Superthal e Caravana da Coca-Cola fazem noite mágica em Bom Jardim
Quando me mudei para Cantagalo, em novembro de 2020, o motorista contornou a entrada de Cordeiro e veio pela rodovia São Martinho, que tem início ao lado da antiga fábrica de papel, em frente ao Hospital. Ao longo da estrada, não vi nenhuma placa “Bem-vindo a Cantagalo”. Dias depois, fui à cidade de Cordeiro, passando por Lavrinhas. Também não encontrei, na volta, nenhuma placa de “Bem-vindo a Cantagalo”. Eu estranhei esse fato porque, ao passar pelas cidades depois do Rio de Janeiro, observei placas semelhantes nas divisas dos municípios. Duas Barras, a terra de Martinho da Vila, fez até uma construção muito boa, imponente.
Lavrinhas, que eu conhecia tão bem, ficou na minha memória como o limite com Cordeiro. Quando retorno, décadas depois, encontrei até uma Secretaria de Segurança de Cordeiro nas terras de Cantagalo. Entendi aquilo como audácia imperdoável e não sei por qual motivo o prefeito Guga de Paula não tomou nenhuma providência. O presidente da Câmara de Vereadores, Ciro Fernandes Pinto, por diversas vezes, abordou essa questão na tribuna.
Em 1963, o prefeito do município de Cantagalo–RJ, Henrique Luiz Frauches, tendo em vista a existência de pontos obscuros no limite entre Cantagalo e seus vizinhos limítrofes, contratou o Serviço Geográfico do Exército para a demarcação dos limites deste município com os vizinhos – ao Norte: São Sebastião do Alto e Itaocara; ao Sul: Duas Barras e Carmo; a Leste: Rio Paraíba do Sul; a Oeste: Cordeiro e Macuco. À época, eu exercia as funções de secretário da Prefeitura de Cantagalo e acompanhei de perto todas as tratativas.
Em 1963, o diretor do Serviço Geográfico do Exército (SGE) era o General Admar de Oliveira e Cruz. Ele acertou com o prefeito a demarcação do limite com os municípios vizinhos. Concluído o levantamento, mandaria colocar os marcos nos limites de Cantagalo com seus vizinhos. Esse trabalho de campo foi encerrado em 1964. No início de janeiro de 1967, ao término do mandato do prefeito Frauches, o então diretor do SGE, General Carlos de Moraes, disponibilizou para a Prefeitura o mapa de Cantagalo com as divisas, mas em uma escala inadequada para a impressão, cabendo à Prefeitura providenciar essa atividade final.
Em 1967, a transferência do cargo de prefeito foi em 5 de fevereiro. O referido prefeito não teve como realizar esse trabalho, em virtude de seu mandato terminar ao fim do mês de janeiro de 1967 e da falta de verba específica no orçamento aprovado, no ano anterior, pela Câmara Municipal de Cantagalo. Cabia ao novo prefeito, João Carlos Burguês de Abreu, dar continuidade ao processo, providenciando a redução da escala do mapa para impressão no formato A4. Este ignorou a correspondência do diretor do SGE. Talvez esse mapa, se reduzido para uma escala bem menor, teria economizado aos cofres da Prefeitura os milhões de reais gastos no processo de Macuco contra Cantagalo e agora não haveria dúvidas quanto ao limite entre Cantagalo e Cordeiro.
Quando o vereador Ciro Fernandes, da tribuna da Câmara, abordou a questão, creio que no início deste ano, passei para ele as informações que tinha a respeito da divisão entre Cantagalo e Cordeiro. E sugeri que ele e o prefeito solicitassem uma audiência com o diretor do SGE, em Brasília, no Setor Militar Urbano. Outra opção era buscar nos arquivos da Prefeitura a correspondência acima especificada.
Dias depois, o vereador Ciro Fernandes me comunicou que ele e o prefeito Guga de Paula foram ao Ceperj, no Rio de Janeiro, levando a documentação que comprova o real limite entre essas duas comunas. Lá entenderam que a documentação realmente era substancial. O presidente Ciro Fernandes ignora qual a providência tomada pelo prefeito Guga de Paula.
O médico Dr. João Nicolau Guzzo, no livro O SOBRADO — Memórias e histórias de uma geração…, com prefácio do desembargador Clélio Erthal (Cantagalo, RJ: Ed. Autor, 1998), dedica o capítulo ‘Definição dos limites entre os municípios de Cordeiro e Cantagalo’ para entendermos a real divisa entre os municípios.
Mas isso é assunto para a próxima semana.
NOTA
Limite é usado para designar a separação de dois municípios. Por exemplo: o limite entre Cantagalo e Cordeiro; Divisa é usada para a separação de dois Estados, por exemplo: a divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais; Fronteira é usada para a separação de países, por exemplo: a fronteira entre o Brasil e Paraguai.