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Lafontaine, na Presidência da Câmara Municipal, discursa na sessão solene de 2 de outubro de 1957, nas comemorações do centenário da cidade de Cantagalo.
Lafontaine foi poeta
Com alma de trovador
Transformava a vida em festa
Espalhando riso e amor.
(Angela Araújo)
No domingo, 6, eu e Angela passamos momentos especiais e gratos, na visita que fizemos à Dila Tardin Vilella, viúva de Lafontaine Figueiredo Villela.
Fomos em busca de melhor conhecimento desse político, empresário, pecuarista, mas, acima de tudo, poeta e trovador reconhecido nacionalmente por sua presença nas mais importantes mostras de trovadores.
Dila tem um porte nobre, de fala mansa, gestos suaves. Uma dama. Ela nos ofereceu informações preciosas sobre o seu trovador, Lafontaine.
Conheceram-se mais de perto num baile, na vizinha cidade de Cordeiro. Depois, o namoro e, após cerca de dois anos, o casamento, em 24 de junho de 1950, gerando os filhos Dilene e Leandro. Felizes sempre. A vida foi pequena para este amor, o casamento durou apenas 23 anos.
Lafontaine nasceu na cidade de Carmo do Rio Claro, nas Minas Gerais, há 99 anos, aos 25 dias de fevereiro de 1923. Seus pais: Manoel Pinto Vilella Jr. e Rosina Figueiredo Vilella.
Seus pais se transferiram para Cantagalo, animados pelo pecuarista João de Abreu, pai do ex-prefeito João Carlos Burguês de Abreu, conhecido internacionalmente. Aqui seu pai comprou a Fazenda Santo Antônio do Rio Negro, no 1º distrito de Cantagalo. Ali iniciou a criação de gado de raça.
Lafontaine ingressou na política cantagalense, no antigo Partido Social Democrático (PSD), sob a liderança do Coronel Manoel Marcelino de Paula. Seu irmão, Lacordaire, foi prefeito de Cantagalo, entre 1951-1954, pelo PSD. Em 1950, Lafontaine foi eleito vereador e presidente da Câmara Municipal por quatro anos. Nessa legislatura, o prefeito era Henrique Luiz Frauches, também do PSD. A competência política de Lafontaine foi demonstrada nos quatro anos de seu mandato, de conduta irrepreensível. De 1959 a 1962, foi vice-prefeito. Exerceu, ainda, a Presidência da Associação Rural de Cantagalo, por cinco mandatos.
Segundo sua filha Dilene, e a própria Dila, ele fazia trova sobre tudo, no dia a dia. Às vezes, as trovas eram mordazes, críticas, como esta trova temática dos anos 50 – Cantagalo é diferente…
Nós temos belo coreto
Gruta feita no barranco
No Brasil o melro é preto
Mas o nosso melro é branco
Por causa de sua veia de trovador, foi presidente da União Brasileira de Trovadores.
A amiga Eny Baptista doou ao Instituto Mão de Luva boa parte de seu acervo pessoal dos personagens cantagalenses da poesia. Entre esse relicário, encontrei poesias e trovas de Lafontaine. Uma delas, dedicada aos seus sogros — Euphrasia e Walter Tardin — nas comemorações das bodas de Ouro do casal, das quais retirei os versos iniciais e os finais:
No jardim lá da cidade
começaram a namorar:
amor com sinceridade
só termina num altar.
[…]
A família é um tesouro
realizando os sonhos seus:
pois só faz Bodas de Ouro
quem casou pensando em Deus.
Também Euclides da Cunha não poderia faltar à verve de Lafontaine, sob o pseudônimo de Rouxinol. Arrebatou um prêmio em mais umas trovas temáticas — Nosso protesto —, das quais retiro estes versos:
São José do Rio Pardo,
de Euclides tem sepultura
Cantagalo é o felizardo
tem o berço e a escritura.
[…]
Para nós é um regalo
Euclides tão brasileiro
que tem casa em Cantagalo
e mora no mundo inteiro…
Como bom poeta, só podia apreciar as flores — era orquidófilo — e a música. Ele amava a música clássica! E gostava muito de dançar: era, como se dizia na época, um pé-de-valsa. Nesta trova ele revela o amor pela natureza:
A natureza sensata
Num encanto que prospera,
Pintando flores na mata
Com o pincel da primavera
Lafontaine viveu 73 anos bem vividos, ao lado da dedicada esposa Dila, com o amor da filha Dilene e do filho Leandro. Uma vida digna, um lar feliz.
Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.