Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Seleção Olímpica bicampeã
Paciência queridos (as) leitores. Hoje terminarei a maratona histórica sobre a participação do Brasil nos jogos olímpicos.
No Japão, a última medalha de ouro foi conseguida pela seleção de futebol do Brasil. Durante muitos anos nosso país tentou obter a medalha dourada do futebol olímpico, mas não conseguia.
Nas olimpíadas de 1956, 1980 e 2012, o futebol masculino do Brasil não participou. Já havia conquistado duas medalhas de bronze: 1996 (em Atlanta) e 2008 (em Beijing). Do mesmo modo, três de prata: 1984 (em Los Angeles), 1988 (em Seul) e 2012 (em Londres), mas faltava a sonhada medalha de ouro para nosso país.
A tão sonhada medalha olímpica de ouro para o Brasil só veio em 2016, no Rio de Janeiro, em final disputada de modo duríssimo contra a Alemanha. Jogo decidido em penalidades máximas.
No Japão, no último dia 07, sábado, nosso país conseguiu sua segunda medalha de ouro consecutiva no futebol masculino, bicampeão olímpico. Nada mais justo para quem é penta campeão mundial de futebol profissional. Desta vez, jogo decidido na prorrogação, com um pênalti perdido, 2 a 1 para o Brasil, contra a seleção espanhola, que sabe jogar um belíssimo futebol.
Ao ligar a televisão, o jogo já estava com alguns minutos e achei algo muito estranho. Não havia um jogador negro em nossa equipe. Pensei: essa seleção não é a verde e amarela. Seleção brasileira verdadeira tem que contar com jogadores negros. Lembrei-me de Domingos da Guia, Barbosa, Leônidas da Silva, Zizinho, Djalma Santos, Didi, Paulo Cesar, Jairzinho, o rei Pelé, Coutinho, enfim, uma infinidade de extraordinários brasileiros afrodescendentes que fizeram a glória do nosso futebol.
Aquela seleção olímpica, sem brasileiros negros, lembrava mais uma seleção argentina, nação em que, segundo alguns historiadores, os índios e negros desapareceram, misteriosamente, depois da independência.
Termina o tempo oficial dos 90 minutos mais o acréscimo, empate de 1 X 1. Vem a prorrogação e surge na ponta esquerda um descendente afro-brasileiro, negro autêntico, forte, musculoso, risonho, fácies de vitorioso. Penso: agora a coisa vai dar certo. Agora é seleção brasileira de verdade, formada por todas as raças que fizeram a grandeza do Brasil.
Primeira bola lançada para a esquerda, ele parte firme, bate dois espanhóis e chuta em gol. Pouco depois repete a jogada. Os espanhóis sabem jogar, pressionam o Brasil, ameaçam nosso gol. Nossa defesa se salva como pode com um chutão para frente. A bola caía com nosso patrício negro, ele parte com ela dominada e alta velocidade, deixa para trás dois espanhóis e chuta forte à esquerda do goleiro ibérico: 2 a 1 para a seleção verde e amarela. Gol de quem faltava – Malcom. Seleção nossa tem que ser assim, com jogadores de todas as raças pois, desde que os portugueses aqui chegaram, somos um país mestiço e tropical.
Estava garantida a sétima medalha dourada!
Damos muito valor às douradas e esquecemos a prata e o bronze, mas também essas merecem ser valorizadas. Premiados com prata e bronze passaram por inúmeras provas eliminatórias, primeiro em nosso país, depois no local das competições. Fizeram múltiplos sacrifícios e esforços hercúleos até conseguirem aquelas medalhas. São os segundos e terceiros do mundo na modalidade em que foram premiados. Colocaram seus nomes e o do Brasil na história olímpica.
No Japão, vimos os brasileiros conquistarem 06 medalhas de prata: Rebecca de Andrade (ginástica), Beatriz Ferreira (boxe feminino), a menina Rayssa Leal (skate street), Kelvin Hoefler (skate street), Pedro Barros (skate park) e o vôlei feminino.
Conseguiu nosso país, também, oito medalhas de bronze: Abner Teixeira (boxe), Allison dos Santos (atletismo), Laura Pigossi e Luísa Stefani (dupla de tênis), Thiago Braz (salto com vara), Fernando Scheffer (natação, 200 m. livres), Bruno Fratus (natação, 50 m. livres), Daniel Cargnin ( Judô) e Mayra Aguiar (judô), esta foi medalhista em três olimpíadas consecutivas.
Pela primeira vez o Brasil conseguiu classificar-se em 12º lugar, sendo o país latino-americano melhor classificado, superando Cuba. Por mais uma medalha de ouro ultrapassaria o Canadá.
O dia em que todo nosso povo for bem nutrido, com melhor assistência médico-odontológica e praticar, com seriedade, esportes durante toda vida escolar, do ensino básico à universidade, o Brasil se colocará entre as dez primeiras potências esportivas mundiais. É o que aconselhava o Barão de Coubertin, ao criar as Olimpíadas no fim do século XIX.
Em 2024, os Jogos Olímpicos serão em Paris, a Cidade Luz!
Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.