON – O nosso envolvimento data de 1975, presidindo a instituição há 38 anos.

 

JR – Na figura de cidadão, como define o sentimento de abraçar uma causa como a da Pestalozzi?

LÚCIO BON – Após muitas incertezas quanto ao futuro, assumimos a presidência da diretoria no ano de 1975. E, já tendo conhecimento das pretensões e objetivos do movimento, resolvemos empunhar esta bandeira, que, apesar das grandes dificuldades e incompreensões do poder público, conseguimos, juntamente com o apoio da comunidade, e em especial José Quererá, Dr. Nilo, sua esposa Nilce Nilda e toda diretoria, chegar até os dias de hoje. Vale ressaltar que, ao assumirmos a presidência, designamos uma comissão que deu início à arrancada decisiva, comissão esta composta por João Barranco, Zezinho Lage, Cleber Matos e Francisco de Paula, tendo como grande incentivador e colaborador o Dr. César Goulart.

 

JR – Qual o maior desafio da entidade atualmente?

LÚCIO BON – Atualmente, o maior desafio da instituição é adotar uma política sustentável, criando, para isto, setores produtivos que possam angariar recursos visando à ampliação, manutenção e, por conseguinte, o equilíbrio financeiro.

 

JR – Em todo o país, a inclusão social é tema em evidência. Qual a sua opinião sobre o assunto?

LÚCIO BON – Fala-se muito em inclusão social, embora os órgãos administrados pelo governo não usem esta prática de inclusão, pois, as escolas de educação regular não estão preparadas e adequadas para absorver esta clientela carente de atendimentos especializados.

 

JR – A quantas pessoas a Pestalozzi presta assistência na região?

LÚCIO BON – A Associação Pestalozzi de Cantagalo atende crianças e adolescentes com deficiência no município de Cantagalo (sede), além dos distritos e municípios vizinhos, num total de 220 usuários diretos e mais de 660 indiretos. Já passaram pela instituição mais de 1,5 mil usuários de diversas patologias.

 

JR – O quadro de funcionários e profissionais especializados é essencial para o bom atendimento prestado aos especiais. Quantos funcionários tem a Pestalozzi? A direção da entidade tem dificuldades na área?

LÚCIO BON – Respeitadas as dificuldades financeiras e o apoio do poder público, o quadro de funcionários é preponderante para o funcionamento da instituição. Atualmente, temos, em nosso quadro de profissionais, 33 funcionários em diversos setores.

 

JR – A Pestalozzi já faz parte da sua história de vida. Cite suas alegrias e tristezas na entidade.

LÚCIO BON – É claro que faz, pois convivendo por 38 anos com crianças, adolescentes, técnicos e funcionários em geral, e prestando relevante serviço à nossa comunidade, fato que muitos governantes não percebem, só nos dá alegria, satisfação e a certeza do dever cumprido. Tarefa esta que é do poder público.

 

JR – Quais os convênios que a entidade mantém e quantas pessoas são beneficiadas?

LÚCIO BON – Mantemos convênio com o Governo Federal, para atendimento de 156 usuários com alimentação, transporte, uniforme e a área psicopedagógica, através do Programa PSEMC (Prática Social e Especial de Média Complexidade), com um valor de R$ 5.425,96 mensais. Convênio este de 1995, sendo que, até hoje (2013), nenhum reajuste foi concedido. Na época, o salário mínimo era de R$ 70 e, hoje, esse valor está quase dez vezes mais, e a per capita congelada.

Mantemos, também, convênio com a FIA/RJ (Fundação para a Infância e Adolescência), com atendimento de 45 usuários na modalidade convivência dia, com um valor de R$ 15.299,32, recursos estes destinados a cobrir os gastos com pessoal e encargos do programa. E, também, com a Prefeitura de Cantagalo, com a sessão de combustível e funcionários, que, há três anos, eram 13 e, atualmente, são apenas quatro, lacuna esta que está sendo coberta a duras penas pela instituição.

 

JR – Para finalizar, qual a atual situação da Pestalozzi?

LÚCIO BON – Hoje, a situação da instituição é instável. Passamos por tudo já dito nos itens anteriores, felizmente, neste ano de 2013, conseguimos, voluntariamente, um expressivo parceiro, que é o Poder Judiciário de Cantagalo, através do juiz da Comarca de Cantagalo, Márcio Barenco Corrêa de Mello e sua equipe. Aproveitamos a oportunidade para solicitar o apoio e a colaboração dos ilustres leitores deste conceituado jornal, indicando a agência e conta da instituição para que possam fazer a sua doação: Banco do Brasil, agência 0107-4, conta corrente 9942-2 – Cantagalo-RJ. Desde já agradecemos.

Ver anterior

Aula de jiu-jitsu, na Academia Ducorpo, completa um ano de atividade

Ver próximo

Tiro de Guerra participa de desfile em São Sebastião do Alto

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Populares

error: Conteúdo protegido !!