O processo do mensalão em pauta

Como todos os brasileiros que leem e procuram entender o que estão lendo sabem, o famoso caso do mensalão teve seu epicentro no primeiro mandato do ex-presidente Lula, quando a sinistra figura de José Dirceu exercia a função de chefe da Casa Civil, de onde comandava, segundo relatório do ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal), “uma quadrilha” que se especializou em assaltar os cofres públicos, através da utilização de uma figura que ficou famosa e conhecida de todos os brasileiros como o principal veículo por onde transitava milhões de reais desviados de maneira criminosa, cujo nome, com licença da má palavra, é Marcos Valério, que ainda há poucos dias esteve preso na Bahia por participar ativamente de negociatas envolvendo grandes empréstimos em bancos oficiais, usando documentação falsa que o tornava proprietário de imensas glebas naquele estado.

Acontece que, como todos já vimos acontecer, as pessoas envolvidas no processo ora sob exame do STF “são privilegiados cidadãos de primeira classe” que, à época das falcatruas amplamente denunciadas, eram deputados e senadores aos quais são assegurados o chamado “foro especial”, ou seja, só podem ser julgados pelo STF que, agora, baseado no extenso e detalhado parecer do relator ministro Joaquim Barbosa, deverá se pronunciar e, esperamos nós, possa condenar e punir todos os participantes dessa vergonhosa e lamentável ocorrência que acrescentou mais mancha na vida pública brasileira.

A preocupação que todos temos é que o processo não pode deixar de ser julgado neste ano de 2012 sob o risco de prescrição que livrará os envolvidos, passando uma borracha nos chamados “mal feitos”, segundo expressão da presidente Dilma Roussef, quando se refere aos praticantes de atos espúrios no exercício de mandatos, cargos e funções de responsabilidade no governo. E esse perigo passou a nos ameaçar quando o ministro Ricardo Lewandowski, também componente do STF, aventou a possibilidade de que o julgamento só possa ocorrer em 2013, criando, assim, a possibilidade da sua extinção por decurso de prazo ou coisa parecida. Felizmente, o relator Joaquim Barbosa imediatamente retrucou que o trabalho já está completo, totalmente digitalizado e, assim sendo, todos os ministros poderão se sentir seguros nos seus votos, que, esperamos, seja pela condenação dos envolvidos.

Basta de impunidade.

 

*Joel Naegele é vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), membro da Câmara Setorial de Agronegócios da Alerj e do Conselho Fiscal do Sebrae-RJ e assessor de Indústria e Comércio da Prefeitura de Cantagalo.

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