O leite e a seca

Setor muito vulnerável à seca, a produção de leite está pagando um alto preço pela escassez de chuva num período que é conhecido exatamente pela precipitação pluviométrica de grande intensidade.

Os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro estão sofrendo de maneira acentuada nessa época que sempre se caracterizou por pastagens abundantes e de muita lama pelas estradas vicinais. A queda da produção se faz notar em todas as bacias leiteiras, e o risco de faltar água para a higienização de máquinas, equipamentos e os próprios locais onde eles estão instalados já se tornam pesadelos para os dirigentes de laticínios.

No que se refere aos produtores, o sacrifício que sempre passam nos períodos considerados de falta de chuva, agora se estendem para os que deveriam ser chuvosos. As mortes de animais motivadas pela fome representam um forte motivo de maior preocupação, porque aí já se trata de perda de patrimônio.

As cooperativas leiteiras e indústrias particulares que beneficiam e industrializam o leite já se veem às voltas com produção menor, e ainda se assustam com a possibilidade real de dificuldades de terem água em volume suficiente para higienização de seus equipamentos. 

Os prejuízos que se espalham por todo setor, vai demandar, também, uma preocupação maior com os problemas ambientais, de preservação de fontes de água até agora desprezados pela crença que agora morre, de que nunca passaríamos por problemas dessa natureza. Como já estou há muitos anos próximo do setor, não me ocorre que tenhamos passado por crise parecida nos longos anos que exerço atividades nessa área.

Para agravar ainda mais um quadro de extremas dificuldades, todos nós ainda teremos de suportar o encarecimento generalizado de todos os itens que fazem parte dos custos, já que seremos punidos nessa nova política econômica, provocada pela incompetência governamental. Vamos todos ter de pagar as benesses e disparates dos últimos quatro anos do Governo Federal.

*Joel Naegele é vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, conselheiro fiscal do Sebrae-RJ e membro da Câmara Setorial de Agronegócios da Alerj.

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