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Entrevista: Ubiratan França, presidente da Aciacan
Com 33 anos de idade, administrador de empresas, casado, pai de Larissa e à espera de mais uma linda menina, empreendedor por natureza, empresário da Tipocan Papelaria e Brinquedos, Ubiratan França é o atual presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Cantagalo (Aciacan).
JORNAL DA REGIÃO (JR) – Quando começou na vida empresarial e como foi sua trajetória? Sua atuação como consultor do Sebrae, no passado, tem ajudado na presidência da Aciacan?
Ubiratan França (UF): Acredito que iniciei minha vida empresarial aos 11 anos, na Tipocan Gráfica, junto com meu pai, João, e meu tio Helênio, onde já realizava tarefas e cumpria horários. Ainda recordo um ditado que meu pai sempre dizia: “para liderar tem que saber fazer” e o meu início foi realizando, por exemplo, a limpeza das máquinas e equipamentos repletos de óleo. Depois, aos 17 anos, me emancipei e fundamos a Bima’s Presentes e, posteriormente, a Copican. Ainda com as duas lojas, assumi parte da administração da Tipocan Papelaria e Brinquedos e fazia faculdade em Nova Friburgo.
Pouco tempo depois, participei de uma seleção de consultores juniores do Sebrae para trabalhar no Programa de Capacitação Empresarial do Polo Cimenteiro de Cantagalo. Logo no primeiro trabalho, acompanhei sete empresas na implementação de ferramentas utilizadas na recuperação do Japão pós-guerra. No Sebrae, tive a oportunidade de implementar programas nas empresas e que foram modelo para os outros estados do Brasil. Os resultados obtidos, as metas e objetivos alcançados chamaram a atenção dos técnicos do Sebrae e dos consultores contratados e logo comecei a realizar trabalhos em Campos e Macaé (empresas fornecedoras da Petrobras), Volta Redonda e Barra Mansa (empresas fornecedoras da CSN) e, o mais consistente de todos eles, o Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo e Região.
É correto eu assumir que, de cada empresa que passei, trouxe mais conhecimento que deixei, aproveitei cada modelo de liderança e de gestão que pude enxergar. E mais: trabalhei com consultores e técnicos que considero meus mestres. Mantemos contato e eles continuam a me ensinar e a me apoiar.
Em tudo que participo, trago comigo a experiência do saber fazer para liderar, ensinado por meu pai, da faculdade de administração e do Sebrae. O modelo da Tipocan Papelaria e Brinquedos quase sem balcões é fruto de todo esse processo. Acho que não seria capaz de presidir a Aciacan sem ter passado pelo Sebrae. Hoje, sou mais consultor que na época do Sebrae, digo isso pelos resultados obtidos na Tipocan.
JR – Quantos associados tem a Aciacan atualmente? E quais os benefícios que a associação oferece a eles?
UF – A entidade tem, hoje, 270 associados e tem trabalhado arduamente para atender aos interesses de seu quadro social, inclusive buscando novos convênios e parcerias que possam facilitar o trabalho das empresas. Dentre os benefícios para o associado estão a Escola Técnica de Confecção, que formou e está formando diversas costureiras para atender à antiga reivindicação das confecções.
Temos também o Ponto de Cultura Música na Praça, através do qual são realizados diversos eventos que têm trazido um grande público para as ruas, movimentado a cidade e, consequentemente, o comércio de um modo geral. Contamos com eventos promocionais em datas comemorativas, através de convênio com o Sebrae, oferecendo atendimento na sede da Aciacan semanalmente. Realizamos, ainda, cursos de capacitação empresarial e viabilizamos outros, inclusive para os colaboradores, como serviços da Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), balcão de empregos, convênios com a Unimed e Faculdade Estácio de Sá, dentre outros.
JR – O projeto do polo industrial, iniciado na diretoria anterior, é uma grande ação da entidade. Como está o projeto atualmente?
UF – Esse projeto é o sonho de grande parte dos cantagalenses e uma necessidade das empresas, tanto que a lista de interessados é três vezes maior que o número de terrenos disponíveis.
Algumas mudanças neste período foram necessárias, pois a responsabilidade da entidade é muito grande e, hoje, os terrenos serão entregues já legalizados pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente), arborizados e com a escritura definitiva. Assim, o empresário já poderá dar entrada em projetos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Investe Rio (programa do Governo do Estado), entre outros.
Sem impedimentos e com acompanhamento e auxílio da Aciacan, do Sebrae e de seus consultores, temos certeza do sucesso do polo, das empresas instaladas e da sociedade cantagalense.
Aproveito a oportunidade para agradecer a doação do terreno ao empresário e produtor rural Virgílio de Almeida Santos e às cimenteiras Lafarge e Votorantim, que, prontamente, nos atenderam com a doação de calcário moído para revestir as vias de acesso aos lotes do polo.
