“Jogos Olímpicos”, por Dr Júlio Carvalho

Os vencedores dos Jogos Olímpicos eram premiados no templo em homenagem a Zeus

Os gregos possuíam uma riquíssima mitologia, havia deuses para quase tudo. Em Atenas, havia até um nicho para o deus desconhecido, que Paulo se utilizou para propagar o cristianismo. Segundo a mitologia, Hércules foi o criador dos jogos olímpicos. Mas, como não vivemos de mitologia e muito menos de mitos, passemos para a historial real.

Pierre Frédy, o Barão de Coubertin (@Wikipedia)
Pierre Frédy, o Barão de Coubertin (@Wikipedia)

As olimpíadas foram criadas pelos gregos no século VIII antes de Cristo, na cidade de Olímpia, onde competidores de várias cidades gregas compareciam para as competições esportivas de vários tipos: corridas, saltos em altura e distância, lançamentos de discos e de dardos, lutas de diversos tipos, etc. Com o passar dos tempos e com o enfraquecimento da Grécia, esses jogos desapareceram.

No final do século XIX, um francês, Pierre Frédy, o Barão de Coubertin, preocupado com a rivalidade política entre várias nações europeias e temendo a guerra, resolveu iniciar uma campanha para estimular a prática de esportes nas escolas e universidades, bem como a realização de competições esportivas com o objetivo de aproximação amistosa dos povos e profilaxia das guerras. Realizou um congresso mundial sobre suas ideias, concluindo pela realização dos jogos, na Grécia, com o nome de Jogos Olímpicos ou Olimpíadas, justa homenagem ao culto povo grego e à cidade onde eles nasceram no mundo antigo, sendo o primeiro encontro realizado em Atenas, em 1896.

Ficou estabelecido, como símbolo dos jogos olímpicos, a presença da chama ou tocha olímpica, que permanece acesa durante a realização de todos os jogos, realizados a cada quatro anos.

As olimpíadas têm como símbolo cinco anéis entrelaçados, com cores diferentes, simbolizando os cinco continentes: azul representando a Europa, amarelo a Ásia, vermelho a América, preto a África e o verde representando a Oceania, interligados por um fundo branco.

A primeira participação do Brasil só ocorreu em 1920, na cidade de Antuérpia, conseguindo nosso país conquistar 3 medalhas, uma de cada: ouro, prata e bronze, todas no tiro ao alvo.

Guilherme Paraense (2º da esq. para a dir.) e Afrânio da Costa (ao lado) com a equipe brasileira em Beverloo — Foto: COI
Guilherme Paraense (2º da esq. para a dir.) e Afrânio da Costa (ao lado) com a equipe brasileira em Beverloo — Foto: COI

Nossa pequena representação viajou para a Europa no navio Curvello. Ao chegar em Lisboa. a equipe de tiro ao alvo foi comunicada que chegaria a Antuérpia depois do dia da prova de tiro. Resolveu embarcar em um trem cargueiro de Lisboa até Paris. Da capital francesa, embarcou em outro trem para Bruxelas onde sofreram um roubo das armas que usariam e de parte da munição. Nesse trajeto, nossa representação fez camaradagem com os norte-americanos que participariam da mesma competição, recebendo dos mesmos duas armas novas e boa quantidade de munição de calibre 38, de fabricação americana.

Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.
Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.

Durante a competição, o Brasil ganhou a primeira medalha olímpica, uma de prata, com o brasileiro Afrânio Costa. Este cidadão era advogado e, mais tarde, foi ministro do Tribunal Federal de Recursos e membro do Tribunal Superior Eleitoral.

A medalha de ouro foi conquistada por um militar brasileiro, Guilherme Paraense, usando a arma presenteada pelo americano, que ficou em segundo lugar, com a medalha de prata, com menos dois pontos. A de bronze foi conquistada pela equipe brasileira de tiro.

Em 2020, houve uma solenidade comemorativa da conquista de nossas primeira medalhas olímpicas, apesar de toda desorganização descrita acima. Voltarei a escrever sobre as Olímpiadas da próxima semana. Até lá.

Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.

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