“Nem-Nem: uma geração sem futuro”, por Celso Frauches

Nem Nem

O fenômeno “Nem-Nem”, conhecido internacionalmente como “NEET” (Not in Education, Employment, or Training), é bastante relevante no Brasil. O termo Nem-Nem se refere a uma geração que não estuda nem trabalha.

A geração Nem-Nem é composta por jovens de 15 a 29 anos que estão afastados de qualquer processo educacional e do mercado de trabalho. Não estudam nem produzem nada. Podem, todavia, ser filhos de milionários, sustentados pelos pais que jogam, por exemplo, na bolsa de valores ou nos bitcoins.

O bitcoin é a primeira moeda descentralizada do mundo. Isso significa que, além de não ser regulado por governos, bancos ou empresas, é possível comprar, enviar e receber bitcoins sem nenhum intermediário, como bancos ou emissores de cartão de crédito.

Segundo dados do IBGE, de 2023, uma em cada grupo de cinco pessoas de 15 a 29 anos pode ser considerada Nem-Nem. O número, que representa 22,3% do grupo, totaliza 10,9 milhões de brasileiros.

Essa condição pode ser resultado de diversos fatores, como questões psicológicas, desemprego, falta de oportunidades, desigualdades sociais, problemas familiares e outros em fase de pesquisa e estudo.

A Geração Nem-Nem representa um desafio significativo para o Brasil, exigindo uma abordagem multifacetada que envolva setores governamentais, educacionais e empresariais. Ao enfrentar os problemas subjacentes que levam à exclusão desses jovens, o país pode criar um ambiente mais inclusivo, garantindo que todos tenham a oportunidade de contribuir para um futuro mais próspero e equitativo.

Esses quase onze milhões de jovens enfrentam barreiras econômicas e sociais que dificultam seu acesso à educação e ao mercado de trabalho. A falta de recursos financeiros e a escassez de oportunidades podem perpetuar esse ciclo.

A educação básica pública deveria ser obrigatória para todas as etapas. No ensino médio deveria ser obrigatória a matrícula e frequência em cursos técnicos, que preparam jovens para o mercado de trabalho. Há oportunidades diversas para os jovens que se habilitam para o trabalho em ocupações ou profissões que dispensam diploma de nível superior.

Para os sem estudos, o Poder Público, em todos os níveis, é ineficiente. Não basta a escola ser pública, gratuita, há que ter outros arranjos, como bolsa para transporte, alimentação, material escolar e outros estímulos.

Alguns jovens podem ter abandonado os estudos devido a problemas no sistema educacional, como a falta de qualidade no ensino, falta de suporte pedagógico, ou até mesmo desinteresse e traumas relacionados ao método de ensino. Por outro lado, não há nenhuma política governamental para a solução desse problema.

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”, registrou o educador, filósofo e escritor Rubem Alves, em uma de suas obras. Há gaiolas também no setor produtivo. São dirigidas não por empreendedores, mas por meros comerciantes.

As gaiolas são uma fonte dos Nem-Nem.

 

Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.
Celso Frauches é escritor, jornalista, historiador, pesquisador e diretor-presidente do Instituto Mão de Luva.

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