Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
A data de 17 de julho foi dedicada à preservação das florestas, mas creio que no Brasil a data passou sem qualquer comemoração.
Quando era criança, nos primeiros anos do ensino, a professora explicava as cores da nossa bandeira que simboliza nossa pátria, sendo propriedade de todos os brasileiros e não pertencendo a qualquer partido político. Explicava aos pequenos alunos que o verde aparecia em maior quantidade no retângulo nacional para simbolizar a riqueza de nossas florestas que ocupavam a quase totalidade do solo brasileiro.
Naquela época, o Brasil era um país ocupado quase que somente na faixa litorânea de norte a sul, com o transporte marítimo realizado por navios de companhias nacionais, levando e trazendo passageiros e mercadorias de uma capital para outra.
De 1950 a 1955, o grande bandeirante do século XX, Juscelino Kubistchek de Oliveira, construiu Brasilia, uma grande epopeia, penetrou no centro-oeste, rasgou rodovias e interligou o Brasil através do interior.
Foi um extraordinário progresso. Todavia, nossas florestas passaram a ser invadidas e destruídas por aventureiros de múltiplas atividades, gerando um risco para o Brasil e para a população mundial.
Aprendemos, também, quando estudamos biologia, as diversas funções dos vegetais. Uma das mais importante é a capacidade de absorverem bióxido de carbono do ar atmosférico devolvendo para a natureza o oxigênio necessário à maioria de formas de vida, além de outras funções importantíssimas.
O Relatório Anual de Desmatamento do Brasil do MapBiomas, publicado em diversos jornais em 18 de julho de 2022, é estarrecedor, causando profunda tristeza e preocupação. Vejamos alguns dados publicados:
- Em 2021, o desmatamento aumentou 20,1% em todos os biomas em relação ao ano anterior;
- A maior parte ocorre na Amazônia, chegando a 16,5 mil km² em todos os biomas;
- Em três anos, o Brasil perdeu uma área florestal próxima ao tamanho do estado do Rio de Janeiro. 42 mil km² de desmatamento;
- Calcula-se que em cada segundo o Brasil perde 18 árvores que são derrubadas;
- Segundo o INPE, na Amazônia, 3.988 km² de florestas foram destruídas no primeiro semestre de 2022, sendo a maior área registrada nesse período desde 2016;
- Depois de dois anos em queda, as queimadas cresceram 17% no primeiro semestre de 2022;
- Uma análise demonstrou que 77% da área desmatada está em imóveis rurais cadastrados no CAR (cadastro ambiental rural). O que permitiria a punição dos responsáveis, que permanecem impunes.
Analisando os responsáveis pelo desmatamento, chegou-se a seguinte conclusão:
- Agropecuária – 97,8%;
- Garimpo – 0,6%;
- Outros – 1,6%.
Em 2021, um estudo mostrou onde ocorreram os desmatamento:
- Propriedades privadas – 69,5%;
- Áreas públicas – 19,9%;
- Áreas protegidas – 5,3%;
- Unidades de conservação – 3,6%;
- Terras indígenas – 1,7%.
Por ordem os biomas que sofreram desmatamento no período de 2019 – 2021:
- Amazônia – 26.000 Km²;
- Cerrado – 13. 200 Km²;
- Caatinga – 1,9 Km²;
- Pantanal – 659 Km²;
- Mata Atlântica – 643 Km²;
- Pampas – 43 Km².
O mesmo estudo analisou o desmatamento por estados:
- Pará – 409.000 hectares (ha)
- Amazonas – 194.000 ha;
- Mato Grosso – 189.000 ha;
- Maranhão – 167.000 ha;
- Bahia – 152.000 ha.
O Pantanal teve uma área queimada estimada em 28.000 hectares. Recentemente, a Assembleia de Mato Grosso aprovou um projeto de lei alterando a Lei do Pantanal que, provavelmente, agravará a situação.
Se não bastasse tudo isso, ainda existe o garimpo ilegal invadindo as terras indígenas e poluindo os rios com mercúrio e outras substâncias químicas.
Como se observa, nossas florestas estão sendo destruídas em ritmo acelerado. Em um país de dimensões continentais, creio que só existe um meio de salvá-las e, ao mesmo tempo, a diversidade de vidas animais e vegetais dependentes da sua existência, que seria a criação de diversos batalhões florestais das forças armadas com a nobre missão de vigia-las diuturnamente.
Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.