Superthal e Caravana da Coca-Cola fazem noite mágica em Bom Jardim
Os rios estão em curso. Faz parte da sua natureza. Fluem, ultrapassam obstáculos, nutrem o ambiente e permitem que a vida aconteça. Transformam-se e, quando necessário, constroem uma nova direção para continuarem a correr ao seu destino: a maioria dos rios caminha para o mar. Dissolvem-se no oceano.
O rio traz a ideia de leveza. Em uma percepção individual, – sempre que reflito, vem à mente a afável sensação de fluidez – quando comparada à vida humana.
Os seres humanos estão por aí, carregando os grilhões do passado. Terapia, psicanálise, rodas de conversa, livros de autoajuda em prateleiras de aeroportos e o que mais estiver disponível para seguir em frente sem tanta dor.
Muitos aguardam, com ânsia, a passagem do tempo. Dizem por aí que ele cura tudo. Já pensei desta forma: “Ah, o tempo resolverá.” De fato, mudei percepções sobre muitos episódios, com o avançar da vida. Além disso, certo é que, no decorrer da trajetória, quem se dispõe a amadurecer revisita conceitos e verdades.
Se o tempo sara as feridas, isso tão somente é uma questão individual, personalíssima. Ninguém saberá realmente a profundida do corte a não ser a quem a carne fora dilacerada. A vida adulta exige maturidade. E maturidade é aprender, muitas das vezes, a conviver com a dor, a exemplo de uma mãe enlutada.
O passado possui um papel importante em nossas vidas. Pensar o contrário seria viver no fantástico mundo de Poliana. Somos adultos, lidando com questões da infância, repetindo comportamentos que nos foram ensinados, os positivos e os negativos. Não existe um botão de reset. Olhar para o passado é necessário, para a consciência, o aprendizado e a reorganização do leito do rio para o oceano do bem-estar emocional.
No entanto, estar preso ao que se passou, em um looping do Dia da Marmota (filme O Feitiço do Tempo, com a direção do norte-americano Harold Ramis), é querer resistir ao fluxo contínuo da vida. Impossível. O tempo passará; novos fatos virão. O que mantém a vida é o fluxo, um seguir em frente.
Não há aqui uma ode à ‘Deixa a vida me levar’, mas a necessidade que temos de compreender os acontecimentos, enfrentá-los, quando necessário; desviar-se, quando for prudente, e seguir. Nós todos temos muitos BOs a serem resolvidos, mas precisamos continuar, para deixar o exemplo digno da vulnerabilidade. Nossos netos serão mais felizes, se souberem onde se apoiar, quando a matemática da vida exigir decisões mais precisas, ou seja, o próximo pode ter mais luz, quando estamos dispostos a aprender com os erros, distanciando-nos de quaisquer egoísmos. Não há vida fácil, não há caminhada sem algum tipo de problema. Porém, a resiliência nos ensina que ir sozinho é um risco. Dar as mãos, aprender, para fluir, deixando lições éticas àqueles com quem convivemos, sem a ideia de super-heroísmo. Afinal de contas, somos apenas humanos. Vamos fluir?