Nova Friburgo, em junho, tem espetáculos de dança e exibição de filmes focados em corpos negros e indígenas

Com uma programação que ultrapassa 200 atividades em 13 unidades do Sesc RJ, a quinta edição do projeto O Corpo Negro-Indígena chega à sua 3° semana. A edição de 2025 vem acontecendo desde 20 de maio e vai até 15 de junho, em 11 municípios do estado do Rio de Janeiro, incluindo Nova Friburgo. Pela primeira vez, o festival integra com centralidade a produção artística indígena contemporânea na linguagem da dança, ampliando o seu escopo original — antes focado exclusivamente no protagonismo negro — e afirmando-se como uma iniciativa única nas artes da cena no país.

Com a curadoria convidada de Ágatha Oliveira, Barbara Matias Kariri, Betânia Avelar, Jandé Potyguara e Tieta Macau, a programação apresenta obras que vão da dança à performance, passando por audiovisual, música e debates. O Corpo Negro-Indígena afirma as múltiplas existências e resistências de artistas que forjam um Brasil que dança para contar a própria história, inclusive aquela que foi silenciada, colocando em cena corpos negros e indígenas que criam a partir de seus territórios, memórias e desejos. Territórios representados neste ano com grande abrangência. Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraná, Piauí, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo formam um mosaico diversificado e plural de gêneros, temas, estéticas e modos de criar.

A programação apresenta 25 trabalhos de dança, sendo 11 estreias nacionais nos palcos do Sesc RJ, possibilitando um importante fomento para os criadores da dança e oferecendo obras inéditas para os moradores do estado. Entre os destaques da programação está o espetáculo Andará das Encantarias, de Karu Kariri, artista indígena criada na periferia da zona sul de São Paulo. Karu funde a cultura ballroom à ancestralidade de seu povo, criando uma obra que transborda encantaria, identidade e luta. Em cena, a celebração dos corpos LGBTQIAPN+ negros e indígenas reverbera como um ritual contemporâneo de resiliência. Como ela mesma define: “Pode-se até aterrar um rio tentando apagar a história que vive lá, porém debaixo da terra a água continuará a circular, até o dia em que, à superfície, ela retornará.”

A curadoria do projeto é atravessada por essa escuta da terra e do corpo como territórios de saber. Bárbara Matias Kariri, uma das curadoras, resume: “Corpos que dançam interligados com a terra. Fazer curadoria como quem olha para o chão onde pisa, como quem exercita a escuta para saber quais sementes plantar. Dançar Pindorama para dizer da resistência e fé presentes nesses corpos antigos e futuros.”

Ao reunir expressões artísticas de pessoas negras e indígenas, o Sesc RJ acompanha e fortalece o movimento cultural que transforma o terreno da possibilidade em terreiro de criações, abrindo caminhos estético-políticos na cena brasileira. Como destaca a curadora Ágatha Oliveira, trata-se de garantir “a oportunidade, a possibilidade, a realização; o fazer a dança que se deseja — e como se deseja”. A cada edição, consolida-se um espaço de investigação, descobertas e permanência para corpos que insistem, criam e movem as estruturas.

PROGRAMAÇÃO

Sesc Nova Friburgo
(Av. Presidente Costa e Silva, 231)

Uma Dança para nossas histórias | Diogo Nascimento | dança | 7/6 às 19h
Nesse espetáculo de Dança ninguém morrerá. Mesmo ainda vivendo as intermináveis complexidades em ser negro dentro de uma sociedade que reverbera a desigualdade produzida durante o tempo da escravidão no Brasil. Em exercício colaborativo com artistas de vários territórios da cidade do Rio de janeiro, todas negras, negros e iniciados na vida pela ditadura social do masculino que nossa dramatrgia acontece. Nessa arena criamos um espaço para dividir a palavra, a poética e os desejos. Um encontro único e você é nosso convidado, para dançarmos nossas histórias e desejarmos amanheceres outros.