JR – Desde quando a Aciacan tem convênio com a Unimed e quantos associados e dependentes são beneficiados?
UF – O convênio entre a Aciacan e a Unimed foi firmado no ano de 2000 e, hoje, são beneficiados, através de nossa entidade, 550 usuários dentre titulares e dependentes.
JR – Como será a campanha de Natal deste ano? Novamente serão oferecidos prêmios em vale-compras no comércio local?
UF – A campanha de Natal é o maior evento da entidade e serve como termômetro da motivação dos empresários quanto ao aquecimento das vendas de final de ano. Historicamente, este ano temos o Natal com o maior número de participantes. São 72 empresas. Agradecemos a confiança dos empresários.
O comércio de Cantagalo está oferecendo R$ 30 mil em vale-compras que serão gastos nas empresas participantes. Esse modelo de campanha é considerado um dos mais inteligentes, pois garante que o dinheiro circule dentro do próprio comércio por mais tempo, beneficiando um número bem maior de empresas.
JR – A Aciacan é composta por setores da indústria, agropecuária e comércio. Quantos empresários representam cada setor?
UF – No setor comercial, temos 242 associados; no industrial, 17; no agropecuário, sete associados.
JR – Em 6 de dezembro, a Aciacan completa 80 anos de existência. É uma das entidades mais antigas de Cantagalo. O que representa isto para o município?
UF – Nossa entidade é conhecida e reconhecida em todo o estado do Rio de Janeiro. Em meio às cidades do interior do estado, é uma das mais atuantes e respeitadas. A Aciacan participou de grandes movimentos importantes e fatos históricos do município e, por isso, hoje colhe os frutos de todo esse trabalho.
JR – Quantos presidentes já passaram pela entidade?
UF – Ao longo desses 80 anos, a Aciacan teve oito presidentes, sendo que o fundador da entidade, Antônio Rocha e Silva Júnior, permaneceu na presidência por mais tempo.
JR – Quais os projetos da atual diretoria e que estão sendo viabilizados?
UF – São esses: Projeto Música na Praça (continuidade); Polo Industrial (continuidade); Escola de Técnica de Confecção (continuidade); Balcão de Empregos; site da associação com informações sobre associados e ações; memória/arquivo com documentos de sindicatos, consolidações e convenções coletivas do trabalho e biblioteca do empresário; vitrine permanente de produtos de Cantagalo; programa efetivo e contínuo de capacitações empresariais; serviços contábeis e administrativos (posto avançado da Junta Comercial); certificados digitais; apoio ao micro empreendedor individual; projeto de valorização do empresário local; campanhas, promoções e ações conjuntas continuadas.
JR – A Aciacan teve papel importante na permanência da Inspetoria Estadual em Cantagalo. O que foi feito pela diretoria?
UF – Primeiramente, enviamos ofício ao governador do estado, ao secretário estadual de Fazenda e ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), todos sem resposta. Posteriormente, fizemos uma visita à inspetoria e coletamos dados sobre a atuação, abrangência, entre outras informações. Além destas pesquisas, fizemos outras e chegamos à conclusão de que a permanência do órgão era questão política.
Então, fomos à Câmara Municipal expormos o problema, os efeitos e as causas do fechamento da inspetoria. Em parceria com a maior parte dos vereadores, fizemos documentos com os dados que tínhamos e, assim, ajudamos na sua permanência.
JR – O Sebrae não funciona mais no município de Cantagalo? Por quê?
UF – O Sebrae está com uma política de fechar os seus balcões nas cidades menores, permanecendo somente nas chamadas “agências regionais”. Cantagalo foi o último balcão a ser fechado.
Isso não significa que o Sebrae deixa de estar presente em Cantagalo, já que a Aciacan, em parceria, mantém um consultor todas as sextas-feiras em atendimentos personalizados e, sempre que solicitado, são enviados técnicos e consultores. Os atendimentos estão acontecendo na sala da diretoria.
A diretoria da Aciacan não concorda com sua saída e ainda continua trabalhando para a cada dia aumentar a participação do Sebrae nas ações da entidade.
JR – Qual a mensagem que gostaria de deixar para os associados da Aciacan?
UF – A equipe de colaboradores da Aciacan é fantástica, a diretoria é muito atuante e está trabalhando muito por você, associado. Não somos perfeitos e, se erramos, fazemos isso no intuito de acertar. Quando receber uma proposta, uma ligação ou uma visita da sua associação, receba de coração aberto. As intenções são as melhores. Participe mais, visite mais, até cobre mais, mas venha fazer a diferença, pois é isso que fazemos todos os dias aqui.