“Junho”, por Dr Júlio Carvalho

Junho está aí, e com ele a chegada do inverno, no dia 21, às 11:58; estação de baixas temperaturas que favorecem a presença de doenças respiratórias, principalmente nas crianças e nos idosos. Portanto, são necessários alguns cuidados, com o uso de agasalhos, alimentos calóricos e evitando-se a exposição do organismo nos horários mais frios.

Por outro lado, junho é um mês de grandes festividades. Para começar, logo na segunda quinta-feira do mês, dia 08, teremos o solene dia de Corpus Christi (Corpo de Deus), em que se comemora a Eucaristia, instituída por Jesus Cristo, na quinta-feira, na última ceia com seus apóstolos, ao partir o pão e distribuí-lo aos seus companheiros dizendo: “Isto é meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim”. A partir daquele momento, estava instituída a Eucaristia, centro de convergência da Igreja Católica em todo mundo.

A festa do Corpo de Deus foi introduzida na Igreja Católica pelo Papa Urbano IV, em 11 de agosto de 1264. A primeira procissão ocorreu na cidade de Colônia, difundindo-se pelas cidades da Alemanha e passando, depois, para França e Itália; sendo trazida à América pelos colonizadores europeus.

É uma das maiores festas do cristianismo ou, talvez, a maior. Em Cantagalo, a festa do Corpo de Deus é realizada com muito respeito e grandiosidade, uma vez que é uma das poucas paróquias que tem como patrono o Santíssimo Corpo de Cristo.

Há dois anos, durante a pandemia de Covid-19, quando as aglomerações estavam proibidas, no dia de Corpus Christi, o Padre Higor, na carroceria de um saveiro, conduziu no ostensório a Sagrada Eucaristia, dando a benção em todos os bairros da cidade, no Corpo de Bombeiros e no Hospital de Cantagalo. Foi um episódio emocionante, marcante e histórico.

Dos colonizadores portugueses, recebemos o legado das festas juninas em louvor aos Santos Antônio, João, Pedro e Paulo. Infelizmente, não são como outrora. Em Cantagalo, essas três festas eram muito comemoradas; foram motivo de um artigo de minha autoria publicado no Jornal da Região.

Santo Antônio, dia 13, o santo português nascido em Lisboa, foi ordenado padre, sendo designado para uma paróquia na capital portuguesa. Percebendo que não era isso que queria, passou para ordem dos Franciscanos, partindo para missão na África. Todavia, uma forte tempestade no Mediterrâneo levou a embarcação para a ilha da Cecília, indo Santo Antônio, depois, para o norte da Itália, em Pádua.

Grande conhecedor das Sagradas Escrituras e extraordinário orador participou ativamente do combate as heresias; a Santo Antônio são atribuídos vários milagres. É considerado santo do mundo inteiro, tamanha a devoção existente por toda parte. É o santo que possui maior número de igrejas e capelas em seu nome, só perdendo para Maria Santíssima, mãe de Jesus.

São João é o santo comemorado com mais alegria, uma vez que 24 de junho é a data do seu nascimento, depois de uma gestação de uma mulher estéril e idosa, Isabel. Foi o precursor de Jesus Cristo. Radical combatente dos erros da sociedade de sua época, acabou degolado.

Em 29, São Pedro e São Paulo. O mais comemorado é São Pedro, ficando São Paulo um pouco esquecido nas comemorações populares. Data em que foram martirizados em Roma.

São Pedro era o rude pescador; errava algumas vezes, tendo o mérito de reconhecer os erros e se arrepender. Era o líder dos pescadores que abandonou tudo para seguir Jesus. Apesar de suas falhas humanas, foi escolhido por Cristo para apascentar o seu rebanho. Foi o primeiro Papa da Igreja Católica. Eternizado na Basílica do Vaticano.
São Paulo, pouco lembrado nos festejos juninos, foi o grande missionário do cristianismo. De terrível perseguidor dos seguidores de Cristo, após uma visão de Jesus, na estrada de Damasco, converteu-se ao cristianismo. Viajando e pregando pelo mundo romano converteu ao cristianismo populações de várias nações. São Paulo nos deixou suas cartas que estabelecem normas do cristianismo, sendo lidas durante vinte séculos com atualidade.

O mês de junho, na Igreja Católica, também é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, sendo sua festa na sexta-feira da primeira semana depois da festa de Corpus Christi.

Outrora, na minha infância e juventude, havia uma grande procissão religiosa, em que saiam cerca de quinze a vinte imagens de diversos santos. A procissão era organizada com as imagens menores na frente, em andores conduzidos por crianças, seguidas pelas imagens maiores e, finalmente, o Sagrado Coração de Jesus, num andor iluminado e ricamente ornamentado pela Profa. Maria de Lourdes Dietrich Gonçalves.

Após o último andor, apareciam o Padre Crescêncio, comandando as orações e os cânticos com sua voz de barítono; as irmandades religiosas e a Sociedade Musical XV de Novembro, regida pela figura simpática e imortal do maestro Carlos Gomes Pereira.

Era obrigatória a presença dos alunos católicos do Colégio Euclides da Cunha, devidamente uniformizados, nas fileiras laterais da procissão. Em um certo ano, ocorreu um fato pitoresco; o meu saudoso amigo Geraldo Arruda Figueredo fez uma promessa de conduzir o andor da pequena imagem de São Geraldo; convidando Celso Frauches, Maurício Carvalho e eu para ajudá-lo na tarefa.

Quando a procissão passava defronte o jardim, com as pequenas imagens levadas por crianças, São Geraldo era a quarta ou quinta imagem pequena conduzida por quatro adolescentes já graúdos. Nessa altura, um menino pequeno que assistia à procissão no colo da mãe, gritou em alta voz: “Mamãe, que bonitinho, três homens grandes carregando um santinho pequeno”. O que foi motivo de muitas risadas dos presentes, inclusive dos quatro condutores do andor de São Geraldo.

Em relação ao Sagrado Coração de Jesus, assim se manifestou Santo Agostinho: “Vosso Coração, Jesus, foi ferido para que na ferida visível contemplássemos a ferida invisível de vosso grande amor”.

 

Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.
Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.

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