Mosteiro que está sendo construído em Tapera começa a funcionar em janeiro

Tapera, localizada no quarto distrito de Trajano de Moraes, terá a construção de um mosteiro. E já tem data marcada para o início de suas atividades. O Mosteiro Beneditino é o primeiro a ser construído nesse século no estado do Rio de Janeiro, totalizando assim, o terceiro Mosteiro da Ordem de São Bento do estado. O objetivo é resgatar e preservar a vida monástica, as verdadeiras tradições beneditinas e a liturgia tradicional.
Como o assunto tem despertado muita curiosidade a todos, entrevistamos Dom Justino de Almeida Bueno, o responsável pelo mosteiro, a fim de sabermos um pouco mais sobre essa novidade. A estagiária do Jornal da Região, Vivian Riguetti fez a entrevista com o responsável pelo mosteiro.

Jornal da Região (JR) – O que é um mosteiro, e qual a sua principal função?
Dom Justino de Almeida Bueno (DJ) – Nós, Dom Justino de Almeida Bueno (monge do Mosteiro de São Bento – Rio de Janeiro) e os membros do CDB (Centro Dom Bosco – Rio), cremos que não só é possível mas necessário em nosso país um mosteiro que preserve as verdadeiras tradições beneditinas e a liturgia tradicional (Santa Missa e Ofício). Ele servirá como ponto de apoio (espiritual e logístico) para as ações dos Movimentos e Associações tradicionais de fiéis em todo o Brasil e será um foco de outras fundações, com a graça de Deus e a intercessão da Virgem Maria e de São Bento.
Então, como amar e servir a Deus como Ele merece? Precisamente, por isso, para dar uma resposta a esse questionamento urgente, uni-me ao CDB para fundarmos um mosteiro, onde, numa vida monástica vivida segundo a tradição beneditina (onde a oração, o trabalho, a leitura e a meditação são vividas segundo a Regula Benedicti), a existência humana seja consagrada ao serviço solene de Deus. E que, numa civilização que podemos dizer apóstata, que procura construir um mundo sem Deus, nosso mosteiro seja um testemunho eloqüente da transcendência de Deus. Deus é tudo, e porque Ele é tudo, Ele merece receber tudo ou, no dizer de São Bento, “nada deve ser anteposto ao seu amor”.
O Mosteiro não é uma Paróquia. Mesmo que tenha padres a função desses é restrita à celebração da Santa Missa e da Confissão. Não temos uma pastoral, propriamente dita, como os padres diocesanos e os conventos de freiras, frades etc. Os fiéis é que vão ao Mosteiro e não os monges que vão aos fiéis. Talvez, no início, as pessoas estranhem um pouco, mas depois irão se acostumar e até querer que os monges sejam aquilo que eles devem ser, segundo exige a Santa Regra escrita por Nosso Pai São Bento.

JR – Porque foi escolhido o município de Trajano de Moraes para a construção do mosteiro?
DJ – Vários motivos: o clima e a terra propícios à vida e ao trabalho monástico; A proximidade de Campos (onde temos a Administração Apostólica) e, ao mesmo tempo, do Rio de Janeiro (onde está o CDB), dois pólos que podem ajudar-nos no Mosteiro e na formação dos seus membros; A receptividade das autoridades eclesiásticas e civis; a simpatia como as pessoas da região acolheram nossa proposta; Etc.

JR – Como escolheram o local? Porque foi escolhido o município de Trajano de Moraes para a construção do mosteiro?
DJ – Chegamos a sondar e quase compramos um terreno entre Alto Macabu e Tirol; vimos várias propriedades em Maria Mendonça e outros lugares do 4º Distrito que eram bons, mas não serviam para construir um mosteiro. Desde que espalhou-se a notícia que estávamos procurando um terreno os preços dos mesmos ficaram elevados. As pessoas pensavam (e ainda pensam) que estamos cheios de dinheiro. Isso é uma ilusão! Basta ver em nosso site mosteirodesaobento.com.br que vivemos de doações. Estamos recebendo doações para terminar as obras de reforma da casa que já existia no terreno que compramos em Tapera e para darmos início à obra de construção do mosteiro definitivo.