As três marias | Mery Horta/Cia Líquida | dança | 6/6 às 19h
Em as três marias, quarto espetáculo da Cia Líquida de dança contemporânea com direção e coreografia de Mery Horta, três baianas de escola de samba desenvolvem toda uma performatividade que une histórias, dança, vestimenta e gestos. Como as três estrelas que lhes dão nome, em as três marias essas mulheres negras idosas sambistas nos brindam com suas existências cintilantes e nos apontam caminhos futuros e ancestrais.

Bounceando Miudinho | Laborative Dance Company | dança | 5/6 às 15h
Bounceando Miudinho convida as crianças a mergulharem no universo do street dance por meio da música, do movimento e da imaginação. A atividade estimula o respeito à diversidade e fortalece a autoestima — especialmente de crianças negras — por meio de vivências com jogos rítmicos, expressão corporal e dinâmicas em roda.

Pérola Negra | Edu Cigano | dança | 4/6 às 15h
O samba tem origem nos batuques africanos, misturados aos ritmos europeus como a polca, a valsa e o minueto, pelos negros escravizados no Brasil. No início do seculo XX surge o samba no Rio de Janeiro, com toda sua desenvoltura, exuberância e vibração. ARTE E GINGA APRESENTA PÉROLA NEGRA, um espetaculo que retrata a evolução da cultura afro brasileira, mostrando a originalidade do maxixe, do chorinho, até chegar com elegância aos salões de bailes, onde popularmente ficou conhecido como samba de gafieira. A verdadeira Arte e Ginga do samba, que encanta brasileiros e estrangeiros do mundo todo.

Bounceando Ritmos e Resistências | Laborative Dance Company| dança | 4/6 às 14h
Um espetáculo de dança contemporânea que mergulha na linguagem do street dance, reverberando a força do corpo negro em movimento como potência de transformação e ferramenta política. Sob direção de Douglas Felizardo e produção de Fran Berriel, a obra convida o público a uma imersão sensorial, onde o corpo pulsa, reage e propõe novos caminhos. A energia do hip-hop, o legado das danças afro-diaspóricas e a potência da coletividade se entrelaçam para dar forma a uma experiência que é, ao mesmo tempo, dança, ocupação e manifesto.

Wanderson Lemos – “América Negra” Vol. 01 | música | 4/6 às 19h
O cantor e compositor Wanderson Lemos lança América Negra Vol. 01, um trabalho dedicado a homenagear ícones negros. Além de canções originais como: América Negra, Eu sou Luiz Gama, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Muhammad Ali, Versando com Paulo Lins, Zumbi e Besouro, Wilson das Neves, Cruz e Souza e Elza. O show conta também com um lindo momento reservado para homenagear os compositores Gilberto Gil, Djavan, Luiz Melodia e Moacir Santos.

Sessão 2 | Trem do Soul | audiovisual | 4/6 às 14h30
Trem do Soul segue a linha do tempo traçando uma cartografia memorial e afetiva de um movimento jovem, preto e periférico que mexeu com corações, corpos, mentes e até com as fardas na década de 1970 na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Sessão 9 | Sessão de curtas: Icamiabas: Backup do Futuro + Rua Dinorá | audiovisual | 5 e 8/6 às 9h e às 16h
Icamiabas | Depois de perder acidentalmente todas as cópias de sua monografia da faculdade, Laci e as outras Icamiabas usam sua gata-nuvem chamada Nuvenzinha para ir até a Cidade Alta, bairro super tecnológico que flutua nas nuvens e visitar o Tecnomuseu, lugar que guarda todos os backups de tudo que já foi escritos e de tudo que ainda será. Mas quando uma interminável burocracia e fantasmas de dinossauros se interpõem no caminho, as Icamiabas percebem que o backup nem sempre compensa.
Rua Dinorá | Dinorá é uma menina de 10 anos que luta karatê e precisa vender rifas para custear uma viagem para um campeonato. Nesse trajeto, ela descobre a história da sua rua e do seu bairro.

Oficina de Danças Urbanas | Douglas Felizardo | dança | 5/6 às 19h | classificação 14 anos
Na oficina será abordado técnicas de Street dance e Hip Hop, através de um trabalho de base, técnicas, variações coreográficas, exercícios e dinâmicas em conjunto. Inscrições pelo link: https://bit.ly/corponegroindigena2025. Sujeito a limite de vagas.

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