Curta-metragem “Encontro dos Rios” terá pré-estreia e estreia em Cordeiro
Mais uma maratona chegando ao fim no calendário cristão. Em dezembro, é preciso só mais um pouco de fôlego, antes da linha de chegada, ou seja, a fenda temporal que separa um ano do outro. Lembra Drummond, para o milagre dessa renovação: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial”.
Jano, deus da mitologia grega, tinha duas faces: uma olhando para o passado e a outra olhando para frente; passado e futuro em uma só personagem. Em homenagem a esse deus, janeiro floresce esperança, ainda que o futuro pareça nebuloso a alguns.
A lista das simpatias e promessas já começa a ser preparada para a transformação tão desejada: roupa branca para trazer paz, sete ondinhas bem puladas, sementes de romã, calcinha vermelha se procura o amor, amarela caso precise de dinheiro. A criatividade é livre. Mesmo àqueles em que o cansaço e a dor fazem morada, há, em algum lugar, um certo alívio pelo fim de mais um ano.
Existem também os que, em vez de esperarem um milagre dos céus para uma vida boa, olham para dentro de si em busca das causas para as consequências que geraram ao longo do ano. Assumem a responsabilidade pelo atual estado no qual se encontram. Isso é nobre, para dizer o mínimo.
À medida que o ponteiro do relógio se aproxima de marcar o término de dezembro, é inevitável não olhar para trás e refletir sobre os últimos passos. O que conquistamos? O que perdemos? Quanto crescemos?
Para uma nova direção, nestes últimos dias, podemos frear a corrida e caminhar mais lentamente. Não importa quanto se corra, 2024 chegará para todos, no mesmo instante.
Um bom conselho seria o de Oswaldo Montenegro: faça uma lista. Faça uma lista das pessoas que entraram em sua vida e pintaram com mais cores os seus dias. Coloque também aquelas que lhe retiraram a paz em troca do caos: “Faça uma lista dos sonhos que tinha e os que você desistiu de sonhar.” – lembra o poeta. Parafraseando-o, faça uma lista dos amores vividos, e quais realmente valeram a pena.
O fim de um ano sempre será uma promessa de um novo começo. Ao longo de doze meses, escreve-se um grande capítulo de uma história, como a batida de uma música, com tons mais graves, outros nem tanto.
Em poucos dias, será possível rascunhar mais uma parte desse livro em branco, chamado vida. Que história será contada por você? Se me permite, abasteça com firmeza a caneta e tenha aos olhos um papel em branco, sem dolorosas marcas do passado. Ah! E lembre-se de inspirar o leitor para que ele se veja mais encorajado diante das imperfeições.