“Maio, mês do Amor”, por Dr Júlio Carvalho

Na minha infância, maio era considerado o mês das noivas e o mês de Maria Santíssima. Não sei por que o número de casamentos era grande, casamentos que duravam para sempre!

noivaAs noivas procuravam usar vestidos lindos, cada uma querendo ter as vestes mais destacadas. Algumas usavam um véu tão longo que da porta da igreja até o altar era necessário alguém ir ajeitando aquela longa cauda da noiva. Em geral, Maria José Loivos era a costureira preferida para confeccionar os vestidos. O buquê também era motivo de comentários pelas senhoras da sociedade. Alguns eram preparados com flores naturais, vindas de Nova Friburgo, numa época em que os meios de transporte eram precários.

Os noivos, coitados, sempre menos criativos, vestiam terno preto ou azul marinho, alguns com gravata borboleta, e, no máximo, um cravo branco na lapela. Sempre a mesma imagem secundária. A figura de destaque era a noiva!

Só havia um casal de padrinhos e madrinhas para o noivo e a noiva. Hoje, padrinhos e madrinhas formam filas enormes na igreja. Depois recebiam o retrato de casamento com uma bela dedicatória dos noivos. Tenho guardados muitos retratos de casais que meus pais apadrinharam. Mereciam até uma exposição!

Terminada a solenidade religiosa, era servida farta mesa de doces aos convidados, ocasião em que os noivos eram fotografados junto ao bolo de casamento.

Mais tarde, no Brasil, o mês de maio passou, também, a ser o mês das mães, comemorado no segundo domingo de maio. Consta que sua origem foi nos Estados Unidos, criado por Anna Jarvis, com o objetivo de homenagear sua mãe falecida, de quem sentia enorme saudade. Em 1914, o Dia das Mães foi oficializado pelo governo no país do norte. A data passou a ser dominada pelo comércio, o que causou profundo desgosto a Anna Jarvis, que desejava que a data fosse de homenagens e de amor a todas as mães.

Dia das MaesO Dia das Mães é comemorado em vários países, variando a data de uma nação para outra.

Nas culturas grega e romana, já eram prestadas homenagens às mães. Em Roma, havia a festa da Magna Mater (Deusa mãe romana), que, ao mesmo tempo, era uma homenagem a todas as mães.

Em 1945, no dia 8, maio passou a ser o mês do término da segunda guerra mundial, que ceifou a vida de 80 milhões de pessoas em todo planeta Terra. Lembro-me, tinha dez anos de idade, por volta das 19h, a notícia foi comunicada, em edição extraordinária, pelo Reporte Esso, na Rádio Nacional. O povo foi para a praça da cidade, os sinos da igreja repicavam, os foguetes espocavam, as mães que possuíam filhos lutando na Itália pela F.E.B. choravam de alegria e emoção, todos se confraternizavam. Data e espetáculo inesquecíveis!

De Cantagalo, apenas um faleceu na luta pela democracia, José Marote Cabral, nascido em Cordeiro, na época distrito de Cantagalo. Marote é, hoje, o herói de dois municípios.

Coroação de Nossa Senhora, em Cantagalo
Coroação de Nossa Senhora, em Cantagalo

Finalmente, na Igreja Católica Apostólica Romana, o mês de maio é dedicado a Maria Santíssima, aquela que um dia, no norte da Palestina, na Galileia, foi escolhida para ser a mãe de Jesus, no momento em que teve a coragem de dizer: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua vontade” (Lc 1,38).

Lembro-me que, na minha infância, o saudoso Padre Crescêncio Lanciotte, em todas as noites de maio, às 19h, realizava a ladainha de Nossa Senhora, em honra a Maria Santíssima. Minha mãe, depois do jantar, seguia para a igreja me levando e meu irmão Maurício, dois anos mais novo. Em geral, éramos surpreendidos pelos cochilos.

No dia 31 de maio, realizava-se a coroação de Nossa Senhora. Festa belíssima. A igreja muito iluminada, o antigo altar em forma de degraus, repletos de meninas vestidas de anjos, muita música sacra e a coroação de Nossa Senhora por uma das crianças.

Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.
Júlio Carvalho é médico e ex-vereador em Cantagalo.

O padre fazia uma homilia enaltecendo todas as qualidades da mãe de Jesus, e o mês de Maria estava encerrado com grande júbilo na igreja.

Realmente, Maria, a Mãe de Jesus, foi uma mulher única, extraordinária e maravilhosa. Durante 40 semanas, manteve em seu útero o filho de Deus, oferecendo-lhe calor, alimentos, proteção e oxigênio necessários ao seu crescimento. Depois, o amamentou, ensinou a andar e a falar, cuidou de seus alimentos e da sua roupa. A partir dos 30 anos de Jesus, O acompanhou por sua vida missionária por toda Palestina.

No momento derradeiro, no Calvário, recebeu outra missão dada por seu filho Jesus: “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse a sua mãe: ‘Mulher, eis ai o teu filho. Depois disse ao discípulo: ‘Eis ai a tua mãe’” (Jo 19, 26-27).

A partir daquele momento, Maria Santíssima recebeu a missão de ser mãe de toda a humanidade. Infelizmente, alguns não a aceitam como mãe!

Por tudo que foi escrito, o mês de maio, de Maria, das mães e das noivas, é o mês do amor!

Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.

 

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