“(…) nós, da 15 de Novembro, não estamos dispostos a deixar a história de nossa banda desaparecer (…)”

Entrevistado: Sérgio Campanate, presidente da Sociedade Musical 15 de Novembro

Em entrevista ao JORNAL DA REGIÃO, o presidente da Sociedade Musical 15 de Novembro destaca um pouco da história da entidade, que completa 100 anos em novembro.

JORNAL DA REGIÃO (JR) – Como surgiu a Sociedade Musical 15 de novembro?

Sérgio Campanate (SC) – Até o século passado, haviam duas bandas em Cantagalo, a 7 de Setembro e Flor de Maio, bandas essas políticas. A 7 de Setembro pertencia ao Partido de Horácio Pacheco, político temperamental, e a Flor de Maio ao Partido de Júlio Santos, político totalmente diferente do outro. Nos dias de apresentação, as moças da época se vestiam de azul e branco quando a banda Flor de Maio tocava e de verde  e amarelo quando a 7 de Setembro se apresentava. Com a extinção das duas bandas, um grupo de músicos apaixonados pela arte não se conformava com a cidade sem banda. Os grupos resolveram se unir e, no dia 15 de novembro de 1914, criaram  a atual Sociedade Musical 15 de Novembro.

JR – Quais foram os primeiros fundadores e músicos?

SC – Edmo Ferreira da Silva, Horácio de Araújo, Izolino Alves, Joaquim Pinto Gomes, Alfredo Teixeira Torres e Paulo Keller. Seu primeiro presidente foi Guilherme Sauerbronn.

JR – Quando entrou na banda e por quê?

SC – Entrei na banda em 1980 e, nessa época, tocava violão na Matriz do Santíssimo Sacramento. Como já tocava alguma coisa e adorava música, ingressei na banda com  o professor Celso Alves.

JR – Além de músico, você é presidente da banda de Cantagalo, por quê?

SC – Como músico, pertenço ao grupo de sócios de estante da banda e, por esse motivo, fui escolhido, em 1987, para presidir a instituição, ficando até 1992, quando foi eleito um novo presidente. Em 2006, a banda passou por problemas internos e, como vice-presidente da instituição, assumi novamente, estando até os dias de hoje. Vejo que, infelizmente, as instituições em que os seus diretores não recebem nenhuma remuneração pelo seu trabalho têm sofrido um sério problema, pois ninguém quer assumir responsabilidades sem, contudo, ganhar algo.

JR – Os músicos da banda ganham quando tocam?

SC – Existem dois tipos de apresentação, as remuneradas e as não remuneradas. Quando se faz apresentação em festas, nós fazemos contratos e, daí, pagamos um valor aos músicos, mas, quando tocamos em eventos cívicos, apresentações pelo convênio com a Prefeitura, eventos da igreja, nada se recebe.

JR – Quais os projetos que serão feitos para comemorar o centenário da banda?

SC – Temos inúmeros projetos para o centenário. Iremos  receber várias bandas de outros municípios vizinhos. Estamos aguardando a confirmação da banda do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Vamos inaugurar um belo Museu da Música, além de outros que preferimos guardar em segredo.

JR – Por que decidiu criar o museu, e como será?

SC – O povo brasileiro, de um modo geral, é carente de história dos nossos antepassados. Nós, da 15 de Novembro, não estamos  dispostos a deixar a história de nossa banda desaparecer no tempo. Por esse motivo, estaremos contando a história e homenageando aqueles que contribuíram para a existência de nossa banda, além de ser mais uma opção de visita na nossa cidade.

JR – A banda tem convênio com o poder público?

SC – A banda, hoje, tem um convênio com o poder público  municipal, o qual nos garante a manutenção de nossa Escola de Música Izolino Alves, além de outros cursos.

JR – Durante esses 100 anos, a banda de Cantagalo ganhou algum prêmio?

SC – A banda já participou de vários encontros de bandas, sendo vencedora em  vários deles, como: na Quinta da Boa Vista, Volta Redonda, Mobral, etc. Participamos, ainda, do programa ‘Uma Banda na Praça’, na extinta TV Tupi; Feira da Providência, no Rio de Janeiro; Campo de São Bento, entre outros.

JR – Como foi construída a sede da banda? 

SC – O terreno onde se localiza a sede da Sociedade Musical 15 de Novembro foi doado em 30 de outubro de 1950 pelo casal Manoel Martinês Corbal e Elvira Corbal. Após um período, foi construído um prédio, que, aproximadamente 10 anos depois, foi demolido e, no local, foi contruído um belíssimo prédio, que funciona até hoje. A referida obra foi feita na gestão do presidente Jorge Rodrigues Ferreira, através da Prefeitura de Cantagalo, iniciado sobre a gestão de Nilo Guzzo e concluída na gestão do prefeito Wilder Sebastião de Paula, com empenho do  Dr. Pedro Américo Rios Gonçalves e Francisco Dorneles.

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‘Antes de ser funcionário da Rádio 94 FM, sempre ouvia e admirava a determinação do proprietário Paulo Roberto Teixeira’

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