JR – Quantos mosteiros há no Rio de Janeiro?
DJ – Mosteiros Beneditinos (da Ordem de São Bento) são dois: No Rio de Janeiro – a Abadia de Nossa Senhora de Monserrate (mais conhecido como Mosteiro de São Bento), fundado em 1590; e em Petrópolis – o Mosteiro da Virgem Maria, fundado em 1925.

JR – Em conversa com algumas pessoas, com quem o senhor já está familiarizado em Maria Mendonça, soube que disse que esse mosteiro será diferente dos outros, por quê? O que o faz tão diferente?
DJ – Pelo uso da Forma do Rito Extraordinário ou Rito Tradicional nas celebrações litúrgicas. Esse Rito, celebrado desde os inícios da Igreja até 1969, e que foi codificado e ordenado por São Pio V no século XVI (daí ser, erroneamente, chamado de Rito de São Pio V), é o mais propício, assim pensamos nós, para uma vida de silêncio e contemplação como é a vida monástica beneditina. Os textos e cantos em latim exigem ao menos no início, um certo empenho dos que desejam segui-lo. Mas, depois, tornam-se fontes de uma espiritualidade profunda e de uma fé e doutrina viris, que enchem a vida de piedade e beleza, evitando esse sentimentalismo superficial os erros doutrinais que invadiram a vida dos fiéis e as celebrações litúrgicas de hoje.

JR – Já têm previsões para o início das atividades?
DJ – Sim, janeiro de 2020.

JR – Quem serão os residentes? Como são escolhidos os residentes?
DJ – Temos 5 rapazes do interior de São Paulo; 2 de Minas Gerais, 2 do Estado do Rio, 1 de Goiás e 1 de Roraima. Quando a casa estiver toda pronta poderemos receber mais 1, talvez do Rio Grande do Sul. Atualmente estou acompanhado 36 pedidos de entrada. É claro, não somos ingênuos, esses rapazes estarão fazendo uma experiência para que, eles próprios e nós também, nos certifiquemos da veracidade desse chamado de Deus, para o nosso mosteiro. Eles podem desistir quando desejarem ou pode ser dispensados pelo mosteiro. Até o engajamento definitivo são várias as etapas: postulante 6-12 meses; noviço 2 anos; professo simples 3 anos. Só depois desse período de formação é que se pode fazer a profissão perpétua. O importante para nós é essa profissão monástica (quando fazemos os votos de obediência, estabilidade e conversão dos costumes). Quanto a ser ordenado padre, depende da vontade do superior e da necessidade do Mosteiro.

JR – Como será a rotina dos mesmos?
DJ – Temos uma rotina que alterna oração (7 vezes ao dia e uma de madrugada) trabalho, leitura/estudo, meditação/oração pessoal, silêncio e atendimento às pessoas (fiéis, hóspedes e visitantes). É uma vida de silêncio, com momentos certos para falar. Aos domingos e dias santos, esse horário sofre alterações com mais tempo para a leitura e oração pessoal. Um domingo por mês os irmãos poderão receber visitas de familiares e amigos. Uma vez por semana teremos uma caminhada em comum (um passeio) pelas redondezas…

JR – Que benefício à instalação do mosteiro pode trazer para o município?
DJ – Um mosteiro agrega ao seu redor pessoas que desejam crescer na fé e no amor a Deus e ao próximo. Em si mesmo já é um benefício para a Igreja e o lugar onde se encontra. Além do nosso testemunho de vida de oração e trabalho, de silêncio e escuta da Palavra de Deus, pensamos em ajudar na formação dos fiéis para a 1ª Comunhão e Crisma, aconselhamento espiritual e confissões. Futuramente não descartamos a abertura de um Colégio com internato para atender as famílias que desejam uma educação clássica e tradicional para os filhos. Depois que o Mosteiro for construído teremos uma hospedaria (todo mosteiro tem uma) para acolher hóspedes (leigos e clérigos) em busca de um retiro ou dias de oração e acompanhamento e orientação espiritual. Promoveremos retiros abertos aos que desejam aprofundar a fé e participaremos das iniciativas dos Centros da Liga Cristo Rei a quem estamos ligados por laços efetivos e afetivos de amizade cristã e ajuda mútua.

 

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