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Após quase dois anos fechado por causa da pandemia de Covid-19, o Museu da Justiça reabriu ao público na segunda-feira (18/10), com a inauguração da exposição “Pandemias e Epidemias no Rio de Janeiro”. A mostra relembra e conta as principais epidemias e desafios da saúde pública na cidade do Rio, desde a época colonial até os dias atuais, a partir de documentos judiciais, dados, fotos, charges e notícias de cada época, elaboradas e pesquisadas pela equipe museológica da Diretoria-Geral de Comunicação e de Difusão do Conhecimento (DGCOM) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
O presidente do TJRJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, participou da cerimônia que inaugurou a exposição. Ao classificar como tragédia nacional as mais de 600 mil mortes pelo coronavírus, o presidente ressaltou a importância da memória e da preservação como ferramentas de fortalecimento de uma sociedade que respeita a ciência e protege o bem comum.
“Mais uma vez o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro trabalha observando o ambiente social, mais uma vez nos lançamos à uma área muito cara da sociedade, que necessita de muito apoio, que é a ciência. As peças expostas relativas a pessoas e eventos sobre pandemias e a saúde social são muito importantes e contam a história do Judiciário brasileiro e da nossa cidade”, defendeu.
A Gripe Espanhola, que tem espaço de destaque na exposição, foi relembrada pelo presidente como um dos momentos de maior dificuldade na história da Rio. À época capital federal, a cidade teve o maior número de mortes durante a epidemia, com quase 1/3 dos 35 mil mortos em todo o país, além de problemas econômicos e sociais provocados pela disseminação da doença. Após um pouco mais de um século da Gripe Espanhola, os desafios sanitários e as discussões sobre vacinação parecem os mesmos.
“Assim como na Gripe Espanhola, que caiu no esquecimento e pouco se falava, agora voltamos a ter uma nova pandemia e as mesmas batalhas são travadas. Discute-se se as vacinas são boas, são ruins, se elas protegem, que medidas devem ser tomadas para proteger a população. Nessas discussões os interesses políticos devem ficar para trás e a ciência deve sempre prevalecer, pois é ela que garante o bem-estar da sociedade. Precisamos ter os ouvidos abertos à ciência”, ressaltou.
Gilmar de Almeida Sá, do Serviço de Acervo Textual e Audiovisual e Pesquisas Históricas do TJRJ, destacou que a exposição foi elaborada para evidenciar e discutir a atuação do poder público nos principais problemas de saúde pública no Rio de Janeiro, especialmente do Poder Judiciário.
“Nossa ideia é contar, partindo desde o início com a inauguração da cidade, como essas doenças afetaram e modificaram a vida e a história do Rio de Janeiro, as principais personagens e os efeitos sociais, urbanos e científicos do combate às epidemias que, infelizmente, muitas vezes foi utilizado para outros fins que não o bem-estar da população”, disse.
Ao longo do Salão dos Passos Perdidos, onde está montada a exposição, o visitante poderá conhecer um pouco da história de epidemias como as de varíola e febre amarela, e como a ciência foi se aprimorando e se desenvolvendo para garantir a saúde e o bem-estar da população. Personagens como Carlos Chagas e institutos de pesquisa como a Fundação Oswaldo Cruz também têm papel de destaque na mostra, agentes de grande relevância tanto para a ciência brasileira e mundial, como para os costumes e mudanças na cidade do Rio.
Os documentos judiciais expostos que foram restaurados pela equipe do Museu apresentam a realidade do cotidiano em cada epidemia, como o processo aberto pela Justiça Sanitária, em 1911, contra Christina Oliveira, que foi denunciada por não cumprir intimação de autoridade sanitária em seu apartamento num prédio na Rua Alice, nas Laranjeiras. Entre as exigências feitas pela Procuradoria dos Feitos da Saúde Pública estão: colocar venezianas em todos os dormitórios; retirar o tapamento de madeira que dividia o banheiro do gabinete da latrina; e retirar as paredes que envolviam a bacia da latrina e substitui-las por outras de material mais moderno. Registros como o inventário do Barão de Pedro Affonso, professor de patologia e fundador do Instituto Vacínico, de 1920, também trazem um pouco mais da vida à época.
O painel que conta a atuação do Poder Judiciário fluminense nos últimos dois anos durante a pandemia de COVID-19 reforça a importância do TJRJ na resolução de conflitos e na transparência pública. O julgamento do impeachment do ex-governador Wilson Witzel, o primeiro na história do estado, pelo Tribunal Especial Misto (TEM) por corrupção na Secretaria de Saúde é relembrado na mostra. Outros casos de desvio de dinheiro público na aquisição de insumos e equipamentos hospitalares, como a ação por organização criminosa aberta contra o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, também são destaques na mostra.
Reabertura do Museu da Justiça
Para entrar no Museu, será preciso estar usando máscara, apresentar a carteira de vacinação com pelo menos duas doses ou a dose única, além de passar pela verificação de temperatura. O limite mínimo de idade para a comprovação da vacinação vai acompanhar o calendário de vacinação da prefeitura, ou seja, vai mudar de acordo com a faixa etária que já pode se vacinar. Os visitantes poderão ter acesso a todos os espaços do museu.
Voltaremos a agendar a visita de grupos com número ilimitado de pessoas, contanto que todos cumpram as determinações para entrada no museu. Será obrigatório o uso de máscara durante toda a visita.
Serviço
- Mostra de Documentos Judiciais “Pandemias e Epidemias no Rio de Janeiro”
- A partir de 18 de outubro de 2021, de segunda a sexta, das 11h às 17h
- Museu da Justiça
- Rua Dom Manuel, 29, 2º andar – Centro, Rio de Janeiro/RJ
- Entrada Franca
- Realização: DGCOM | DECCO | Museu da Justiça
Fotos: Brunno Dantas/TJRJ