“Mão de Luva e as novas Minas de Cantagalo”, por Celso Frauches

Mão de Luva e as novas Minas de Cantagalo

Mão de Luva e as novas Minas de Cantagalo

No último dia 11, no Centro Cultural Amélia Thomaz, assistimos a um evento, liderado pela Ma. Dra. Sheila de Castro Faria, de lançamento do livro “Mão de Luva e as Novas Minas de Cantagalo – Ouro, indígenas e conflitos na capitania do Rio de Janeiro”, organização de Sheila de Castro Faria e de Anderson José Machado de Oliveira, ambos da Universidade Aberta, com atuação no polo Cederj, em Cantagalo. Ela é Doutora em História, obtida em 1994, na Universidade Federal Fluminense (UFF), com a tese A Colônia em Movimento: Fortuna e Família no Cotidiano Colonial (Sudeste, Século XVIII). A dissertação de mestrado foi obtida na mesma universidade, em 1986, tendo por título Terra e Trabalho em Campos dos Goytacazes. Veio para Cantagalo a passeio, gostou da cidade e foi convidada a ser professora-pesquisadora do polo Cederj de Cantagalo, onde trabalha até agora.

São autores dos capítulos: “O bando de Mão de Luva e o contrabando de ouro nos Sertões de Macacu (século XVIII)” – Rodrigo Leonardo de Souza Oliveira; “Os povos indígenas nos Sertões de Macacu: entre acordos e confrontos com contrabandistas e autoridades” – Márcia Malheiros e Maria Regina Celestino de Almeida; “Mão de Luva, a Inquisição e o Santíssimo Sacramento: o desacato que virou paróquia (c. 1780 – c. 1806)”, de Anderson José M. de Oliveira; “Descaminhos dos Sertões de Macacu (1758–1800)”, de Sheila de Castro Faria e Wesley Gonçalves; “Mão de Luva e a construção do mito”, de Sheila de Castro Faria. Senti falta dos verdadeiros operários da época, os escravos.

Ainda não li o livro, porque todos esses temas já foram exaustivamente estudados por mim para escrever o livro “Mão de Luva – As origens de Cantagalo”, em fase de diagramação. Mas vou ler com toda a atenção. Fiz uma leitura dinâmica do texto de Rodrigo Oliveira, autor da dissertação para obtenção do título de Mestre em História, pela Universidade Federal de Juiz de Fora, coerente com essa dissertação.

Volto ao tema do artigo anterior. Muito antes de Rodrigo, em 1991, um cantagalense honorário, nascido em Ipanema, no Rio de Janeiro, o escritor e jornalista Sebastião A. B. de Carvalho, escreveu o livro “O Tesouro de Cantagalo – A fascinante história de Manoel Henriques, o Mão de Luva, nos Sertões do Macacu”, baseado nas mesmas pesquisas de Rodrigo. Com esse livro, ele derrubou o mito ao afirmar que Manoel Henriques, o Mão der Luva, era brasileiro, branco, nascido e batizado na freguesia de Ouro Branco, católico e que resolveu abandonar a garimpagem na região, por já estar se esgotando o ouro, a riqueza que Portugal saqueou do Brasil. Deliberou vir para uma “área proibida” pela Coroa Portuguesa, mapeada, em 1765, como “Certão dos índios bravos”, mais conhecida como “Sertões de Macacu”.

A ausência de pelo menos uma citação sobre esse trabalho foi reclamada por mim no artigo da semana passada. Fato que reafirmo neste momento.

Talvez a professora Sheila esperasse um artigo voltado para o lançamento do livro, organizado por ela e publicado pela Editora Cantagalo, de sua propriedade, mas o jornal e as redes sociais fizeram esse trabalho.

O reconhecimento da importância do livro para a história e a cultura de Cantagalo é inegável e, em momento algum, eu desconheci esse fato.

Aproveito esta oportunidade para cumprimentar a professora Sheila e demais autores pelo lançamento de um livro importante para a história de Cantagalo. A Secretaria de Educação e os professores da rede municipal de educação ainda estão na era do mito. Esse livro poderá reforçar a luta de Sebastião Carvalho e do Instituto Mão de Luva pelo reconhecimento oficial de Manuel Henriques como fundador de Cantagalo.

Creio que o prefeito Guga de Paula vai repor a história das origens de Cantagalo em seu devido lugar. Esperemos.

 

Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.
Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.

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Um Comentário

  • Esclareço que nunca fui convidada a atuar como tutora do CEDERJ/Cantagalo nem exerço essa função atualmente. Estou ligada por laços de afeto pelo e colaboro com o Centro de Memória, Pesquisa e Documentação/Cantagalo da faculdade de História da UNIRIO, coordenado pelo prof. Anderson José Machado de Oliveira, no Rio de Janeiro, e prof. Wesley Gonçalves, em Cantagalo. Quanto às demais críticas, vou esperar o Sr. Celso Frauches ler a coletânea para eu fazer considerações. Att, Sheila de Castro Faria

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