Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
A equipe sub-10 do Flamenguinho Atlético Clube foi campeã da Copa Noroeste em 2019
Sou aficionado por futebol desde criança. Quando meus pais residiram em Porto do Tuta, aos domingos eu me deliciava com as partidas no campo de futebol, que ficava ao lado. Lembro-me dos tios Pedro (Pedrinho), Walter e Acyr, titulares da equipe do Porto do Tuta FC, rival do Paraíba FC.
Nos tempos de garoto, já morando na cidade, jogava as “peladas” no “campo de tênis”, que era localizado num dos morros de Cantagalo. Todas as tardes estávamos lá, praticando o “esporte bretão”, no chão batido da quadra abandonada, mas com dois mastros de ferro, que seguravam a rede para a prática do tênis. Lembro-me do Toneca no gol, fazendo defesas incríveis. Às vezes aparecia por lá o Adrelírio, o “Coronel” para os amigos, um dos melhores craques de futebol que eu conheci, mas que preferiu ser médico ‒ um excelente Doutor. Em tempos sem telas, crianças e adolescente iam praticar os mais diversos esportes, tendo o futebol muito mais aficionados.
Em 1957, publiquei uma revista, nas comemorações do centenário da cidade de Cantagalo, em 2 de outubro, editada pelo Jornal de Rio Bonito, do meu amigo Wilson Kleber. Título: Cidade de Cantagalo. Estudei alguns eventos da história do município para essa edição e encontrei uma foto do Carlos Gomes Futebol Clube, presidido pelo famoso e querido médico, Dr. Carvalho Júnior, pai do meu amigo Júlio (Dr. Júlio de Souza Carvalho), meu brilhante colega de coluna neste JR. Consegui reunir os nomes de nossos craques da época, em uma vitória contra o Bom Jardim FC, por 1 a 0. Quantos descendentes dos integrantes dessa equipe vivem em Cantagalo? Talvez eles tenham histórias para contar. Estou à disposição para ouvi-los.
O futebol em Cantagalo teve fases de relevo, com o Cantagalo e o Flamenguinho em destaque, às vezes, mais o Cantagalo. Apesar de torcer para o Fluminense, o meu time em Cantagalo era o Flamenguinho, há tempos presidido pelo amigo Alexandre Guzzo.
O clube mais antigo em atuação era o Cantagalo, onde se destacaram Zé Vieira e o seu irmão Luiz Vieira, que, felizmente, está entre nós, desfilando a sua elegância de sempre. Muitos outros se destacaram.
No início de 1955 mudei-me para Niterói. Os tempos passaram.
Em 1963, voltei a residir em Cantagalo, para exercer o cargo de secretário da Prefeitura (1963/1966), cedido pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O futebol estava desorganizado. Diversas lideranças na área esportiva lutavam para fazer voltar a funcionar a Liga Cantagalense. O Joel Naegele e eu conseguimos reorganizar a Liga Cantagalense de Futebol, por ele presidida. Ainda vejo o amigo Joel agindo de forma competente e entusiasta para o desenvolvimento da Liga. Nesse período – 1963/1966 -, lembro-me dos vibrantes campeonatos municipais, com a participação das equipes do Paraíba, Boa Sorte, Floresta, Euclidelândia, Flamenguinho, Cantagalo. Os campeonatos eram bem disputados. Nessa época, o Cantagalo profissionalizou parte de sua equipe, com jogadores vindos de fora, como o Osmar, o Aroldo, o Aroldinho. As pratas da casa eram muitas e jogavam no Cantagalo e no Flamenguinho. Lembro-me de alguns: Jorge Farah, Zorro, Bebeto, Pilinho, Carlinhos (Lalau), Levi e muitos outros, que a minha memória não guardou como deveria.
Os tempos passaram novamente. Agora, quando voltei para Cantagalo, vejo, com tristeza, os estádios do Cantagalo e do Flamenguinho vazios, longe, muito longe do que já foram.
O futebol acabou em Cantagalo. Deve ter acontecido o mesmo nas pequenas cidades do interior. O esporte profissionalizou-se ao extremo, com a proliferação das “escolinhas” e os “contratos de gaveta” de agentes ou investidores em crianças e adolescentes. Alguns, nessa fase, já emigraram para a Europa, até com a família.
Com o futebol de salão (futsal) aconteceu a mesma coisa. No período 1963/1966, lembro-me de equipes de peso, como o Júnior, do qual era torcedor, com craques como Bilu, Aluízio Falcão, Bebeto, Paulinho, Zorro, Jorge Farah e muitos outros. Os jogos eram em quadra descoberta, na praça que ficava no início da rua que levava ao Grupo Escolar, onde fica a praça atual. Ela ficava cheia de torcedores e os torneios eram bastante disputados. O futebol de salão, assim como o basquete, entraram em declínio em Cantagalo. E hoje tem até quadra coberta, que leva o nome do grande craque dos velhos tempos ‒ José dos Santos Vieira.
Não tenho mais ilusões nessa área – além de em muitas outras. Creio que não sou saudosista. Mas, os que viveram essas fases de glórias para o esporte em Cantagalo, em especial o futebol, sentem que a juventude que vive em nossa cidade não tem a oportunidade de desenvolver as suas habilidades nesse esporte, como naqueles tempos. Esses jovens talvez estejam jogando futebol eletrônico…
Cantinho da poeta Amélia Thomaz
Receita
Para ser compreendido,
Quem quiser de amor falar,
Deve começar no ouvido,
Porém na boca acabar…
(Extraído do livro Alaúde. Cantagalo, RJ: s/Ed., 1954, p. 7)
Celso Frauches é professor, escritor, pesquisador, ex-secretário Municipal de Cantagalo e consultor Especialista em Legislação