Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Celso Frauches 
Jovelino d’Azevedo acolhendo concorrentes a ‘Senhorita Rio de Janeiro’. Entre elas, a última à direita, a então ‘Senhorita Cantagalo’ Carla Naegele Moreira, filha de Evandro do Valle Moreira.
Conheci Jovelino (Jovelino Ferreira d’Azevedo) nos anos 50, na direção do Bar São Jorge, um ponto de festas, muitas delas organizadas com requinte e beleza. Nesse bar, eu e amigos reuníamos, de vez em quando, para comemorarmos algumas datas, como, por exemplo, o aniversário de um dos membros do Clube Cantagalense dos Comilões (CCC), do qual eu fazia parte.
Em 1955, o ano em que mudei para Niterói, Jovelino assumia a direção do Cantagalo Turismo Hotel, mediante concorrência. À frente do hotel, Jovelino pode desenvolver toda a sua criatividade e a capacidade inegável para empreendimentos audaciosos. O Cantagalo Turismo Hotel, obra de empresários cantagalenses também com espírito empreendedor, à frente Walter Tardim, uma das relíquias do empresariado cantagalense, tão bem definido pelo amigo Júlio e colega de coluna, em um de seus artigos para o JR.
O Cantagalo Turismo Hotel, sob a batuta do Jovelino, movimentou a cidade, carente de eventos para o lazer e entretenimento.
Em 1957, Jovelino foi um dos mais envolvidos nas comemorações do centenário da cidade de Cantagalo. À época, editei um periódico ‒ Cidade de Cantagalo ‒, com apoio publicitário dos empresários de Cantagalo. Jovelino foi o primeiro a se solidarizar com a minha iniciativa. Hospedou as autoridades com toda a pompa e detalhes, mereceu do prefeito da época, Henrique Luiz Frauches, cumprimentos pelo seu desempenho e o de sua equipe durante esse evento.
Mas o empreendedor Jovelino não parou por aí. Impedido de construir uma piscina nos fundos do hotel, adquiriu uma área de terras, quase em frente ao Asilo Visconde Pinheiro, e ali edificou o Aqualândia Balneário. Naqueles tempos, essa região era praticamente deserta, com poucas propriedades rurais e duas ou três residências. Pode-se afirmar que Jovelino foi o desbravador da região, abrindo caminho para outros empreendimentos, como o Colégio Euclides da Cunha, o Colégio Estadual Maria Zulmira Torres, a Casa de Euclides da Cunha, a Quinta dos Lontras e os demais empreendimentos em edifícios e residências modernas. Ali está sediado o Jornal da Região.
Em 1960, Jovelino teve outra iniciativa importante para a nossa cidade: a torre receptora de TV, no alto da Fazenda Batalha. Esse fato deu à população urbana a possibilidade de ficar antenada com o Brasil e o mundo. As novelas, filmes e as transmissões esportivas passaram a ocupar grande parte das noites das famílias. Antes, a rua Rodolfo Albino, em frente à XV de Novembro, depois Praça João XXIII, ficava repleta de pessoas à noite. A TV afastou aos poucos as pessoas desse passeio quase que diário.
É pouco conhecida a participação de Jovelino na implantação da linha de ônibus Cantagalo-Niterói-Cantagalo, pela Viação 1001. Graças a amizade com um dos advogados dessa empresa, Jovelino atuou, inclusive, oferecendo a hospedagem para os motoristas e um guichê para a venda de passagens.
Em 1964, o cantagalense Paulo Torres foi eleito governador do antigo Estado do Rio de Janeiro pela Assembleia Legislativa. Em visita a Cantagalo, hospedava-se no Cantagalo Turismo Hotel. Nesse ano foi finalmente inaugurado o Parque Aquático Aqualândia Balneário, com a presença do governador Paulo Torres. O empreendimento mereceu as bênçãos do querido pároco Crescêncio Lanciotti.
Jovelino sempre esteve à frente de empreendimentos culturais e de lazer. Em 1965, patrocinou a edição de uma foto-novela ‒ modalidade há muito extinta ‒, publicada periodicamente pela revista Sétimo Céu. Totalmente fotografada nas instalações do Hotel, do Balneário, da Praça e outros locais do centro da cidade. Desse evento participaram alguns cantagalenses, como o Luiz Alberto d’Azevedo, Iones Salles, Luiz Carlos Falcão e Eny Baptista.
A folha de serviços de Jovelino em Cantagalo é extensa. Não há espaço, neste artigo, para detalhar todas as iniciativas desse empreendedor nato. O seu filho, José Alberto, ajudou-me com a sua publicação “O irrequieto Jovelino Ferreira d’Azevedo”.
Passo a resumir outros empreendimentos que tiveram a participação ativa de Jovelino: Belvedere, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida e a participação de seu amigo João Standilinger ‒ o popular Alemão; bazar Cantagalo Material de Construção, depois Sanense e agora Ponto das Tintas; Clube União dos Operários de Cantagalo, com a participação de operários, sob a liderança de Walter Olímpio; Hotel Mão de Luva; Supermercado Pag-Lev; Secretário de Turismo de Cantagalo, na primeira administração de Wilder Sebastião de Paula, sem qualquer remuneração. Como secretário de Turismo reativou o Baile Amarelo, a recepção a um grupo de suíços, Miss Cantagalo, com a participação de Luiz Carlos Falcão ‒ o Calufa ‒, a Festa dos Carecas e o novo Cruzeiro da Cidade.
Jovelino chegou em Cantagalo aos 20 anos de idade e, com apenas 69 anos, deixou-nos com saudades, mas a sua obra ainda vive, em muitos locais de nossa Cantagalo. A marca de um homem à frente de seu tempo.
Que tal reconhecer trabalho tão intenso, dando-lhe nome de uma via pública ‒ rua, praça, vila ‒, para que fique gravado em nossa memórias histórica? É pouco, mas já é um agradecimento a quem muito contribuiu para o desenvolvimento de nossa Cantagalo.
Cantagalo precisa de outros Jovelinos que a amem e desejem vê-la crescer e brilhar… de novo! Mas isso é assunto para outro artigo…
Celso Frauches é professor, escritor, pesquisador, ex-secretário Municipal de Cantagalo e consultor Especialista em Legislação
