“Independência – Parte 2”, por Dr Júlio Carvalho

Grito da Independência

Grito da Independência

[LEIA A PARTE 1 DESTE ARTIGO NESTE LINK]

 

O desejo de liberdade e de independência do Brasil não cessava de aumentar. Cada vez que as Cortes de Lisboa limitavam os direitos dos brasileiros e do Príncipe D. Pedro, as revoltas e manifestações brasileiras aumentavam.
Relatam alguns autores que duas pessoas tiveram importância fundamental na decisão de D. Pedro: sua esposa Da. Leopoldina e José Bonifácio de Andrade e Silva. Quando retornava de uma viagem a Santos, às margens do Ipiranga, o Príncipe Regente recebeu um emissário do Rio de Janeiro, com correspondência de Lisboa, com medidas severas contra o Brasil e o próprio Príncipe, havendo, também, uma carta de Da. Leopoldina que o estimulou a proclamar a independência.

Alguns declaram que o Príncipe estava acometido de uma violenta gastroenterite, profundamente abatido e desidratado, montado em uma mula, uma vez que os cavalos não tinham resistência para atravessar a Serra do Mar; todavia, o pintor Pedro Américo, ao elaborar o belíssimo painel da Independência do Brasil, desenhou um elegante D.Pedro, montado em um garboso corcel branco, pois não ficava bem desenhá-lo abatido e montado em uma mula.
Proclamada a Independência, ela não foi bem aceita em todo território nacional, ocorrendo alguns focos de resistência a favor de Portugal.

Em Niterói, um militar lusitano colocou-se contra. O próprio D. Pedro, à frente de militares, atravessou a baia de Guanabara e acabou com a resistência.

Na Bahia, o general Madeira, comandante português, não aceitou a independência brasileira, permanecendo solidário a Portugal. O povo baiano entrou em luta contra as tropas portuguesas, estas invadiram o convento da Lapa, onde foi morta a madre superiora Joana Angélica, ao tentar impedir a invasão.

Não podendo vencer os portugueses, bem armados, os brasileiros se concentraram no Recôncavo Baiano, bloquearam a cidade de Salvador, criando sérias dificuldades para as tropas fieis ao rei português. Nessas lutas, uma mulher se destacou, Maria Quitéria de Jesus Medeiros, mais tarde agraciada com a medalha da Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul. Muitos morreram nesses combates.

Em maio de 1823, uma esquadra chefiada pelo Almirante Lorde Cochrane, chegou à Bahia, bloqueando Salvador pelo mar. O general Madeira, que já estava bloqueado por terra pelos brasileiros, acabou por se entregar, no dia 2 de julho de 1823. Data em que os baianos comemoram a independência.

No nordeste, Maranhão e Piauí, que formavam uma unidade, se opuseram à Independência do Brasil. O governador do Maranhão mantinha mais contato com Lisboa do que com o Rio de Janeiro. Bem armados, os portugueses resistiram e vários choques ocorreram.

Segundo o Prof. Johny Santana de Araújo, o interior aderiu à independência, tropas portuguesas se deslocaram da capital maranhense em defesa de Portugal, ocorrendo o choque às margens do rio Jenipapo, em Campo Maior. Os brasileiros, que defendiam a independência, se armaram com espingardas de caça, facões, foices, enxadas e outros instrumentos agrícolas. O embate dos mais violentos deixou cerca de 400 vítimas, no dia 13 de março de 1823.
No dia 28 de julho de 1823, a esquadra do Almirante Cochrane chegou a São Luís, ameaçou bombardear a cidade e os portugueses se renderam, sendo presos.

Conquistado o Maranhão, faltava o Grão-Pará, fiel ao rei de Portugal. Lá chegando o Lorde Grenfell, no comando do navio Maranhão, reprimiu com violência a agitação, determinou a prisão de cerca de 300 pessoas no porão do navio, mandou que fosse jogado cal sobre as mesmas, que morreram asfixiadas.

Saneadas as províncias do norte e nordeste, o almirante Lorde Cochrane partiu rumo à província Cisplatina (atual Uruguai), que também permanecia ligada ao governo português. Cinco navios da esquadra brasileira bloquearam Montevideo, obrigando a rendição dos lusitanos no final de 1823; portanto, as guerras pela Independência do Brasil duraram cerca de dois anos, derramando muito sangue para que ocorresse a sua consolidação, podendo ser necessária o seu retorno toda vez que a soberania nacional for ameaçada.

Como se vê, a Independência do Brasil não foi tão romântica como aparece no Grito do Ipiranga; o grande mérito do Imperador D. Pedro I foi, graças a sua energia, a manutenção da unidade nacional, impedindo que o Brasil se fragmentasse, como ocorreu com a enorme colônia espanhola da América do Sul dividida em quase dez países. Esse foi o grande trabalho de D.Pedro I, posteriormente, Pedro IV de Portugal.

 

Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo
Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo

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