‘Nova Friburgo é a cidade que recebe um dos piores repasses per capita da Saúde para atender as necessidades da população’

Entrevista: Rogério Cabral, prefeito de Nova Friburgo

Com pouco mais de 16 meses de mandato, o prefeito Rogério Cabral (PSD) concede entrevista exclusiva ao JORNAL DA REGIÃO e destaca não só os problemas encontrados, mas, principalmente, os avanços que vêm sendo registrados por Nova Friburgo nos últimos meses.

JORNAL DA REGIÃO (JR): Como está sendo ser prefeito do município de Nova Friburgo após experiências como vereador e deputado?

ROGÉRIO CABRAL (RC): A minha experiência legislativa, na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa, foi muito importante. Mas existe uma grande diferença em relação ao mandato de prefeito, onde a principal tarefa é executar.

JR: Quais as principais dificuldades encontradas à frente do Executivo até agora?

RC: As dificuldades encontradas foram muitas, maiores do que qualquer pessoa poderia imaginar. Recebemos uma herança de anos e décadas de abandono administrativo. Para que as pessoas tenham uma ideia da gravidade, encontramos a Prefeitura com uma dívida de R$ 80 milhões e uma grande quantidade de TACs (Termos de Ajustes de Conduta) firmados por gestões anteriores que, agora, estamos tendo que honrar. Para que as pessoas possam fazer um comparativo financeiro, o município dispõe de R$ 14 milhões para investimentos durante o ano. Também recebemos a frota de veículos totalmente sucateada e o quadro de funcionários completamente desorganizado. São problemas que não são resolvidos da noite para o dia, mas estamos trabalhando muito para colocar a casa em ordem e avançarmos no decorrer do nosso mandato.

JR: Por que decidiu contratar uma empresa de consultoria para sua administração? Já tem algum resultado positivo? Quais as metas?

RC: Estamos nos espelhando em administrações públicas que deram certo. O nosso objetivo, através da contratação da empresa de consultoria – com o apoio da iniciativa privada e da sociedade organizada – é melhorar a prestação dos serviços através da qualificação dos servidores e também do aumento da arrecadação, cujo recurso é revertido para a melhoria de saúde, educação, infraestrutura da cidade. Os resultados já começam a aparecer e a nossa meta para 2014 é obter um aumento de arrecadação em torno de R$ 15 milhões.

JR: Como está sendo o relacionamento com a Câmara Municipal de Vereadores?

RC: Considero que a relação entre os poderes Executivo e Legislativo é muito boa, harmoniosa, embora independente. A nossa postura é de respeito ao trabalho dos vereadores. Todos aqueles que estiverem comprometidos com a reconstrução e a recuperação de Nova Friburgo são bem-vindos.

JR: Recentemente, mudou o secretário de Saúde. Por que esta alteração na Saúde?

RC: A saúde pública é uma questão problemática em qualquer administração e não poderia ser diferente. A nossa prioridade máxima é melhorar a qualidade dos serviços à população. O doutor Luiz Fernando (vereador licenciado) assumiu a Secretaria de Saúde há cerca de dois meses e tem buscado resolver todas as pendências com muita dedicação e competência. Estamos avançando passo a passo e não tenho dúvida de que alcançaremos um patamar melhor.

JR: E a questão da construção do campo de aviação em Nova Friburgo, como está? Há previsão dessa obra ser liberada ainda este ano?

RC: A proposta de construir um aeroporto em Nova Friburgo é do Governo Federal, com quem estamos fazendo toda a negociação. Por sugestão da Prefeitura, a Secretaria Nacional de Aviação Civil está fazendo um estudo técnico sobre a viabilidade ou não do projeto. Lógico que queremos a viabilização do aeroporto, mas, antes, temos que saber se é possível, tecnicamente falando. Em breve, vamos ter esta resposta.

JR: Os professores municipais fizeram greve, que foi considerada ilegal pela Justiça. Fale um pouco sobre isso e quais as decisões tomadas para resolver o impasse com os professores.

