Amanda de Moraes 
Escolhemos a todo momento. Para fazer isso, precisamos renunciar àquilo. Para estar aqui, optamos por não estarmos lá. Se jantamos com fulano, é porque o escolhemos em vez de beltrano. Se atuamos como médico, é porque não estamos advogados. Somos reféns de decisões e da angústia de ser livre (para alguns, pelo menos).
Como seres desejantes, movemo-nos em alguma direção, abrindo mão de outras tantas que possam existir. Em muitas dessas ocasiões, lamentamos a nossa falta de tempo para tanta coisa.
De fato, a vida nos oferece muitas possibilidades. Em uma livraria, haverá infinitude de livros, dos mais diversos temas. Serão todos válidos do seu escasso tempo? Em um rodízio, teremos as mais distintas opções de comida. Se escolhermos por todas, ficaremos satisfeitos ou empanzinados? Essas respostas dependerão da sua prioridade.
Em uma vida multifacetada, saber o que buscamos, em última instância, dará a definição do que é prioridade. Uma vida, constituída por tantos lados – profissão, relacionamento, lazer, autocuidado, estudos, etc. – precisa de uma bússola. Não dá para plantar morangos e colher melão.
O tempo, justo que é, distribui-se igualmente entre todos. As mesmas 24 horas são concedidas uniformemente, sem egoísmo ou qualquer tipo de abatimento. Uma fatia da vida para cada um degustar à sua maneira.
Na lida diária, onde nos afogamos pela etiqueta vermelha escrita “urgente”, priorizar significa entender o que é essencial. Entre todas as opções disponíveis, entende-se que essa escolha é a mais importante. E para entendermos as prioridades, precisamos ser sinceros, conosco e com o outro. E, acima de tudo, honestos sobre aonde queremos chegar.
Um desejo sem concretude fica no plano imaterial dos sonhos, que sempre perderá para o real. Como escreveu Machado de Assis, a realidade pode não ser tão brilhante como o sonho, mas pelo menos tem a vantagem de existir. E você? Sente-se disposto a priorizar a essa concretude dos sonhos no tempo da vida?