RC: Os servidores públicos ficaram esquecidos por mais de uma década, sem qualquer reajuste ou aumento salarial. Este ano, com um ano de gestão, conseguimos dar um reajuste salarial de 10% para todos os servidores, inclusive para o pessoal de apoio ao magistério. Os professores receberam 25%. Nosso compromisso com todas as categorias é continuar a política de valorização e recomposição salarial nos próximos anos. Estamos, ainda, discutindo com o Sindicato dos Servidores Públicos, a elaboração de um plano de cargos e salários para todo o funcionalismo, que será encaminhado, o mais rápido possível, para votação na Câmara. Não podemos esquecer, também, da conquista de validação do concurso de 1999, ocorrida no ano passado.

JR: O Governo do Estado do Rio de Janeiro tem dado muito apoio à sua administração? Quanto, em recursos, o Estado já investiu no município?

RC: Os governos estadual e federal são nossos grandes parceiros. O orçamento do município é muito dependente dos recursos estaduais e federais e uma das nossas tarefas tem sido a elaboração de projetos para captação das receitas necessárias para a execução das ações beneficiando a população. Assim, Nova Friburgo tem se transformado num canteiro de obras e não tenho dúvida nenhuma que muitas outras realizações vão acontecer através da parceria com os governos estadual e federal.

JR: A Prefeitura acaba de comprar um prédio (Fábrica Ypu) para implantar o curso de medicina. Como foi esta conquista? No local, também será implantado algum outro projeto?

RC: A Prefeitura fez o depósito integral de R$ 14,5 milhões e aguarda o desfecho favorável da Justiça do Trabalho de Nova Friburgo para a concretização da compra da Fábrica Ypu. A intenção do Governo Municipal é fazer a preservação histórica do imóvel de 305 mil metros quadrados com 30 mil metros de área construída na porta principal de entrada do município e utilizá-lo para abrigar várias secretarias municipais, como Obras, Serviços Públicos e Mobilidade Urbana, entre outras. Além disso, pretendemos ceder parte do imóvel para a Universidade Federal Fluminense (UFF) implantar um campus universitário, inclusive, com um curso de medicina. A compra da Fábrica Ypu é um marco administrativo.

JR: Qual sua opinião sobre a construção de um hospital regional? E como poderia ser melhorada a Saúde para atender à população nas cidades da região?

RC: É uma proposta nossa e estamos discutindo-a com os demais prefeitos da região e com o governador Luiz Fernando Pezão. Entre os 92 municípios do estado do Rio, Nova Friburgo é a cidade que recebe um dos piores repasses per capita da Saúde para atender às necessidades da população.

Isto porque nosso Hospital Municipal Raul Sertã recebe pacientes de todos os municípios no entorno de Nova Friburgo, mas não temos a contrapartida financeira que deveríamos receber pelos atendimentos. A nossa luta é para que haja um equilíbrio entre a quantidade de atendimento das cidades vizinhas e o repasse feito ao nosso município.

JR: Quais as obras que a Prefeitura de Nova Friburgo está realizando atualmente?

RC: A Prefeitura tem feito dezenas de obras em todos os cantos da cidade. Porém, também temos feito as contrapartidas financeiras obrigatórias para outras tantas obras em parceria com os governos estadual e federal.

JR: As eleições estaduais estão chegando. Já definiu os candidatos que irá apoiar?

RC: Não, ainda não. Vamos tratar do assunto no momento certo.

JR: Após a tragédia climática de 2011, Nova Friburgo tem retomado sua força econômica aos poucos. Quais os caminhos, no tocante à infraestrutura, o município pretende tomar para acelerar esse processo de desenvolvimento?

RC: Por conta das inúmeras obras dos governos municipal, estadual e federal, Nova Friburgo é uma das cidades que mais gerou postos de trabalho no interior do estado do Rio, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. 

A tendência é que os números cresçam ainda mais nos próximos meses, nos próximos anos. Finalmente, conseguimos garantir a construção do Centro de Convenções (a ser construído em Conquista – RJ-130), que será inaugurado em 2015 e que será um grande atrativo turístico e econômico para o município.

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